RAUL TABAJARA: um nome expressivo nas transmissões esportivas

                  Raul Tabajara, grande locutor esportivo brasileiro, nasceu na cidade de Jaboticabal, no dia 20 de setembro de 1918. Foi um dos nomes mais expressivos das transmissões esportivas, tanto no rádio como na televisão, nas décadas de 50, 60 e 70. Ele era filho da atriz cômica Violeta Ferraz, que fez muito sucesso nas chanchadas da Atlântida Cinematográfica nos anos 50, ao lado dos comediantes Oscarito e Zé Trindade. Começou sua carreira profissional em 1938, na  cidade  de Ribeirão Preto, na PRA-7 aos 21 anos como locutor. Raul foi locutor esportivo e também repórter de campo no inicio dos anos 1950 na rádio Pan-Americana. Quem ia ao Pacaembu o via sentado num banquinho com microfone na mão dando o recado nas transmissões de Pedro Luiz.

                  Seus estudos ele fez em sua cidade natal. Mas Ribeirão já era uma cidade bem maior e mais progressista e para trabalhar, para lá ele se transferiu. E isso só até 1952, quando foi direto para a capital paulista e entrou na Rádio e  posteriormente na Televisão Record, que sempre foi uma emissora muito ligada ao esporte. Quando veio a TV Record em 1953, ele foi guindado a transmitir as partidas ao lado de Paulo Planet Buarque. Tabajara praticamente conversava com o telespectador. “Ta gostando do jogo amigo telespectador?”, dizia ele durante a transmissão. Não era de ficar gritando gol como se fosse um locutor de radio. “Oh Santo Cristo”, dizia ele quando havia uma jogada violenta. Ou então “que maravilha”!

PRIMEIRA TRANSMISSÃO

                 Raul Tabajara esteve na primeira transmissão de um jogo de futebol a distância pela TV. A distância porque foi da cidade de Santos para a cidade de São Paulo, uma vez que no dia 6 de fevereiro de 1955, já tivemos uma transmissão, mas o jogo foi realizado no Pacaembu. E neste jogo a distância lá estava Raul Tabajara. Este jogo aconteceu dia 18 de dezembro de 1955 na Vila Belmiro, em Santos, entre Santos e Palmeiras. O jogo terminou com a vitória santista por 3 a 1, com dois gols de Del Vecchio e um de Vasconcelos, enquanto que Elzo marcou para o alviverde. Neste dia o Santos jogou com; Barbosinha, Hélvio e Sarno; Zito, Formiga e Urubatão; Alfredinho, Álvaro, Del Vecchio, Vasconcelos e Tite. E o Palmeiras com; Laércio, Belmiro e Valdir; Gerson, Waldemar Fiúme e Dema; Renatinho, Humberto, Nei, Ivã e Elzo.

                Raul também se notabilizou por transmitir “Os Reis do Ringue” na TV Record, aos sábados à noite e o saudoso “Desafio ao Galo”, que fez muito sucesso nas manhãs de domingo. Tabajara ganhou por sete vezes o Troféu Roquete Pinto como o melhor locutor esportivo da televisão brasileira na década de 1960, e participou de vários programas como o “Tardes Esportivas”, que era apresentado todos os domingos à tarde, na TV Record, com ele e Geraldo José de Almeida, outro nome importante do jornalismo esportivo nessa época. O “Tardes Esportivas” estreou em 1955. Raul narrou futebol em uma época em que a emissora transmitia jogos todos os domingos à tarde. No entanto, quando surgiu a determinação de que os direitos para exibir as partidas seriam cobrados, a Record desistiu do negócio, deixando aberta uma lacuna em sua programação que acabou sendo preenchida com programas musicais voltados para artistas da Jovem Guarda.

RECORDAR É VIVER

               Quem teve a felicidade de ter nascido antes de 1958, pode se considerar uma pessoa privilegiada, tantos foram os acontecimentos marcantes que jamais sairão da memória daqueles que estavam presente naquele momento único da nossa história. Foi o ano do bambolê, da juventude transviada, da vitória de Maria Ester Bueno em Wimbledon, o início da Bossa Nova. Em 1958 Pelé foi o artilheiro do Campeonato Paulista com 58 gols, recorde que jamais será quebrado. O Brasil conquistou seu primeiro título mundial na Suécia. Neste ano também Adalgisa Colombo sagrou-se Miss Brasil, o nosso Presidente da República daquele ano era Juscelino Kubitschek de Oliveira.

             Como recordar é viver, vamos relembrar algumas coisas de décadas atrás, como por exemplo “Os Reis do Ringue”. Quem não se lembra de Ted Boy Marino, o mascarado Fantômas, o terrível Aquiles. E os filmes que prendiam nossa atenção como Rin Tin Tin, Lassie, Fúria, Zorro, Tarzan e tantos outros. Naquela época não tínhamos internet, microondas, celular, drogas, corrupção, enfim, era uma época bem diferente dos dias atuais, e assim vivíamos bem e éramos felizes. Quem viveu aquela época viveu, quem não viveu jamais verá outra igual.

TRISTEZA

             Raul Tabajara foi considerado tanto pela crítica, como pelo público como o melhor locutor esportivo de seu tempo. Raul nos deixou muito cedo, aos 60 anos, vitimado por um enfarte agudo do miocárdio, quando se vestia para ir ao enterro do grande amigo Vicente Leporace. Era o dia 18 de abril de 1978. No dia seguinte a nossa seleção fez um amistoso contra a Inglaterra, em preparação para a Copa de 78 na Argentina, e antes do pontapé inicial, foi dado um minuto de silêncio em sua homenagem. O jogo terminou 1×1, gol de Gil. Raul Tabajara deixou muita saudade aos amantes do esporte.

Em pé da esquerda para a direita: Jorge Amaral, Hélio Ansaldo, Raul Tabajara, Otávio Muniz, Antônio Augusto Amaral de Carvalho (sentado), Mário Moraes, Pedro Luiz e Casimiro Pinto Neto
Raul Tabajara entrevistando o craque Leônidas da Silva – O detalhe é o microfone daquela época
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