Há pouco mais de 50 anos, a Fiel torcida corintiana vivia uma de suas maiores alegrias, pois naquela noite de 6 de março de 1968, finalmente era quebrado um tabu de 11 anos sem vencer o Santos em Campeonato Paulista. A torcida alvinegra de Parque São Jorge comemorou como se fosse a conquista de um título e até hoje é lembrada pelo torcedor corintiano.
Já estávamos na penúltima rodada do segundo turno do campeonato paulista de 1957. O Corinthians era líder invicto do campeonato, quando foi enfrentar o Santos no dia 22 de dezembro de 1957 e uma vitória já colocava a mão na taça. No entanto o Peixe venceu por 1×0, gol de Dorval. Depois dessa derrota, o Corinthians só voltaria a vencer o Santos em Campeonato Paulista em 1968, ou seja, 10 anos, 2 meses e 7 dias de tabu.
Muita gente pensa que o Corinthians ficou este tempo todo sem vencer o Santos uma única vez, mas não é verdade, pois neste período o Corinthians venceu o Peixe por quatro vezes, mas nenhuma vitória foi em Campeonato Paulista.
Durante esse período de tabu em Campeonato Paulista, várias vezes ele não foi quebrado por pouco, como aconteceu dia 27 de março de 1966, quando aos 44 minutos do segundo tempo, Zito cometeu pênalti em cima de Garrincha. Flávio cobrou e o goleiro Laércio espalmou para escanteio. E assim terminava a partida em 0 a 0. Uma outra vez que o tabu por pouco não foi quebrado, foi no dia 11 de dezembro de 1966, quando a partida estava empatada em 1 a 1, gols de Flávio para o Corinthians e Zito para o Santos e o zagueiro do Peixe cometeu um pênalti aos 42 minutos do segundo tempo. O recém contratado Nair, cobrou muito mal e o goleiro santista Cláudio defendeu. Mais uma vez a festa corintiana foi adiada.
DIA 6 DE MARÇO DE 1968
O Pacaembu estava lotado, como sempre acontecia nos jogos dos alvinegros. A cidade não tinha outro assunto que não fosse o jogo daquela noite. O Corinthians estava reforçado por Paulo Borges que tinha chegado do Bangu e Buião do Atlético Mineiro. Nas arquibancadas, uma faixa demonstrava o espírito da torcida: “A Fiel não está de luto; só os covardes acreditam na derrota”. E todos gritavam: “É hoje!”.
Para esta partida o técnico Lula do Corinthians, que havia trabalhado no Santos por 11 anos, sendo ele o técnico do Peixe quando iniciou o tabu, mandou a campo os seguintes jogadores; Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Maciel; Edson e Rivelino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo. Do outro lado, o técnico Antoninho escalou, Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Lima e Negreiros; Kaneko, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu. O árbitro da partida foi o argentino Roberto Goycochea, considerado um dos melhores árbitro da época.
PRIMEIRO TEMPO
O Corinthians começa tentando sufocar o Santos. O goleiro Cláudio faz boas defesas e o técnico santista lá do banco diz; “É só fogo de palha, deixa eles correrem”. No banco corintiano, o técnico Lula fuma um cigarro depois do outro. O zagueiro Luiz Carlos já era considerado o melhor em campo, pois não deixava Pelé pegar na bola. No intervalo a instrução de Lula é curta e grossa; “O time deve lutar como se fosse o último jogo da vida de cada um de vocês”. E é com este espírito, que todos voltam ao campo para a segunda etapa, aquela que iria decidir aquela partida.
SEGUNDO TEMPO
Aos 13 minutos, Paulo Borges desce pela esquerda, tabela com Flávio e recebe na frente. Mesmo desequilibrado, arrisca um tiro longo de esquerda. É gol !!! Corinthians 1 a 0. A Fiel torcida corintiana vai a loucura. Aos 31 minutos, Rivelino sai driblando, aproxima-se da área e aguarda a infiltração de Flávio. Coloca o centroavante na frente do gol e este não desperdiça a chance e faz 2 a 0. A torcida que já estava eufórica vai ao êxtase, não acredita naquilo que está vendo, parece um pesadelo que está acabando. O tempo foi passando até que o árbitro apita o final de jogo. Corinthians 2 a 0 e o fim do tabu.
A festa se estendeu pela madrugada. Carros buzinando, rojões que espocavam nos céus de São Paulo, pessoas gritando, enfim, parecia que o Corinthians havia conquistado um titulo. O jogo em si não decidia nada. Não para o campeonato, mas para toda a nação corintiana, valia e muito.