ALAN: campeão do Quarto Centenário pelo Corinthians em 1954

                Alan de Oliveira, nasceu dia 2 de outubro de 1927, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Começou sua carreira no extinto Comercial da capital paulista, onde foi revelado.

CORINTHIANS

               No ano de 1954 chegou ao Parque São Jorge, onde foi o reserva imediato de Olavo, mas entrou para a história do S.C. Corinthians Paulista, pois justamente no dia em que o clube decidia um titulo que todos os grandes de São Paulo queriam conquista-lo, ou seja, o título do IV Centenário da Capital Paulista, Olavo estava contundido e não tinha condição de jogar, sendo assim, os Deuses do futebol, fizeram com que Alan jogasse aquela partida e por isso, até hoje ele e lembrado pela imensa torcida corintiana.

              Alan fez sua estreia no time corintiano dia 8 de agosto de 1954, dia em que o time fez um jogo amistoso como São Bento de São Caetano do Sul. O jogo terminou com a vitória corintiana por 2×0, com dois gols do ponta direita Cláudio. Para esta partida o técnico Oswaldo Brandão mandou a campo os seguintes jogadores; Cabeção, Homero e Diogo (Alan); Idário, Goiano e Roberto Belangero; Cláudio, Luizinho, Paulo, Gatão (Nardo) e Simão.

              E foi na penúltima rodada do Campeonato Paulista de 1954, que tudo ficou definido, quando Corinthians e Palmeiras empataram em 1 a 1. Como ao alvinegro bastava um simples empate, após os 90 minutos de jogo, tudo ficou consumado; S. C. Corinthians Paulista foi proclamado o Campeão do IV Centenário.

              Era o dia 6 de fevereiro de 1955, o dia amanheceu ensolarado, desde cedo o movimento nas ruas era intenso. Carros e ônibus passavam lotados em direção ao Pacaembu, pois às 4 da tarde, Corinthians e Palmeiras iriam decidir o Campeonato Paulista e o vencedor seria o Campeão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, um título cobiçado por todos. Teve muita gente que dormiu na porta do Pacaembu para conseguir um lugar no dia do jogo.

              Às 13 horas, os jogadores do Corinthians deixaram a concentração e foram para o Pacaembu em carros do diretor Albino Lotito, do presidente Trindade e no Ford 53 do ponta direita Cláudio. O time estava escalado com Gilmar, Homero e Alan; Idário, Goiano e Roberto Belangero; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Simão. Um time individualmente tão bom quanto o Palmeiras, mas com muito mais raça. Nessas alturas, o estádio já estava lotado.

              Em menor número, a torcida do Palmeiras, ocupava um terço da lotação do Pacaembu e vibrava vendo seu time vencer o Corinthians por 3×1 no jogo de aspirantes. Os altos falantes anunciava o time do Palmeiras. Laércio, Manuelito e Cacão; Nilo, Valdemar Fiume e Dema; Liminha, Humberto, Nei, Jair da Rosa Pinto e Rodrigues. Para a maioria da imprensa paulista, um time que jogava certinho por seu estilo técnico.

              Nos primeiros minutos do jogo mais de cinquenta mil corintianos estavam em silêncio. Gilmar fez duas grandes defesas. Jair e Humberto perderam dois gols considerados feitos. Ventava muito no estádio e a vantagem era do Corinthians que tinha o vento a seu favor. Com isso, melhorou seu futebol e passou a empurrar o Palmeiras para seu campo. E foi ainda aos 9 minutos do primeiro tempo que surgiu o gol do Corinthians. Cláudio cruzou a meia altura para a área do Palmeiras entre Waldemar Fiume e o goleiro Laercio.

              Rápido, o pequeno Luizinho entrou no meio dos dois e cabeceou para abrir a contagem. Antes de entrar, a bola ainda bateu na trave. O grito de gol de Luizinho foi afogado pelos corpos dos companheiros que começaram a pular em cima do artilheiro. Corinthians, Corinthians, berrava em êxtase a torcida enlouquecida, o velho Pacaembu virou uma loucura.

              No segundo tempo, logo aos cinco minutos, Homero cometeu uma falta em Liminha perto da linha de fundo. Jair chutou com violência. A bola desviou em Idário, tirou Gilmar da jogada, e Nei se aproveitou e fez o gol palmeirense. Era o gol de empate e o jogo fica ainda mais nervoso. Apesar da pressão, o Corinthians se defendia com garra e muita raça. Gilmar se confirmava como o grande nome do jogo. Nei, Jair e Humberto bem que tentaram, mas Idário, Roberto e Alan se defendiam como podiam.

              No final do jogo, Roberto Belangero lançou Rafael que ficou diante do goleiro do Palmeiras e perdeu a oportunidade. Logo depois, Humberto ainda teve a chance de fazer o segundo gol palmeirense, quando chegou na marca do pênalti, vê o canto e chuta. Gilmar defende a bola e não dá mais tempo para nada, o árbitro Esteban Marino apita o final da partida. Corinthians Campeão do IV Centenário.

              A torcida corintiana invadiu o gramado e carregou os jogadores, que tiveram seus uniformes rasgados e todos saíram de campo chorando. Como aqueles torcedores conseguiram não se sabe. Mas, em poucos instantes, dezenas, centenas, milhares de torcedores invadiram o gramado para comemorar o campeonato conquistado. O técnico Osvaldo Brandão, de terno e gravata, era carregado pela torcida. Empolgado, o presidente Alfredo Inácio Trindade, que chegou a passar mal, anunciava o prêmio pela conquista do campeonato: CR$ 150,00.

              Era muito dinheiro. Os “cobras” da equipe, Gilmar, Baltazar, Luizinho e Cláudio, ganhavam CR$ 23,00 por mês, enquanto o jovem Alan recebia apenas CR$ 9,00, e pagava de aluguel CR$ 4,00. A torcida corintiana é uma massa, uma religião, é uma torcida que você não explica como essa gente vibra com um time como o Corinthians. E foi aquela festa, desfile em carro de bombeiros pela cidade, só porque o Corinthians havia ganhado o campeonato.

              Daí foi uma loucura, porque, como todos sabem, o Corinthians é uma coisa impressionante. Era gente enchendo a cara e os donos de bares enchendo os cofres. São Paulo viveu uma noite de loucura com a torcida corintiana comemorando o titulo. Naquele domingo São Paulo se embriagou.

              Para fechar com chave de ouro esta conquista, no domingo seguinte o Corinthians enfrentou o São Paulo pela última rodada do campeonato. Embora fosse apenas para cumprir tabela, os jogadores corintianos entraram em campo com muita garra e determinação, sendo assim venceram a partida por 3 a 1, gols de Nonô, Luizinho e Cláudio, enquanto que para o Tricolor, marcou Negri de pênalti.

               A última partida que Alan fez pelo Corinthians, foi no dia 14 de abril de 1957, quando o time fez um jogo amistoso com o Paulista de Jundiaí e empatou em 2×2. Os gols corintianos foram marcados por Beni e Zague, enquanto que para o time da casa marcaram Perci e Juarez. Para este jogo o técnico Oswaldo Brandão escalou a seguinte equipe; Valentino, Homero e Alan; Idário, Baltazar (Walmir) e Goiano; Zague (Miranda), Luizinho, Paulo, Rafael e Beni.

               Com a camisa corintiana, Alan disputou 143 jogos. Venceu 91, empatou 27 e perdeu 25. Nesse período não marcou nenhum gol. Alan retornou ao seu clube de origem, que na época já havia de fundido ao São Bento da cidade de São Caetano. Alan faleceu dia 27 de outubro de 1990.

Em pé: Alan, Pian, Paschoal, Elpídio, Lamparina e Cavani     –      Agachados: Juarez, Tico, Gino, Dino Sani e Esquerdinha
1950 – Em pé: Alan, Valmir, Homero, Nelsinho, Olavo, Goiano, Valentino e Roberto Belangero    –   Agachados: Cláudio, Idário, Carbone, Paulo, Rafael e Zezé
Em pé: Alan, Idário, Julião, Gilmar, Olavo e Roberto Belangero      –    Agachados: Cláudio, Luizinho, Rafael, Paulo e Zezé
Da esquerda para a direita: Gilmar, Rafael, Goiano, Homero, Idário, Alan, Nono, Roberto Belangero, Simão, Luizinho, Claudio e o técnico Osvaldo Brandão
Em pé: Idário, Alan, Olavo, Walmir, Gilmar e Roberto Belangero   –   Agachados: Cláudio, Paulo, Baltazar, Rafael e Zezé
Em pé: Alan, Homero, Goiano, Idário, Roberto Belangero e Gilmar   –    Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Nonô
Em pé: Idário, Julião, Alan, Olavo, Roberto Belangero e Gilmar   –    Agachados: Cláudio, Luizinho, Paulo, Baltazar e Jansen
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