LUCIANO DO VALLE: um dos melhores locutores esportivo da TV brasileira

                       Luciano do Valle Queiroz nasceu dia 4 de julho de 1947, na cidade de Campinas (SP). Foi sem dúvida alguma, um dos maiores locutores esportivos brasileiros. Ponte-pretano de carteirinha, Luciano começou a carreira na Rádio Central de Campinas. Mas deslanchou mesmo quando chegou à Rádio Nacional, em São Paulo.

                       Trabalhou depois nas maiores emissoras do país, como as redes Globo, Record e Band. Na Globo, por sinal, foi o narrador oficial da Fórmula 1 durante muitos anos. Na Record, “acompanhou” o Palmeiras em 2003,  no retorno do Alviverde à elite do futebol brasileiro. Na TV Bandeirantes, foi o responsável pela criação do slogan “Canal do Esporte” nos anos 80 e 90.

                  À época, o Canal 13 de São Paulo dedicava o domingo inteiro à apresentação de programas esportivos e transmissões ao vivo. De sinuca ao futebol. Uma geração inteira aprendeu muito sobre o mundo dos esportes graças a Luciano do Valle.

                  Em 2003, foi convidado por Silvio Santos para transmitir um único jogo pelo SBT.
Na ocasião, o dono do Baú revelou que, ao ser perguntado sobre um narrador que poderia fazer a transmissão da partida, pensou imediatamente em Luciano do Valle.

                 Também teve grande participação no crescimento do vôlei no Brasil, promovendo inúmeros campeonatos que fixaram na mente dos torcedores nomes de grandes craques como Renan, Xandó, Bernard e William.

                 Fez trabalho semelhante anos depois com o ex-pugilista Adílson Maguila Rodrigues.
Na Copa de 1982, na Espanha, Luciano obteve uma das maiores audiências da história da televisão com o microfone da TV Globo nas mãos. Durante a (infeliz) partida do escrete canarinho contra a Itália, mais de 90% dos televisores ligados no País estavam sintonizados na emissora carioca.

                   Era casado com Flávia Comin do Valle, com quem teve um filho. Também era pai de duas mulheres, frutos de seu primeiro matrimônio. E para deixar claro: ao contrário do que muitos pensam, o repórter Luciano Júnior, integrante da equipe de esportes da Band nos anos 90, NÃO é filho do Luciano do Valle.

                           Luciano do Valle é referência quando se fala em narração esportiva. Não é à toa que em 2013 completou 50 anos de carreira ainda na ativa. E durante todo este tempo em que foi locutor da Globo e depois da Bandeirantes, ele colecionou atuações emocionadas, teve a chance de narrar golaços, mas também cometeu suas gafes e polêmicas.

                        Da voz ao estilo, Do Valle se transformou com o passar dos anos e soube se adequar aos novos tempos. O narrador nunca foi de criar muitos bordões, mas seus gritos de gol sempre foram facilmente reconhecíveis.

                    Numa comparação entre três narrações?  um jogo da Copa de 1982, um gol de Palmeiras x Vasco em 2000 e o golaço de Ronaldo em 2009, fica fácil notar as diferenças. Luciano do Valle soube principalmente deixar o tom mais sisudo de épocas mais antigas e se aproximar da fala mais natural.

                    A fonoaudióloga Claudia Cotes analisou e comparou as fases. “Na primeira, era tudo bem enfatizado e a velocidade de fala era muito rápida, um padrão bem longe da fala espontânea. Na narração de 2000, ele já fala como num bate papo. No grito de gol, o grito é mais forte, mas o Luciano faz bom uso da voz. E na última ele mostra toda a liberdade de interpretação, com os gritos de golaço.”

                     Entre seus golaços, uma narração ficou famosa na voz do veterano. Ele esteve na transmissão do Santos x Corinthians em que Ronaldo fez um gol de placa, por cobertura, na final do Paulistão de 2009. Os gritos de “golaço-aço” foram repetidos à exaustão na Bandeirantes. Lances de Zico, como o gol pela seleção brasileira contra a Iugoslávia em 1986, e de Marta na Copa feminina de 2007, são outros exemplos.

                         E Luciano também teve suas gafes e seus momentos de descontrole no ar. Um caso famoso foi quando em um jogo de 2010 ele acabou trocando o nome da Band pelo da Globo. Era um LDU x Fluminense: “começa o segundo tempo desta primeira partida da final da Copa Sul-Americana, que você acompanha com exclusividade aqui na Globo”. Aqui na Bandeirantes, né? A Globo não está fazendo para São Paulo, é bom que você saiba”, anunciou ele, para se corrigir como pôde.
Um caso mais polêmico aconteceu em 2008. Antes de uma partida entre Corinthians e Sport pela Copa do Brasil, ele criticou abertamente nomes como Milton Neves, Neto, Oscar Roberto Godoi e Flavio Prado e os profissionais sem diploma na TV. Chegou a dizer que transmitiria a partida porque era “obrigado”. Mas o caso não teve grandes consequências e ele voltou atrás.

A CARREIRA

                           Em 1963, com apenas 16 anos, ele começou sua carreira como locutor da Rádio Brasil, de Campinas (SP). Quatro anos depois, foi para São Paulo e passou a trabalhar na Rádio Gazeta e ela foi o trampolim para a TV, em 1971. Luciano passou 11 anos na Globo e narrou não só futebol como boa parte das conquistas de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1, mais tarde o acompanharia na Fórmula Indy, com a Band.

                          Ele esteve na cobertura dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, acompanhou do Rio a Copa da Alemanha, em 1974 e em seguida, com a saída de Geraldo José de Almeida, tornou-se o principal locutor da Globo, numa época pré-Galvão Bueno.

                          Após sair da Globo em 1982, teve passagem pela Record e depois foi para a Bandeirantes, sendo também o responsável pela criação do “Show do Esporte”, programa que durava até onze horas no intitulado “canal do esporte”.

                           Luciano não teve sua importância apenas na narração. Ele também era um investidor. Ele foi um incentivador da Fórmula Indy, esteve nos bastidores do crescimento de Maguila como ícone do boxe e organizou o jogo de vôlei entre Brasil e União Soviética no Macaranã, em 26 de julho de 1983, com os jogadores das duas equipes solidarizando-se para enxugar a quadra, que ainda foi coberta por um carpete, com transmissão ao vivo pela Rede Record.

TRISTEZA

                           Luciano do Valle morreu vítima de um infarto em 19 de abril de 2014, aos 66 anos, após sentir-se mal durante um voo para Uberlândia-MG, onde transmitiria o jogo entre Atlético-MG e Corinthians no dia seguinte, válido pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro.

                    Ele foi levado de ambulância do aeroporto de Uberlândia até o Hospital Santa Genoveva, mas não resistiu. Seu corpo foi sepultado na tarde de 20 de abril de 2014, no Cemitério Parque Flamboyant, no Jardim das Palmeiras, em Campinas.

                         Locutor esportivo do primeiro escalão, Luciano do Valle também era empresário. Dono do gol mais bonito da televisão brasileira, em jogos decisivos costumava emocionar o público com narrações extraordinárias. Morava em Pernambuco e trabalhava na Band. No meio esportivo seu apelido era “Bolacha”.

Paloma Tocci, Ticiana Villas Boas, Emílio Surita, Patricia Maldonado, Marcelo Tas, Adriane Galisteu, Cazé, Rita Batista, Renata Fan, Luciano do Valle, Marco Luque, Teo José, Sabrina Sato, Felipe Andreoli e Denilson
Em pé: Teodoro, Toninho Baiano, Djalma Dias, Jaime de Almeida, Marco Antônio, Ado e Luciano do Valle   –    Agachados: Gil, Paulo César Carpegiani, Lola, Dicá e Edu 
Mario Sérgio, Pelé, Toquinho, Luciano do Valle, Rivellino e Paulinho Matiussi
Denílson, Paloma Tocci, Milton Neves, Luciano do Valle, Renata Fan e Neto
Luciano do Valle no meio de tantos craques da Seleção Brasileira de Masters
Em 2013, no Mineirão, Gustavo Furtado, o Gustavinho da Band, Luciano do Valle, Neto e Renata Fan
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