Silvio Pirilo nasceu dia 26 de julho de 1916, na cidade de Porto Alegre (RS). Era um centroavante rápido, de drible cortante e excelente visão de jogo. Juntava tudo isso, uma coragem que poucos atacantes brasileiros apresentaram, antes e depois dele. Começou sua carreira no extinto Americano do Rio Grande do Sul em 1936. Depois passou pelo Internacional em 1937. Muitos colorados não hesitam em afirmar que Pirilo foi o maior artilheiro que o Internacional já possuiu. Dono de uma técnica invejável, Pirilo marcou época em um tempo muito afastado da mídia, e mesmo jogando no então longínquo Rio Grande do Sul, se tornou tão famoso que acabou sendo convocado para a Seleção Brasileira.
Foi no antigo Estádio dos Eucaliptos que o atacante escreveu seu nome na história colorada. Seus gols ajudaram o Inter a ganhar o título gaúcho de 1934. Era uma época dominada pelo temível Grêmio de Luiz Carvalho e Oswaldo Rolla, o célebre “Foguinho”. Mas o talento de Silvio Pirilo ajudou o colorado a quebrar a hegemonia tricolor e conquistar seu segundo título estadual. Na equipe colorada fez muito sucesso, tanto que o Peñarol do Uruguai o contratou em 1938, numa época em que o futebol uruguaio costumava levar vários dos nossos principais jogadores.
FLAMENGO
Do Peñarol, retornou ao Brasil para defender o Flamengo em 1941, onde foi um dos maiores artilheiros da história do clube da Gávea com 201 gols. Só fez menos gols com a camisa do rubro-negro carioca, que Zico (568), Dida (244) e Romário (204). Pirilo estreou no Flamengo logo na decisão de 1941 contra o Fluminense, substituindo o craque Leônidas da Silva, que havia se transferido para o São Paulo F.C.. Apesar dos seus dois gols na partida, não foram suficientes para conquistar o titulo, pois a partida terminou empatada em 2 a 2 e como o empate já bastava para o Tricolor das Laranjeiras, o titulo ficou com o Fluminense. Mas os próximos três anos seriam de muita alegria para o gaúcho Silvio Pirilo, assim como para toda a nação flamenguista.
Jogando de centroavante, foi um jogador fundamental na conquista do primeiro tri-campeonato do clube (1942, 43 e 44). Nessa época o Flamengo tinha um grande time. Como exemplo, podemos citar o de 1943, que era; Yustrich, Domingos da Guia e Nilton; Biguá, Volante e Jaime; Valido, Zizinho, Pirilo, Perácio e Vevé. Sempre que perguntavam a Pirilo, qual foi a partida que ele jamais esqueceria, de imediato ele respondia; “Foi a decisão do campeonato carioca de 1944. Com tantos boêmios no time, o técnico Flávio Costa resolveu concentrar cinco dias antes do jogo. A final era contra o Vasco da Gama. A Gávea mais parecia um hospital. Lá estavam eu, doente sem poder andar. Valido com violenta febre e como se não bastasse, o Flamengo tinha perdido Perácio, que fora para a Guerra e o Domingos da Guia vendido ao Corinthians.
Na verdade, no ataque o único que tinha condições era Zizinho. Foi o jogo mais dramático da vida de Pirilo. Foi uma explosão quando Valido subiu com Argemiro, no finalzinho do jogo, e colocou a bola no fundo das redes de Barqueta. Era o prêmio pela, luta, persistência, dedicação e união daqueles jogadores que, ao terminar a partida, Valido caiu de um lado e eu para o outro. Desmaiamos e tivemos que ser carregados para o vestiário, em meio a festa e a alegria do tri campeonato”. Silvio Pirilo ainda hoje é o recordista de gols num campeonato carioca com a incrivel marca de 39 gols (a maior marca anterior era exatamente de Leônidas, com 30). Com a camisa do Flamengo fez 228 jogos. Venceu 134, empatou 46 e perdeu 48 vezes. Marcou 201 gols.
BOTAFOGO
Depois do Flamengo, defendeu o Botafogo, com o qual foi campeão carioca de 1948, vencendo o Vasco numa final histórica. De um lado, o Vasco de Barbosa, Danilo e Ademir, campeão sul-americano de clubes, o Expresso da Vitória. Do outro, o Botafogo, há 13 anos sem títulos. Por isso, todos os cuidados são tomados para a decisão do Campeonato Carioca. Dentro e fora do campo. O vestiário destinado ao Vasco em General Severiano, sem água e com os vasos sanitários providencialmente sujos, entupidos e malcheirosos, e, ainda por cima, pintado, pela manhã, com cal virgem, para irritar os olhos dos adversários. E estes, ao passar sob a proteção de arame no acesso ao campo, ainda recebem uma chuva de pó-de-mico, atirado pelos botafoguenses.
Com tudo isso, há ainda um bom time do Botafogo, que aproveita a perplexidade que toma de assalto o rival e faz um gol com 2 minutos de bola rolando, com Paraguaio. Ainda no primeiro tempo, Braguinha aumenta. Otávio aumenta logo no início do segundo tempo. O gol contra de Ávila, para o Vasco, dois minutos depois, serve apenas para estabelecer o placar de 3×1. O Botafogo é, novamente, o campeão carioca, com Osvaldo Baliza, Gérson dos Santos e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirilo, Otávio e Braguinha. Este jogo aconteceu no dia 12 de dezembro de 1948 e foi disputado no estádio General Severiano. Naquela campanha do Fogão, a equipe venceu 17 das 20 partidas que disputou e perdeu apenas uma. Este foi o segundo título de futebol do clube após sua fusão. O primeiro foi o Torneio Início de 1947. Pirilo jogou ainda por mais quatro anos no Fogão e depois encerrou sua brilhante carreira. Em toda a sua carreira futebolística, sua característica mais relevante foi a de ser um excepcional goleador.
SELEÇÃO BRASILEIRA
Pirilo também defendeu a Seleção Brasileira em cinco jogos em 1942, pelo Campeonato Sul-americano. Venceu 3 e perdeu 2 jogos. Marcou 6 gols com a camisa canarinho, sendo 3 contra o Chile na vitória de 6 a 1 no dia 14 de janeiro e os outros 3 foram contra o Equador, quando vencemos por 5 a 1 no dia 1 de fevereiro. Todos os jogos foram disputados em Montevidéu.
TREINADOR
Mas seu amor pelo futebol era tamanho, que depois de encerrada a carreira de jogador, resolveu continuar as emoções fora das quatro linhas e partiu para a profissão de treinador. Começou no próprio Botafogo carioca, onde encerrou a carreira de jogador. Depois teve passagens por outros grandes clubes, com destaque para o Fluminense onde foi campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1957. Foi quem convocou Pelé pela primeira vez para a Seleção Brasileira, para disputar a Copa Rocca de 1957 contra os argentinos no Maracanã. Este jogo aconteceu dia 7 de julho e o Brasil perdeu por 2 a 1, sendo o gol brasileiro marcado por Pelé. Pelo Fluminense, foram 138 jogos. No Corinthians passou em duas ocasiões, a primeira em 1959 e a última em 1974, quando levou a equipe ao vice-campeonato Paulista. No total, sentou no banco de reservas do Timão em 124 jogos com 67 vitórias, 26 empates e 31 derrotas.
Treinou também o Palmeiras em 48 jogos entre 1963 e 1964 com 26 vitórias, 9 empates e 13 derrotas. Dirigindo o Palmeiras, conquistou o título paulista de 1963. Substituiu Geninho e assumiu num jogo frente a Portuguesa, um domingo, à tarde, no Pacaembu, onde o Palmeiras goleou, 5×1, nesse jogo deu-se a volta de Fiori Gigliotti à Rádio Bandeirantes. Com Pirilo no comando, o Palmeiras embalou e não perdeu mais no certame, conquistando o título, inclusive, por antecipação, na penúltima rodada, enfrentando o Noroeste, numa quarta feira, à noite, no Pacaembu, vencendo por 3×0. Deixou o cargo no ano de 1964, após derrota para o Corinthians, 1×0, gol de Silva cobrando penalidade máxima cometida por Tarciso em Nei (pai do Dinei), no primeiro tempo, em jogo válido pelo primeiro turno do Paulistão.
Nesse ano, o famoso Derbi derrubou dois técnicos, Roberto Belangero, no segundo turno, após goleada do Palmeiras sobre o Corinthians, 4×1, um domingo, à tarde, também no Pacaembu, aí o Corinthians, que na rodada anterior havia perdido para a Portuguesa por 4×2, contratou Oswaldo Brandão que treinava o Botafogo, de Ribeirão Preto. Primeiro jogo de Brandão dirigindo o Corinthians, goleada sofrida ante o Santos, 7×4, também no Pacaembu, um domingo, à tarde. Silvio Pirilo dirigiu ainda o Internacional de Porto Alegre em 1959, o Juventus da Rua Javari em 1965 e o São Paulo entre 1967 e 1968. Pelo Tricolor realizou 85 jogos, com 40 vitórias, 25 empates e 20 derrotas.
Silvio Pirilo faleceu dia 22 de abril de 1991, em Porto Alegre (RS). Deixou muita saudade aos desportistas brasileiros, principalmente aqueles que tiveram o privilégio de vê-lo jogar, pois era um centroavante que nos dias de hoje, há muito pouco. Era um goleador nato. Dentro da área sabia tudo e mais um pouco. Por isso, nossa coluna de hoje homenageia este grande craque do passado, por tudo que ele fez pelo nosso futebol brasileiro.