EVERALDO: campeão mundial com nossa seleção em 1970

                 Everaldo Marques da Silva nasceu dia 11 de setembro de 1944, em Porto Alegre (RS).  Foi o primeiro atleta atuando por um clube gaúcho a ganhar uma Copa do Mundo. Por este feito, ganhou uma estrela dourada na bandeira do Grêmio. Jogava na lateral esquerda possuindo um estilo de jogo simples, mas eficiente, com uma grande capacidade de marcação. Jogando pelo Grêmio conquistou o tricampeonato gaúcho nos anos de 1966, 67 e 68. Everaldo ingressou no Grêmio em 1957 passando pelas categorias infanto-juvenil e juvenil. Em 1964 foi emprestado ao Juventude de Caxias do Sul, retornando ao Olímpico Monumental dois anos depois. Em 1967, foi convocado pela primeira vez para defender a seleção brasileira, em que conquistou a Copa Rio Branco no Uruguai, assegurando vaga no selecionado que, em 1969, participaria das Eliminatórias que culminariam com o tricampeonato no México em 1970.

                Além de todos os prêmios conquistados, foi agraciado com o Prêmio Belfort Duarte, concedido aos jogadores de defesa mais leais, em julho de 1972. Entretanto, três meses depois deu um soco no árbitro José Faville Neto durante uma partida e acabou suspenso por um ano. Para impedir que novos casos parecidos ocorressem, duas décadas depois as regras do prêmio foram mudadas, e a partir de então apenas jogadores aposentados poderiam requerê-lo. Campeão Mundial com a Seleção em 1970, Everaldo foi perpetuado na história do Clube.

               Pai e filho agarrados ao alambrado do campo suplementar do Estádio Olímpico acompanham tranquilamente um treinamento comandado pelo técnico Paulo Autuori, até que o menino se põe a observar a gigantesca bandeira tricolor que tremula no alto do mastro localizado junto à Rótula do Papa. Com a curiosidade costumeira da juventude, o garoto pergunta ao mais velho: “Pai, o que significa aquela estrela dourada na bandeira do Grêmio?” Sem pensar muito, o pai responde: “É para comemorar o título mundial de 1983, meu filho”. Esta história é fictícia, mas o engano em relação à estrela que brilha no pavilhão gremista acontece seguidamente até mesmo por parte de torcedores que se dizem conhecedores da história do Grêmio.  Na verdade, a estrela começou a fazer parte da bandeira oficial do Grêmio em homenagem ao lateral Everaldo Marques da Silva, único jogador gremista a fazer parte da inesquecível Seleção Brasileira Tricampeã da Copa do Mundo de 1970, realizada no México.

              A empolgação da torcida gremista com o êxito obtido pelo jogador que representou o Tricolor na vitoriosa campanha do Tricampeonato fora tanta que, em seu retorno à Porto Alegre logo depois da conquista, saiu às ruas da cidade para comemorar como se fosse um verdadeiro título alcançado pelo próprio Grêmio. Na época, o fato foi considerado uma das maiores demonstrações de carinho já dispensadas a uma personalidade do Estado. No dia 30 de junho de 1970, seis dias após seu retorno do México, o Conselho Deliberativo do Grêmio, em uma sessão solene, perpetuou oficialmente a figura de Everaldo na história do Clube dedicando ao atleta a famosa estrela dourada na bandeira.  Na ocasião, o jogador recebeu também o título de Atleta Laureado além de duas cadeiras cativas quitadas no Estádio Olímpico.

              Está no estatuto. A bandeira do Grêmio tem uma estrela dourada. E passou a brilhar ao lado do distintivo muito antes de os clubes brasileiros vulgarizarem este símbolo colando na camisa uma estrela para qualquer título que tenham conquistado.  Os torcedores gremistas mais jovens, não tiveram o prazer de vê-lo jogando, mas ainda está na memória dos mais velhos, o dia em que chegou a Porto Alegre e foi recebido com as honras de um campeão mundial. Havia até um apartamento que foi pintado de verde e amarelo para comemorar a conquista. Um orgulho para os gremistas. Não o apartamento. O Everaldo, lógico. Lembram dele e da estrela que o representa, naquela tarde de quinta feira, 21 de maio de 2009, assim que o repórter reproduzia na TV a lista dos jogadores convocados para a seleção brasileira que disputará as duas partidas pelas Eliminatórias da Copa de 2010 e participará da Copa das Confederações.

              Muitos anos depois de Everaldo, e muito tempo após o último jogador gremista ter sido chamado para representar o Brasil, Victor, goleiro do Grêmio está convocado. Muitos torcedores do Grêmio naquele instante não pensaram duas vezes: “O Victor vai para a seleção? Que droga!”. No primeiro raciocínio deles, o Grêmio ficaria sem um dos seus principais jogadores na Libertadores. Para concluir: “Ele vai ser vendido lá pra fora e não volta mais”. Do orgulho que os torcedores mais antigos do Grêmio sentiram ao ver Everaldo na seleção à “droga!” gritada por um torcedor mais jovem contra a convocação de Victor, há uma enorme distância que não se justifica pela diferença de gerações, mas pelo que fizeram com o futebol brasileiro.

               Hoje, ninguém mais se entusiasma com o escrete canarinho, apenas para usar expressão dos tempos em que era um orgulho ver os ídolos do seu time serem convocados.  Principalmente, se o seu time está em meio a competição importante como a Libertadores da América. Mais ainda quando se sabe que você perde alguém considerado fundamental para a segurança da sua equipe em troca deste ser apenas mais um no grupo da seleção. No futebol brasileiro, o torcedor tem mais satisfação de ostentar a estrela de um título nacional ou sul-americano na sua camisa, do que aumentar a constelação da CBF.  Coisa que num passado não tão distante, era exatamente o inverso.

               O clube e seus torcedores sentiam enorme orgulho ao ver o nome de um de seus jogadores incluído na lista dos convocados. Assim foi quando saiu a lista feita por João Saldanha em 1969, convocando os vinte dois jogadores que iriam ao mundial do México. Toda nação gremista vibrou ao ver o nome de Everaldo naquela lista. Somente dois laterais esquerdos foram convocados; Everaldo, jogador do Grêmio e Marco Antonio, jogador do Fluminense. Já nos primeiros treinos, Saldanha optou por Everaldo como titular da equipe.

              A Copa do Mundo de 1970 ficou marcada pelo grande número de talentosos jogadores. O futebol força não teve vez naquele mundial, onde tivemos o privilégio de vermos em campo, jogadores como; Beckenbauer, Gerd Muller e Sepp Maier, pela Alemanha; Boninsegna, Maldini  e Facchetti pela Itália; Mazurkiewicz e Ancheta, pelo Uruguai; Gordon Banks, Bobby Moore e Bobby Charlton, pela Inglaterra; Chumpitaz, Cubillas e Gallardo, pelo Peru e, Pelé, Rivelino, Gerson, Tostão, Carlos Alberto, Piazza e Clodoaldo pelo Brasil.

              Diante de tantos talentos, levou a melhor o técnico que soube montar bem sua equipe.  Zagallo que havia assumido o comando da nossa seleção depois da saída de João Saldanha, aproveitou muito bem os grandes jogadores que tinha em mãos e montou um esquema perfeito, onde os dois eficientes laterais, Carlos Alberto e Everaldo apoiavam muito bem sem deixar a defesa desguarnecida. Assim jogou nossa seleção durante todo aquele mundial, que na final contra a Itália entrou em campo com a seguinte formação; Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gerson e Rivelino; Jairzinho, Pelé e Tostão. O primeiro tempo terminou empatado em 1 a 1, gol de Pelé para o Brasil. 

             No segundo tempo, a seleção canarinho voltou simplesmente arrasadora. Com gols de Gerson, Jairzinho e Carlos Alberto, vencemos a poderosa seleção italiana por 4 a 1 e conquistamos o Tricampeonato Mundial de Futebol.  Com esta brilhante conquista, a alegria tomou conta de todo o pais, e não foi diferente no Rio Grande do Sul, em especial com os torcedores do Tricolor Gaúcho, que se orgulhavam em ter naquele time, um jogador que representava o clube de seu coração. Por isso, quando Everaldo chegou em Porto Alegre, fizeram uma grande festa para recepciona-lo, afinal, ele foi o primeiro jogador atuando no futebol gaúcho a sagrar-se campeão do mundo. Por isso, nós dizemos que Everaldo é uma estrela que brilha na bandeira tricolor, pois foi graças a ele, que hoje nós vemos na bandeira do Grêmio, uma estrela dourada.    

              Mas no dia 27 de outubro de 1974, aos 30 anos de idade, ao retornar de uma viagem com a família de Cachoeira do Sul, interior do Rio Grande do Sul, Everaldo Marques da Silva, que dirigia seu Dodge Dart, presente de uma concessionária de Porto Alegre pela conquista do Tri em 1970, acabou se chocando com uma carreta e vindo assim a falecer em um acidente automobilístico perto da localidade de Santa Cruz do Sul. A morte precoce do atleta não foi suficiente para apagar as lembranças de um jogador exemplar tanto dentro quanto fora do campo. Com a camisa do Grêmio, conquistou vários títulos. Também recebeu a Bola de Prata da Revista Placar em 1970, como o melhor lateral esquerdo daquele ano. Por tudo isso, em nome dos torcedores brasileiros, dizemos do fundo do coração; obrigado Everaldo, por tudo que fizestes pelo nosso futebol brasileiro e, que agora ao lado de Deus Pai, tu tenhas o descanso eterno.

Em pé: Carlos Alberto,Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo e Everaldo    –    Agachados: Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé e Paulo César Cajú
SELEÇÃO DO GRÊMIO DE TODOS OS TEMPOS: Em pé: Arce, Lara, Airton, Calvet, Everaldo e Dinho –    –    Agachados: Ronaldinho Gaúcho, Gessi, Renato Gaúcho, Alcindo e Eder  –  Técnico: Felipão
Em pé: Arlindo, Valdir Spinosa, Jadir, Ari Ercílio, Beto Bacamarte e Everaldo     –    Agachados: Flecha, Caio, Paraguaio, Gaspar e Volmir
Em pé: Everaldo, Valdir Spinosa, Jadir, Áureo, Ari Ercílio e Alberto    –   Agachados: Hélio Pires, João Severiano, Alcindo, Sérgio Lopes e Volmir

           

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