ZECÃO: campeão paulista pela Portuguesa de Desportos em 1973

                 José Carlos Picini nasceu dia 15 de maio de 1949, na cidade de Sorocaba (SP).  Assim foi o início da trajetória esportiva de Zecão, como era conhecido nos meios futebolísticos; Ele dava um duro danado como funcionário da Companhia Nacional de Estamparias, uma empresa muito conhecida na cidade de Sorocaba.

                 Ganhava pouco é verdade, mas o modesto salário de 300 cruzeiros mensais era uma fonte garantida de sustento. Pés no chão, Zecão não alimentava qualquer ilusão de vencer no futebol, embora fosse aos poucos tomando gosto pela coisa.

                  Depois de muita insistência dos companheiros de departamento, Zecão aceitou jogar pelo Fortaleza, o badalado time da fábrica que aos domingos movimentava a rapaziada da empresa. Grandão e com mãos enormes, Zecão foi construindo fama como goleiro, ainda que em seu íntimo, a bola era apenas um entretenimento. Até que em 1969, um convite do Esporte Clube São Bento mudaria completamente sua rotina de vida.

                  Com medo de perder o emprego, o jovem goleiro inicialmente recusou o convite do São Bento. Contudo, os representantes do clube “martelaram” bastante, ao ponto de concordar em pagar o mesmo valor que Zecão recebia na fábrica.

                  Como não precisava mudar de cidade e também não teria nenhum prejuízo nos bolsos, Zecão concordou em assinar o tal “Contrato de Gaveta”. Em 1972 já era o titular da posição e fazia sucesso pelos gramados do interior paulista.

                  Abaixo, uma das grandes participações de Zecão pelo São Bento. Em tarde de Pacaembu lotado, Corinthians tentou de tudo e a Fiel Torcida empurrou o time, mas o espigado Zecão pegou tudo e manteve o bom resultado:

                   2 de setembro de 1972 – Campeonato paulista – Segundo turno – Corinthians  1×1 São Bento – Estádio do Pacaembu – Árbitro: Vilmar Serra – Gols: Vanderlei aos 18’ para o São Bento; Paulo Borges para o Corinthians aos 44’ do primeiro tempo.

                  Corinthians: Sídnei; Zé Maria, Baldochi, Luis Carlos e Pedrinho; Dirceu Alves e Rivellino; Vaguinho, Paulo Borges (Carlos Alberto), Lance e Aladim. São Bento: Zecão; Aranha, Mendes, Clodoaldo e Maciel; Gonçalves e Hertz; Copeu, Tuca, Vanderlei e Bozó.

                  No findar do mês de fevereiro de 1973, o treinador Cilinho, então na Portuguesa de Desportos, solicitou um esforço especial dos diretores para a contratação de Zecão. Assim, por 30 mil cruzeiros, o empréstimo foi fixado em seis meses.

                   Dessa forma, Zecão foi apresentado no time do Canindé, com um ambiente bem diferente do que esperava encontrar. Cilinho não estava mais no clube e para piorar, Julinho Botelho também deixou o cargo depois de algumas partidas.

                   Foi então que os dirigentes da Portuguesa de Desportos decidiram investir alto na contratação do experiente técnico Otto Glória. Reservado e aplicado nos treinamentos, Zecão foi pavimentando aos poucos o seu lugar como titular. Campeão da Taça Cidade de São Paulo em 1973, seu desempenho cresceu mais do que o esperado.

                    Em setembro de 1973, com o término do período de empréstimo, os cofres do São Bento receberam mais 120 mil cruzeiros e o promissor goleiro Zecão ficou em definitivo na Lusa do Canindé.

                    Campeão paulista de 1973, na famosa partida que ficou marcada pelo erro do árbitro Armando Marques na contagem das penalidades, Zecão cumpriu uma missão que parecia escrita pelo destino. Todavia, uma fase de instabilidade mudou tudo. Apesar de cogitado para servir o escrete e conseguir seu tão sonhado automóvel Opala, Zecão caiu de produção e Waldir Peres foi substituir Wendell na Seleção Brasileira em 1974.

                    A inconstância da equipe e o grave problema de saúde do pai, provavelmente os motivos que colocaram Zecão em um processo que mais tarde abreviou a sua permanência na Portuguesa.

                    Passada essa tormenta, Zecão disputou mais uma final de campeonato paulista diante do São Paulo em 1975. Nas penalidades, o São Paulo venceu por 3×0 e ficou com o título. Os gols do São Paulo foram marcados por Chicão, Pedro Rocha e Serginho. Pela Portuguesa os cobradores foram Dicá, Tatá e Wilsinho, que desperdiçaram suas cobranças na catimba do goleiro Waldir Peres.

                     Zecão permaneceu nas fileiras da Portuguesa até o início da temporada de 1976. Problemas com membros da comissão técnica e do corpo diretivo colocaram seu passe nas mãos do América do Rio de Janeiro. A negociação com o clube carioca rendeu aos cofres da Portuguesa de Desportos 400 mil cruzeiros. Mas especialmente para Zecão, a transferência representou uma possibilidade concreta de recomeço.

                     Com um compromisso estabelecido em 18 meses e um salário mensal de 12 mil cruzeiros, além dos 60 mil cruzeiros referentes aos 15% de direito, Zecão estava feliz por deixar o Canindé. Na continuidade de sua carreira, Zecão também jogou pelo Marília Atlético Clube (SP) e pelo Operário Futebol Clube (MS), até encerrar a sua caminhada no futebol em 1980.

                     Longe dos gramados, o ex-goleiro montou uma agência de automóveis. José Carlos Picini, o Zecão, faleceu em Sorocaba (SP), no dia 16 de abril de 2020.

Em pé: Pescuma, Badeco, Zecão, Calegari, Cardoso e Santos     –     Agachados: Xaxá, Tatá, Cabinho, Basílio e Wilsinho
Em pé: Mendes, Zecão, Badeco, Calegari, Santos e Cardoso      –    Agachados: Antonio Carlos, Enéas, Tatá, Dicá e Wilsinho
Em pé: Cardoso, Santos, Calegari, Badeco, Mendes e Zecão  –   Agachados:  Antônio Carlos, Dicá, Tatá, Adailton e Xaxá
Em pé: Mendes, Zecão, Badeco, Calegari, Santos e Cardoso   –     Agachados: Antonio Carlos, Enéas, Tatá, Dicá e Wilsinho
Campeã Paulista de 1973 – Em pé: Pescuma, Zecão, Badeco, Isidoro, Calegari e Cardoso     –     Agachados: Xaxá, Enéas, Cabinho, Basílio e Wilsinho
Em pé: Cardoso, Calegari, Isidoro, Zecão, Badeco e Pescuma    –     Agachados: Xaxá, Tatá, Cabinho, Basílio e Wilsinho

 

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