CLUBE ATHLETICO PARANAENSE – fundado em 26 de março de 1924

                                      Era uma manhã quente no final do verão de 1924, conversavam em torno da mesa de mármore do café (Café do Commércio), os empresários Arnaldo Siqueira, Joaquim Narciso de Azevedo e Arcésio Guimarães. Trocavam opiniões e queixavam-se das dificuldades para manter as equipes do América e Internacional em atividade. Lá pelas tantas, o sempre bem trajado Arnaldo Siqueira que era diretor do Internacional indagou a Azevedo, que era diretor do América:
-Que tal unirmos os dois e formarmos um clube bem mais forte?
-A idéia é boa. Vou conversar com o Marrecão (José Gonçalves Junior) a respeito.

Pronto, estava nascendo o CLUBE ATHLÉTICO PARANAENSE.

                                    Participaram das negociações da fusão, figuras de destaque na sociedade paranaense, tais como Joaquim Américo Guimarães, seu sobrinho Arcésio Guimarães que veio a ser o primeiro presidente do Rubro-Negro – rubro do América e negro do Internacional – José Gonçalves Junior – o Marrecão-, Hugo Franco da Cunha, Aníbal Carneiro, Ivo Leão, Agostinho de Leão Junior, José Maria Cordeiro de Loyola, Aníbal Requião, Aníbal Requião Filho – o Bimba-, Mateus Boscardin, Davi Antonio da Silva Carneiro Junior, Vasco Coelho, Erasmo Mader, Candido Mader, Raul Carvalho, Heitor Requião, Alcindo Abreu – o Doca-, Oscar Espíndola, Hugo Mader, Heitor Valente, José de Moura Brito, Artur Ferreira, Arnaldo Siqueira – que escreveu a ata de fundação – Francisco Camargo, Tobias Macedo Filho, Nestor Arouca, Euclides Rocha, Affonso Alves de Camargo, Agostinho da Veiga, Algacyr Munhoz Mader, Claro Américo Guimarães, Gastão de Oliveira, Joaquim Narciso de Azevedo, Edgar Stellfeld, Eduardo Virmond Lima, Edgar Albuquerque Maranhão, Wallace de Mello e Silva, José da Motta Ribeiro, Aécio Portes, Jorge Leitner, Ary Correia Lima, José Eurípedes Gonçalves, Luis Feliciano Guimarães, Eugenio Marques Vianna, Haroldo Collin, Lourival Carvalho de Mello, Luiz Leão, Italo Marchesini, José Falcini, João Vieira de Alencar, Leonidas Gonçalves, Albano Espíndola, Leocádio Correia, Alberto Manfredini, Pedro Colares, Amur Amaral e Plinio Carlberg.

                                     Esta conversa deve ter tido uma grande importância na ideia de fundar o Atlético, pois curiosamente Arnaldo Siqueira e Joaquim Narciso Azevedo, o conhecido “Quinzito”, apesar de pertencerem a duas equipes rivais, o Internacional e o América, eram muito amigos e mais tarde viriam a se tornar parentes por afinidade. As irmãs Dulce e Cecília Barreto Pinto se casariam com Arnaldo e Quinzito, respectivamente.

                                    E daquela conversa que aconteceu na pacata Curitiba em 1924 entre Arnaldo L. de Siqueira e Joaquim Narciso de Azevedo, em uma das mesas redondas de mármore do Café do Comércio, que ficava na Rua XV de Novembro, onde algumas pessoas comentavam a morte de Lênin que havia ocorrido dia 21 de janeiro daquele ano. O velho engraxate Pires, estimado por todos os frequentadores, interessou-se pelo bate-papo animado daquela mesa formada por diretores e adeptos do América e do Internacional.

                                   Este havia sido fundado em 1912, por Joaquim Américo. Posteriormente, um grupo se separou do clube alvinegro e fundou o América. Os dois clubes eram os mais fortes e populares da cidade. Para provar isso, basta ver o resultado de uma pesquisa realizada na capital curitibana em 1921, na qual as pessoas votavam em seus clubes de coração:

1° América – 14.107 votos

2° Internacional – 13.503 votos  

3° Coritiba – 7.971 votos.

                                 Capta no ar a palavra fusão e, a partir daí, a cada freguês que chega, espalha a novidade: “Olha, estão tratando da fusão do Internacional e do América. Eu ouvi falar que vai surgir qualquer coisa com o nome de Atlético”. Rapidamente, a notícia se espalha pelas ruas da cidade até que, em 26 de março o fato se concretiza.

                                 Na mesma Rua XV de Novembro, no prédio 416, Arcésio Guimarães (Internacional), primeiro presidente, Joaquim Narciso Azevedo (América), vice-presidente, e mais sete pessoas fundam o Clube Atlético Paranaense e, em ata, tomam as primeiras deliberações, entre as quais definem o uniforme, que será vermelho e preto com listras horizontais, adotando as cores dos uniformes do América (vermelho) e do Internacional (preto e branco com listras verticais). Um mês depois, no dia 20 de abril, a nova camisa rubro-negra faz sua estreia na primeira partida oficial do Atlético, pelo Torneio Início.

                                Nasce ali, no Estádio Joaquim Américo, a grande rivalidade com o Coritiba, primeiro adversário, derrotado por 2×0.  Pouco tempo antes, no dia 6 de abril, ainda vestindo a camisa do Internacional, porque a nova não estava pronta, o Atlético vence o Universal por 4×2, em partida amistosa, a primeira de sua história. Em 1925, segundo ano de sua participação no campeonato, o primeiro título conquistado, numa decisão direta com o Savóia (1×1 e 3×1), time da colônia italiana do bairro da Água Verde.

                                Os torcedores, da fina flor da sociedade curitibana, promovem um verdadeiro carnaval na cidade, com desfile de automóvel pelas ruas, calçadas de paralelepípedos, do centro da cidade.  A festa dura alguns dias, encerrando-se com um grande almoço realizado nos suntuosos salões do Clube Curitibano, em 24 de janeiro de 1926.  O Atlético ficou com a marca do time da raça após um Atletiba em 1933, no qual o Coritiba dominava o campeonato e disputava o título.

                                O Atlético já estava sem chances. Na cidade, a famosa “gripe espanhola” acometeu simplesmente 8 jogadores rubro-negros. Na quarta-feira que antecedia o jogo, o Atlético pediu junto ao coxa a transferência do mesmo. A diretoria reuniu-se e decidiu por não adiá-lo. Os cartolas do Atlético já falavam em entregar os pontos para não sofrer uma grande humilhação.  

                               Mas liderados por jogadores que já haviam pendurado as chuteiras por mais de um ano e por juniores de valor, o Atlético fez uma partida homérica e vence seu maior rival por 2×1. Em 1.949, uma equipe formada na sua maioria por ex-juniores e jogadores do interior entrou para a história do futebol e mudou a concepção tática da época: era o Furacão, que varreu seus adversários sem piedade. Foram 12 jogos, 10 vitórias, 1 empate com 49 gols marcados. Nos Atletibas, 3×1 e 5×2, fácil. A equipe comandada pelo ilustre e saudoso Rui Santos, o Motorzinho tinha como linha de ataque “Neno, Viana, Rui e a dupla Jackson e Cireno”.

                              Os outros jogadores que completavam o “Furacão” de 1949, eram Cordeiro, Caju, Laio, Nilo, Wilson, Sanguinetti, Délcio, Toco, Arruda, Vilanueva, Joaquim, Guará, Perez e Waldir. Tudo começou em janeiro, no torneio triangular “Luiz Leão” – “II Taça Cidade de Curitiba”, disputada pelos três maiorais da capital.

                              Nesse ano, o Atlético celebrava 25 anos de existência. Para deixar a data registrada convidou o Fluminense para um jogo na Baixada, o placar no Estádio Joaquim Américo registrou Atlético 5×2 Fluminense.  Em seguida, o Atlético foi convidado para inaugurar as melhorias no estádio do Clube Atlético Monte Alegre, enfrentou o Corinthians e empatou em 3×3. 

                             E o Atlético Paranaense não parava de crescer. A cada ano que passava, montava um super time, que deixava seus adversários cada vez mais assustado e sua torcida cada vez mais alegre. Exemplo disso foi no ano de 1.954, quando montou um grande time. Outro ano em que o Atlético montou um grande time, foi em 1962, onde tinha o goleiro Caju, e a dupla de ataque Aldir e Valter, que marcaram época no time rubro-negro

                            Em 1967, o Atlético terminou a temporada em último lugar e deveria ser rebaixado no ano seguinte para a Segunda Divisão. A salvação veio com a eleição do presidente Jofre Cabral que iniciou uma campanha contra a Federação. Jofre vai à todos os meios de comunicação para defender os interesses do Clube, o principal argumento é que não poderia ser rebaixado pela sua tradição histórica.

                            Resumindo, a Federação mantém o Atlético na primeira divisão, mas o esforço de Jofre Cabral não foi concluído. Em 2 de junho de 1968, numa partida contra o Paraná em Londrina, no Estádio Vitorino Gonçalves Dias, seu time perdia de 3×2 e o coração rubro-negro não resistiu, morreu no estádio vítima de infarto.

                            No ano de 1970, o Atlético Paranaense sagrou-se campeão estadual, tendo no elenco dois jogadores que disputaram a Copa do Mundo de 1958, estavam jogando no Atlético, ou seja, Djalma Santos e Bellini, sendo que Djalma também disputou a Copa de 62 no Chile, sagrando-se Bi-Campeão Mundial.

                            Na década de 80, o Atlético voltou a colecionar títulos e boas participações em campeonatos nacionais. O campeonato de 1982 foi encerrado em outubro, pois o Atlético venceu os três turnos perdendo apenas 2 partidas. Teve o ataque mais positivo e os três principais artilheiros: Washington, Assis e Lino.

                           Em 1983, ficou entre os três melhores times do Brasil e teve em seu elenco o melhor jogador do Campeonato Brasileiro, o goleiro Roberto Costa. Chegou a semi-final e perdeu para o Flamengo deixando escapar a chance de ser pelo menos vice-campeão. Nesse ano, o Atlético perdeu seus maiores ídolos, Washington e Assis.

                           A grande virada na história do Atlético, entretanto, aconteceu em 1.995. Foi o momento em que o clube teve que escolher entre crescer ou permanecer como time de segunda divisão. Escolheu crescer. Subiu para a primeira divisão do futebol brasileiro, modernizou seu escudo, demoliu seu velho estádio e lançou uma campanha que devolveu o orgulho ao torcedor atleticano.

                           Nos anos seguintes, o Atlético construiu seu centro de treinamentos e começou a revelar craques. Também construiu a Arena, o mais moderno estádio de futebol da América Latina. Dessa forma colocou-se, para sempre, entre os maiores clubes de futebol do Brasil.

                           No dia 24 de junho de 1999 foi inaugurada a Arena da Baixada. Foi concebido dentro do que há de mais avançado no mundo e está rigorosamente de acordo com todas as normas da FIFA.  A Arena também funciona como um centro integrado de serviços, entretenimento e lazer, com estrutura para receber grandes eventos. A capacidade da Arena é de 32.000 pessoas sentadas. Entretanto, foi projetada para receber até 51.000 pessoas, todas sentadas, quando for concluída a segunda etapa da obra.

                           No ano 2000, o Clube Atlético Paranaense teve sua camisa escolhida para ser lacrada na cápsula do tempo do jornal The New York Times, que só será aberta no ano 3000. A conquista trouxe afirmação nacional e internacional ao clube e eternizou o maior símbolo da paixão rubro-negra. O maior resultado dos esforços realizados pelo Atlético desde 1995 aconteceu sem dúvida em 2001.

                           O Clube Atlético Paranaense foi o Campeão Brasileiro. O time teve a melhor campanha do campeonato, deixando orgulhosos os seus milhares de torcedores. O campeonato foi um retrato fiel da história do Atlético. Muitos gols e grandes vitórias. O futebol praticado pelo clube foi a essência do futebol brasileiro. Traduziu a alma da enorme torcida rubro-negra, sempre pra frente, corajosa e empolgante.

                           O Campeonato Brasileiro de 2001 provou que o futuro pertence ao Clube Atlético Paranaense e a essa paixão eterna. Em 2002, o Clube Atlético Paranaense teve um de seus jogadores na Copa do Mundo, Kléberson teve a oportunidade de mostrar todo seu talento adquirido no Clube e Centro de Treinamento do Atlético tornando-se um pentacampeão. E no ano de 2002, o Atlético também sagrou-se Campeão Estadual.

                           Às vésperas da decisão da Copa Sul-Americana de 2018, contra o Junior Barranquilla, o Atlético-PR surpreendeu com o anúncio da mudança de nome, do escudo e do uniforme. 

                           Em cerimônia realizada na Arena da Baixada, em Curitiba, o presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, lançou a nova identidade visual do clube, que passa a se chamar “Club Athletico Paranaense”, ganhando a letra “H” e perdendo o acento agudo na letra “E”.

                           Segundo o dirigente, o nome é uma volta à origem do utilizado na fundação do clube, em 1924, e uma maneira de diferenciá-lo do Atlético Mineiro. “Nossa proposta também é resgatar o passado. Começamos como Club Athletico. Temos também que assumir que o Atlético é o Atlético Mineiro. Queremos resgatar o nosso nome de registro. Na nossa caminhada mudamos, mas não há nenhum registro dessa mudança”, explicou o presidente do clube.

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