ZITO: campeão mundial com nossa seleção e pelo Santos F.C.

                    José Eli de Miranda nasceu dia 8 de agosto de 1932, na cidade Roseira (SP). E foi desta pacata cidade do interior paulista, que surgiu para o futebol um dos nomes mais lembrados pelos torcedores nos dias de hoje. Zito jogou 15 anos com a camisa do Santos F.C., e é lembrado por sua garra e por sua incontestável liderança dentro dos gramados. Possuindo tais características, ganhou a faixa de capitão em um time de estrelas como Pelé, Pepe, Coutinho, Dorval e tantos outros que passaram pelo clube de Vila Belmiro durante aqueles anos.  Iniciou sua carreira no pequeno time do Esporte Clube Taubaté, o famoso “Burro da Central”, onde jogou até 1952.  Depois deixou o Vale do Paraíba e foi para a baixada santista jogar no Santos, que o contratou por 150 mil cruzeiros. 

                   Estreou no mesmo ano num jogo amistoso em que o Santos derrotou o modesto Madureira do Rio de Janeiro por 3 a 1. Três anos depois, ainda no banco de reservas, pois o titular da equipe naquela época era Formiga, Zito conquistou seu primeiro título, o campeonato paulista de 1955.  Até este ano, Zito jogou em várias  posições  no  time,  desde zagueiro até ponta de lança, mas foi nessa temporada que ele se firmou como homem de meio-campo, formando uma linha média com Ramiro e Formiga.

                  Quando Zito chegou na Vila Belmiro, o Santos montou um esquadrão que por quase duas décadas acumularia dezenas de taças. Percebendo a ótima qualidade e o passe apurado do jogador, o técnico Luiz Alonso Peres, o Lula, o promoveu ao time titular em 1956. No ano seguinte, o peixe perdeu o tri-campeonato paulista para o São Paulo F.C., que havia contratado o grande jogador Zizinho, mas em 1958, Zito estava convocado para a seleção brasileira que iria disputar a Copa do Mundo da Suécia. 

                   Depois da Copa, já consagrado como jogador de futebol, sagrou-se novamente campeão paulista de 58, prosseguindo numa seqüência de conquistas que lhe dariam mais títulos do que qualquer companheiro do Santos, à exceção de Pepe e Mauro Ramos de Oliveira.  Pelo Santos F.C., Zito voltou a ser campeão paulista em 1960 e 1961 e, antes de chegar o tri-campeonato, em 1962, disputou mais uma copa, desta vez no Chile, inclusive marcando um gol contra a Checoslováquia na partida decisiva, um gol que praticamente deu o bi-campeonato mundial ao Brasil, ao escorar de cabeça um centro de Amarildo.

                 No início da década de 60, o time do Santos passou a ser reconhecido mundialmente, principalmente após a conquista do bicampeonato da Libertadores da América e do Mundial Interclubes.  Pelo mundial, o Santos foi campeão em 1962, jogando em pleno Estádio da Luz, em Portugal, no dia 11 de outubro, numa das melhores partidas do Santos F. C. de todos os tempos. Neste dia o Santos jogou com;  Gilmar, Olavo, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. No bicampeonato mundial, o adversário foi o Milan da Itália, numa melhor de três.

                 A terceira partida aconteceu dia 16 de novembro de 1963 em pleno estádio do Maracanã. O Santos venceu por 1 a 0, gol de Dalmo cobrando uma penalidade máxima. Depois dos dois títulos mundiais pelo Santos e dos dois mundiais pela nossa seleção brasileira, Zito se transformou em um ídolo incontestável dentro da torcida santista.

                 Antes de encerrar sua carreira, em fins de 1967, Zito ainda foi campeão paulista em 1964, 1965 e 1967, penta campeão da Taça Brasil, quatro vezes campeão do Torneio Rio-São Paulo, bi campeão da Taça Libertadores da América e bi campeão mundial interclubes.  Com a camisa do Santos, Zito jogou 706 partidas. Venceu 462, empatou 112 e perdeu 132. Marcou 57 gols em toda sua carreira.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Os primeiros passos de Zito na seleção brasileira aconteceram em 1958, quando o técnico Vicente Feola o convocou para a Copa do Mundo da Suécia, na condição de reserva do volante Dino Sani. Porem, Dino sofreu um estiramento na terceira partida, contra a União Soviética, e assim, juntamente com Garrincha e Pelé, Zito fazia sua estréia naquele mundial. Sua harmonia de seu estilo de jogo como o de Didi, lhe garantiu a posição até o final da Copa, que o Brasil ganhou pela primeira vez.  Quatro anos depois, lá estava o nosso grande comandante disputando mais uma Copa, desta vez no Chile.  E o grande momento de Zito dentro da seleção, aconteceu dia 17 de junho de 1962. Depois de receber um cruzamento de Amarildo, Zito escorou de cabeça para as redes adversária, marcando seu único gol em Copas.

                Neste jogo o Brasil venceu a Checoslováquia por 3 a 1 e conquistou o bicampeonato mundial com a seguinte formação; Gilmar, Djalma Santos, Mauro Ramos de Oliveira, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo.  Na Copa de 66 disputada na Inglaterra, quando o Brasil teve uma participação medíocre, Zito também foi convocado, mas devido a sua idade, o titular foi Denílson, que na época jogava no Fluminense. Pela seleção brasileira, Zito fez 53 partidas e marcou somente um gol, porem um gol importantíssimo, pois foi o gol que deu o bicampeonato mundial ao Brasil.

               Zito sempre foi um exemplo de jogador dentro e fora de campo, pela sua seriedade e garra. Era super exigente, até mesmo com o Rei Pelé, tornando-se assim, o maior líder da história do Santos F.C. Dia 2 de agosto de 1959, o Santos jogava contra o Juventus na Rua Javari. Pelé invadiu a área, teve o gol a sua disposição e errou, por enfeitar demais a jogada. Zito partiu pra cima do Pelé, dedo em riste e lhe disse: “Chega de palhaçada, crioulo! Vamos jogar sério”. Obediente, Pelé resolveu jogar e marcou o gol mais lindo de sua carreira. 

              Zito não se contentava em ganhar o jogo. Exigia goleadas e só admitia firulas quando o Santos levava boa vantagem no marcador e o adversário apelava para a violência. Nesta hora ele chegava a ser cruel. Seus gritos eram ainda mais fortes e marcados pelo desprezo. “Pessoal, vamos reunir os cabeçudos. Desmoraliza-los, massacra-los, ensinar que raça não se confunde com violência”.   Nos seus 16 anos de Santos, Zito somou mais de trinta expulsões de campo. Boa parte delas, é verdade, por gritar com juizes, exigindo ou reclamando a marcação de uma falta. Ele preferia o jogo leal, na bola, tocando-a de primeira, sempre no pé do companheiro. Coisa que Zito fazia com maestria, tornando-se por isso, um craque de garra a conseguir somar, a fibra que caracteriza essa espécie em extinção e a habilidade artesanal, hoje também muito rara.

              José Eli de Miranda, o inesquecível Zito, foi um jogador extremamente profissional. Tão profissional que, ao sentir as pernas fraquejarem, recusou todos os pedidos para continuar por mais algum tempo, preferindo entregar a camisa 5 ao garoto Clodoaldo. Resolveu, então cuidar dos seus apartamentos, de sua fazenda e da pequena indústria de borracha. Anos depois de ter abandonado o futebol, o cronista esportivo De Vaney escreveu no jornal Cidade de Santos:  “Não houve antes de Zito, não existe depois dele. Não existe agora e ninguém sabe quando aparecerá um estimulador de time, um transmissor de ânimo, um orientador tão hábil e tão enérgico, um comunicador de tão absoluto equilíbrio”.  O apelido “Zito” nasceu entre seus familiares.

              José Eli de Miranda, era chamado por eles de Joselito. Com o passar dos anos, os companheiros resolveram simplificar o apelido e a partir daquele momento, passou a ser chamado simplesmente de Zito.   Os amantes do futebol que viveram a época de ouro do futebol brasileiro, jamais esquecerão deste jogador que além das inúmeras qualidades, tinha uma incrível personalidade, técnica e sempre foi um grande atleta. Não foram raras as vezes que lançou Coutinho e Pelé para que estes fizessem seus belos gols. 

               Defendeu as cores do time de Vila Belmiro por 15 anos (1952 – 1967), tendo jogado 706 partidas com a gloriosa camisa alvinegra.   Foi um dos maiores volantes da história do futebol brasileiro. Zito faleceu dia 14 de junho de 2015. Estava sempre no estádio Urbano Caldeira, pois com cinqüenta anos de clube e um exemplo de dedicação, ele sempre dizia: “O Santos Futebol Clube é a minha vida e o meu grande amor”.

Em pé: De Sordi, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar      –     Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo
Em pé: Preparador Físico  Paulo Amaral, De Sordi, Zózimo, Zito, Nilton Santos, Castilho, Mauro e o técnico Vicente Feola    –    Agachados: Joel, Moacir, Mazzola, Dida e Zagallo.
Em pé: Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar     –     Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo
Em pé: Djalma Santos, Zito, Gilmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro      –    Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo
Em pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro      –      Agachados: Dorval , Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe
Em pé: Zito, Olavo, Formiga,Getúlio, Zé Carlos e Gilmar Agachados: Julinho, Pelé, Servilio, Chinesinho e Pepe
Em pé: Zito, Ramiro, Manga, Urubatão, Getúlio e Dalmo      –     Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe
Em pé: Dalmo, Zito, Urubatão, Formiga, Getúlio e Laércio     –     Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe
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