ADEMAR PANTERA: brilhou no Palmeiras, Flamengo e Fluminense

                   Ademar Miranda Junior nasceu dia 31 de outubro de 1941, na cidade de São Paulo. Dentro do futebol era conhecido por todos como “Ademar Pantera”, apelido este que o acompanhou durante toda a carreira. Poucas vezes um apelido fez tanta justiça a um jogador de futebol quanto o que o atacante Ademar recebeu ainda nos seus tempos de Prudentina, equipe do interior paulista que revelou para o mundo a impetuosidade e a força física extraordinária deste jogador. Estava sempre em busca do gol, lutava por ele como uma pantera luta pela sua comida. Se dentro de campo era mesmo uma fera, fora dele tratava-se de uma pessoa super dócil, afeita a muitos amigos e também às noitadas. Por causa disso, não teve uma carreira tão brilhante quanto poderia ser, pois foram inúmeras as desavenças que teve com técnicos e dirigentes. Alem disso, tinha muita facilidade em engordar, e isto fazia com que muitas vezes ficasse deprimido e triste, pois vivia brigando com a balança.

PRUDENTINA

                 Começou jogando na várzea de Presidente Prudente, interior de São Paulo. Depois fez um teste na Prudentina, um time que disputava na época a terceira divisão do futebol paulista em 1960. E já naquele ano ajudou a equipe conquistar o acesso para a segunda divisão e assim foi também em 1961, quando a equipe subiu para a primeira divisão do Campeonato Paulista. Esta grande conquista para aquele pequeno clube, aconteceu no dia 5 de novembro de 1961, quando a Prudentina jogou com a Ponte Preta em pleno Pacaembu. Era uma época dourada do futebol, principalmente para os times do interior. Todas as finais para decidir quem subiria para a divisão de elite do futebol paulista, eram disputadas no Pacaembu, que ficava lotado, pois recebia inúmeras caravanas que vinham de longe para torcer por sua equipe. E não foi diferente com as torcidas de Prudentina e Ponte Preta. No tempo normal a Ponte Preta venceu por 3 a 2, no entanto, como a equipe de Presidente Prudente já havia ganho o primeiro jogo, houve necessidade de uma prorrogação de 15 por 15.

                O árbitro da partida foi Olten Ayres de Abreu, que deu início àquela prorrogação, da qual sairia o novo integrante da primeira divisão do futebol paulista. E não deu outra, a Prudentina fez 2 a 0 com gols de Reginaldo e Ademar Pantera e conquistou a tão sonhada vaga. Neste dia a Prudentina jogou com; Glauco, Vicente, Fernandinho, Celso Payane e Roberto; Mauri e Valter; Reginaldo, Ademar Pantera, Cláudio Garcia e Tomaz. Foi uma grande festa na cidade, pois estava realizando um sonho de muitos anos. No entanto, alguns diretores achavam que o clube não deveria participar do campeonato, pois achavam que o time seria humilhado, no entanto, de 15 clubes participantes, a Prudentina ficou em 8º lugar. Sua estréia no Campeonato Paulista de 1962, aconteceu no dia 8 de julho, no Estádio Félix Marcondes, em Presidente Prudente, quando enfrentou o Comercial de Ribeirão Preto e o jogo terminou empatado em 0 a 0. Infelizmente por motivos financeiros, em 1967, após seu rebaixamento, o clube desativou o departamento profissional e nunca mais retornou às disputas organizadas pela Federação Paulista de Futebol.

PALMEIRAS       

               Devido aos inúmeros gols que marcou pelo time do interior e também pela sua garra e determinação, Ademar foi contratado junto ao Palmeiras. Sua estréia aconteceu dia 3 de maio de 1964, quando alviverde perdeu para o Botafogo do Rio de Janeiro por 4 a 3 pelo Torneio Rio-São Paulo daquele ano. O jogo foi no Pacaembu. Neste jogo Ademar começou no banco de reservas, pois tinha vários concorrentes em sua posição.  Ademar Pantera entrou no decorrer do complicado clássico interestadual, no qual o Verdão começou perdendo, conseguiu a virada, cedeu o empate, permitiu que o clube carioca passasse à frente do placar, mais uma vez chegou à igualdade, mas, já nos acréscimos, tomou o quarto e definitivo gol.

               Mas a derrota não foi para um time qualquer: apesar de não mais contar com craques como Didi e Nilton Santos, o time da Estrela Solitária ainda tinha jogadores importantes em seu elenco, como o goleiro Manga, o lateral-esquerdo Rildo e os pontas Garrincha e Zagallo. Isso sem contar os garotos que apenas começavam suas carreiras, mas que se tornariam dois dos maiores craques de toda a história do futebol brasileiro: o meia Gérson e o atacante Jairzinho.  Não à toa, o Botafogo/RJ se sagrou campeão daquela competição, pois tinha um time maravilhoso; Manga, Joel, Zé Maria, Zé Carlos e Rildo; Quarentinha e Gerson; Garrincha, Arlindo, Jairzinho e Zagallo.

                Em 1965, Ademar atuou em uma das principais formações da história do Palmeiras, carinhosamente chamada de Academia. No alviverde, faturou o Torneio Rio-São Paulo e ainda foi o artilheiro da competição. Naquele ano o Palmeiras tinha uma verdadeira máquina de jogar futebol. Este ano de 1965, o Palmeiras era tão forte, que na inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, tivemos uma partida entre Brasil e Uruguai. No entanto, quem representou o Brasil naquele jogo, foi o Palmeiras, cujos jogadores vestiram a camisa da Seleção Brasileira no dia 7 de setembro de 1965. Foi um verdadeiro show de bola e assim, derrotaram a seleção uruguaia por 3 a 0, gols de Tupãzinho, Rinaldo e Germano. Neste dia o técnico Filpo Nuñes mandou a campo os seguintes jogadores; Valdir de Moraes (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina (Procópio) e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Julinho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo (Dario). O jogo foi visto por 96.669 pessoas, que aplaudiram com muito entusiasmo aqueles jogadores que honraram a camisa da seleção canarinho.

               No ano de 1966 por pouco Ademar Pantera não foi convocado para a Copa do Mundo da Inglaterra. O que tirou o centroavante do Mundial foi a fratura de sua perna direita durante um jogo entre Palmeiras e Botafogo de Ribeirão Preto. Ele sofreu a contusão após disputar uma jogada com o zagueiro Baldochi, que estava começando a sua carreira no tradicional clube de Ribeirão Preto. Ademar estava inclusive relacionado entre os 47 jogadores que o técnico Vicente Feola convocou, mas aquela contusão o tirou definitivamente da nossa seleção.

              Ademar Pantera jogou no Palmeiras até 1967, quando foi para o Flamengo, mas sempre frisou que a maioria dos seus gols deve a Servilio, que preparava as jogadas para a sua conclusão. Sua última partida com a camisa alviverde aconteceu dia 10 de abril de 1967, quando o Palmeiras perdeu para a Portuguesa de Desportos por 3 a 2 pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Não tivesse sido contemporâneo de gênios como César Maluco e Tupãzinho, certamente Ademar Pantera teria feito muito mais gols e ganhado bem mais títulos pelo Palmeiras. Porém, disputando a posição ora com um, ora com outro, este sensacional centroavante acabou sendo prejudicado e, embora tenha marcado 82 gols pelo Verdão, não tem por parte de alguns o devido reconhecimento. Durante os três anos que ficou no Parque Antarctica disputou 133 partidas, sendo 80 vitórias, 23 empates e 30 derrotas.

FLAMENGO

               Depois de alguns desentendimentos com a direção do Palmeiras, devido as suas noitadas, foi emprestado ao Flamengo, onde tornou-se artilheiro do Torneio Rio-São Paulo ao lado do palmeirense César. Aliás, terminar um torneio na condição de seu máximo goleador era algo comum a Pantera: em 1965, esteve nesta condição ao marcar 14 gols no Torneio Rio-São Paulo, do qual foi também campeão.  Sua estréia aconteceu dia 15 de fevereiro de 1968, quando o Flamengo venceu o Defele do Distrito Federal por 4 a 0, num jogo amistoso realizado em Brasília. Mas não ficou muito tempo no Mengão, no ano seguinte estava de volta ao Palmeiras, onde fez apenas algumas partidas, pois foi vendido em definitivo ao Fluminense. Com a camisa rubro-negra, Ademar disputou 44 jogos. Venceu 11, empatou 10 e perdeu 23. Marcou 30 gols.

FINAL DE CARREIRA

               Em 1968 foi jogar no Fluminense carioca, que naquela época tinha um grande time; Felix, Oliveira, Galhardo, Osmar e Assis; Denilson, Suingue e Samarone; Edu, Ademar Pantera e Lula. No entanto, também não ficou por muito tempo e logo foi jogar no Paraná, defendendo as cores do Coritiba e logo em seguida foi jogar no Uberaba de Minas Gerais, mas nunca mais foi o mesmo de antes. E foi por lá que encerrou sua brilhante carreira. Após parar com o futebol, Ademar tornou-se motorista de táxi em São Paulo, mas aos poucos, os primeiros sinais de uma rara doença degenerativa nos músculos começaram a aparecer. Foi internado no Hospital Sírio Libanês, onde veio a falecer no dia 30 de novembro de 2001, após lutar alguns anos contra uma doença que amolece todos os músculos do corpo. Chegou ainda a trabalhar em escolinhas de futebol da Prefeitura de São Paulo. Flamenguista de coração, Ademar Pantera morreu guardando mágoa dos cartolas palmeirenses, que, segundo ele, nunca manifestaram interesse em ajudá-lo. Morreu com apenas 60 anos e quase esquecido numa casa simples de Pirituba, Zona Oeste de São Paulo. Ademar Pantera faleceu no dia 30 de novembro de 2001 no Hospital Sírio Libanês, após lutar alguns anos contra uma doença degenerativa nos músculos do corpo.

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Minuca, Djalma Dias, Zéquinha e Ferrari    –    Agachados: Gallardo, Ademar Pantera, Servilio, Ademir da Guia e Rinaldo
Em pé: Djalma Santos, Tarciso, Djalma Dias, Dudu, Oreco e Aguinaldo   –   Agachados: Garrincha, Paulo Borges, Ademar Pantera, Lance e Bozó
Em pé: Rubens Caetano, Valdir, Tarciso, Djalma Dias, Dudu e Ferrari    –   Agachados: Julinho, Ademar Pantera, Picolé, Ademir da Guia e Tupãzinho
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Tarciso, Djalma Dias, Ferrari e Zéquinha    –   Agachados: Ademar Pantera, Servilio, Tupãzinho, Ademir da Guia e Nilo
PRUDENTINA  –  Em pé: Jorginho, Vicente, Fernandinho, Celso, Mauri e Glauco    –   Agachados: Tomás, Ademar Pantera, Cláudio, Rubens e Diogo
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Procópio, Djalma Dias, Zéquinha e Ferrari    –   Agachados: Jairzinho, Ademar Pantera, Servilio, Dudu e Rinaldo
SELEÇÃO  PAULISTA   –   Em pé: Djalma Santos, Lima, Dias, Clóvis, Ditão e Suly    –   Agachados: Dorval, Prado, Ademar Pantera, Nair e Rinaldo

 

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