LUIZINHO: brilhou no São Paulo e no Palestra Itália

                   Luiz Mesquita de Oliveira nasceu dia 29 de março de 1911, na cidade do Rio de Janeiro. Fez parte do primeiro elenco do São Paulo, onde ficou entre 1930 até 1934. Após a extinção deste clube, que na época chamava-se São Paulo da Floresta, foi atuar pelo Clube Atlético Estudantes de São Paulo (clube criado por antigos membros do São Paulo) em 1935, inclusive com o status de jogador da Seleção Brasileira, pois Luizinho havia sido convocado para disputar a Copa do Mundo de 1930, no Uruguai.

                   Em 1936 foi jogar no Palestra Itália, onde ficou até 1940, sendo que neste período foi convocado novamente para defender nossa seleção, desta vez para disputar a Copa do Mundo de 1938, na Argentina. Em 1941 voltou a vestir a camisa do Tricolor, onde ficou até 1946 e neste período sagrou-se campeão paulista em 1943, 1945 e 1946. No campeonato de 1944 ele não ficou campeão, mas foi o artilheiro da competição com 22 gols. Foi considerado o melhor ponta direita da década de 30. Era um ponta veloz e tinha um cruzamento preciso.

PAULISTANO

                   Luizinho começou sua carreira no Anglo-Brasileiro, um pequeno clube de São Paulo. Depois foi jogar no Clube Atlético Paulistano, ao lado do extraordinário Friedenreich. Após ser campeão do último campeonato que disputou, o Paulistão de 1929, o time do Paulistano fez sua derradeira apresentação em 15 de dezembro de 1929. Em seu pequeno campo, o Estádio Jardim América, com bom público no dia, o alvirubro fez uma grande partida, impondo um 6×1 sobre o Antarctica Futebol Clube. Sua última formação fôra: Nestor, Clodô, e Bartô; Romeu, Rueda e Abate; Luizinho, Joãozinho, Friedenreich, Milton e Zuanella. Em 1930, os clubes da Liga reuniram-se para discutir a dissolução da entidade.

                   Para o Paulistano, não havia o que discutir, não havia mais o que fazer para tentar moralizar o esporte em São Paulo. O Clube queria manter sua tradição amadorística, mas o profissionalismo caminhava a passos largos. O Clube Atlético Paulistano anunciou então, sua decisão: “Futebol, no Paulistano, é capítulo encerrado. Os jogadores poderão inscrever-se em outros times, continuando como sócios do Clube”. Terminava, assim, a história do futebol profissionalizante no Paulistano e nascia o São Paulo da Floresta.

SÃO PAULO DA FLORESTA

               Em seu primeiro ano de fundação, o clube conquistava o título paulista. A decisão foi contra o Palestra Itália no dia 7 de dezembro de 1931. O jogo terminou com uma goleada de 4 a 0. Detalhe interessante é que o São Paulo jogou esta partida desfalcado do atacante Siri, e o seu substituto, Armandinho, foi autor de três gols. Neste dia o Tricolor jogou com; Joãozinho, Armandinho, Bartô, Bino, Araken, Clodô, Friedenreich, Luizinho, Sarno, Milton e Junqueirinha. Naquele Campeonato Paulista, Friedenreich marcaria em 26 jogos 32 dos 92 gols marcados pelo time. Devido a inúmeros problemas, o clube encerrou suas atividades em 14 de maio de 1935.

                Seus torcedores ficaram inconformados com aquela ideia, pois já havia até comemorado um título paulista, o de 1931. O inconformismo tomou conta de muitos jovens são-paulinos que reagiram energicamente contra a extinção do clube. Assim, na noite de 16 de dezembro de 1935 e, às 22:00 horas, fundaram, ou melhor, oficializaram o ressurgimento do time como São Paulo Futebol Clube, mantendo a princípio todos os jogadores que haviam ficado no clube, e também mantendo o distintivo e a camisa originais. Luizinho foi um dos jogadores que não permaneceu no clube e foi jogar no Palestra Itália.

PALESTRA ITÁLIA

                 Luizinho chegou ao Parque Antarctica em 1936 e já no primeiro ano de clube, sagrou-se campeão paulista. Pelo regulamento do campeonato, os campeões do primeiro e segundo turno teriam que se enfrentar em uma final. O campeão do primeiro turno foi o Corinthians, enquanto o campeão do segundo foi o Palestra Itália. Como o campeonato se estendeu até o final de 1936, o primeiro jogo da final aconteceu em 25 de abril e o Palestra Itália venceu por 1×0, mas no segundo jogo, no dia 2 de maio, o Corinthians empatou em 0 a 0, forçando a realização de um terceiro jogo, pois eram necessários quatro pontos (naquela época uma vitória valia 2 pontos) que terminou com vitória do Palestra Itália por 2 a 1 e com isto venceu o campeonato.

               Pelo alviverde, Luizinho voltou a ser campeão paulista em 1940. A partida decisiva, infelizmente, foi envolvida num escândalo. O Palestra enfrentaria o São Paulo, fora da briga pela taça (terminaria em 6° lugar). Antes do jogo, o atacante Paulo do Tricolor acusou o jogador Sídnei do Verdão de lhe oferecer 3 contos de réis, a mando do dirigente Higino Pellegrini, para que entregasse o jogo. Sídnei acabou suspenso por tempo indeterminado, e o Palestra foi campeão com um inquestionável 4 a 1 sobre o Tricolor. Este jogo aconteceu dia 8 de dezembro de 1940. O time alviverde daquele ano era formado por; Gijo, Camera e Begliomini; Carlos, Oliveira e Del Nero; Luizinho, Canhoto, Echevarrieta, Lima e Pipi. O técnico e Caetano de Domênico. Com a camisa do Palestra Itália, Luizinho disputou 163 partidas. Venceu 110, empatou 31 e perdeu 22. Marcou 123 gols.

SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE

               Luizinho chegou ao Tricolor em 1941, mas o sucesso chegaria somente em 1943, quando conquistaria o título paulista. O São Paulo tinha um ataque simplesmente sensacional, Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Padal. Essa linha de frente, foi uma das mais fortes de toda a história, marcou 63 gols em 20 jogos, com 15 vitórias, 3 empates e apenas 2 derrotas. A final foi contra o Palmeiras, o jogo terminou 0x0 e garantiu o primeiro título Paulista ao Tricolor, na época ainda que seu estádio era o Canindé. O time que sagrou-se campeão foi; King, Zarzur, Piolim, Virgilio, Zezé Procópio, Noronha, Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva, Remo e Pardal.

               Dois anos depois, a torcida tricolor voltava a soltar o grito de campeão. O São Paulo ganhou com alguma facilidade o título de 1945, sem receber grande ameaça de seus principais concorrentes, Corinthians e Palmeiras. Acontece que o esquadrão de Leônidas da Silva, Sastre, Bauer e Luizinho era o melhor time do estado aplicando em seu auge uma goleada histórica no Jabaquara Atlético Clube por 12 a 1, com 4 gols de Leônidas da Silva, 4 de Remo Januzzi, 3 de Teixeirinha e um de Bárrios. Garantiu o título na antepenúltima rodada, com uma suada vitória sobre o Ypiranga por 3 x 2, já que o adversário ficou na frente do placar por 2 vezes. Porém um empate lhe bastaria para a conquista. O gols do Tricolor foram anotados por Luizinho (2) e Leônidas da Silva.

               No ano seguinte veio o bicampeonato. O São Paulo ganhou esse título de maneira invicta, mas a luta foi mais árdua do que no ano anterior, já que o Corinthians ficou no páreo o tempo todo. Na sexta rodada, São Paulo e Corinthians se enfrentaram depois de obterem 5 vitórias cada e neste jogo deu São Paulo 2×1. Quando chegou na última rodada, o São Paulo estava um ponto na frente no Corinthians. O alvinegro iria fazer um jogo considerado fácil, mas o São Paulo iria enfrentar o Palmeiras, sendo assim, o título poderia ir para o Parque São Jorge. Este jogo entre São Paulo e Palmeiras aconteceu dia 10 de novembro de 1946 e foi disputado no Pacaembu.  Neste dia o São Paulo jogou com; Gijo, Piolin, e Armando Renganeschi, Rui, Bauer e Noronha; Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva, Remo Januzzi e Teixeirinha. O Técnico foi Joreca.

                 Foi um jogo dramático, com muitas confusões. O zagueiro são paulino Renganeschi acabou se contundindo, e, como não havia substituições na época, ele foi posicionado na ponta esquerda do ataque Tricolor. Ironicamente foi o zagueiro que, mesmo mancando, teve forças para empurrar pro gol uma bola que havia acabado de explodir na trave. A vitória por 1 a 0 garantiu o título para o São Paulo, seu único Paulistão invicto até o momento.

               Como dissemos, foi um jogo com muitas confusões. Luizinho era um jogador que fazia muita guerra de nervos, tudo para descontrolar os adversários. Dava cotoveladas, jogava areia nos olhos do goleiro, enfim, era um jogador terrível e de muitas malícias. E neste jogo contra o Palmeiras não foi diferente. Conseguiu irritar quase todo o time alviverde, principalmente o goleiro Oberdã Catani, os zagueiros Viladôniga e Og Moreira. O juiz da partida teve muito trabalho e acabou expulsando de campo, Luizinho e Remo do São Paulo e Viladôniga e Og Moreira do Palmeiras. Com a camisa do São Paulo, Luizinho disputou 135 jogos. Venceu 88, empatou 25 e perdeu 22. Marcou 96 gols.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Luizinho disputou a Copa de 1934, onde o Brasil fez somente uma partida e foi eliminado pela Espanha por 3 a 1. Neste dia 27 de maio de 1934 o Brasil jogou com; Pedrosa, Sylvio Hoffman, Luiz Luz; Tinoco, Martim, Canalli; Luizinho, Waldemar de Brito, Armandinho, Leônidas, Patesko. Na Copa de 1938, Luizinho estava novamente defendendo nossa seleção. Jogou na vitória contra a Checoslováquia por 2 a 1 e no jogo em que perdemos para a Itália por 2 a 1 e fomos eliminados. Neste dia 16 de junho de 1938, o Brasil jogou com; Walter; Domingos, Machado; Zezé Procópio, Martim, Afonsinho; Lopes, Luizinho, Perácio, Romeu, Patesko. Com a camisa da seleção, Luizinho disputou 18 jogos. Venceu 8, empatou 6 e perdeu 4. Marcou 5 gols. Ao encerrar a carreira de jogador de futebol, Luizinho formou-se advogado e passou a ser chamado por Dr. Luiz Mesquita, que veio a falecer em 27 de dezembro de 1983.

Em pé: Piolim, Rui, Virgílio, Bauer, Alfredo Ramos e Gijo   –    Agachados: Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva, Anito e Teixeirinha
1946   –   Em pé: Paulo Machado de Carvalho, então diretor, Rui, Bauer, Piolim, Gijo, Reganeschi, Noronha e o treinador Joreca   –    Agachados: Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva, Remo e Teixeirinha
Em pé: Piolim, Zarzur, Renganeschi, Rui, Bauer e Gijo     –    Agachados: Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva, Remo e Teixeirinha
Em pé: Luizinho, Leônidas da Silva, King, Virgílio, Silva e Noronha  –  Agachados: Piolim, Waldemar de Brito, Lola, Remo e Pardal
Campeão Paulista de 1931   –   Da esquerda para a direita: Armandinho, Barthô, Bino, Araken, Clodô, Friedenreich, Luizinho, Sasso, Milton e Junqueira   –   Agachado: Joãozinho
Palestra Itália campeão paulista de 1940  –   Da esquerda para a direita:  Luizinho, Lima, Pipi, Carlos, Canhoto, Del Nero, Oliveira, Junqueira, Etchevarrieta, Carnera e o goleiro Gijo
1943   –   Em pé: Zarzur, Piolim, Virgílio, King, Zezé Procópio e Noronha   –    Agachados: Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva , Remo e Pardal
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