GIL: bicampeão carioca pelo Fluminense em 1975 / 76

                           Gilberto Alves nasceu no município de Nova Lima (MG), em 24 de dezembro de 1950. No meio futebolístico fico conhecido como “Búfalo Gil”. Seu pai José Maria Alves estava orgulhoso, afinal seu filho havia sido aprovado nos quadros amadores do Cruzeiro Esporte Clube de Minas Gerais.

                           Com boas apresentações na categoria juvenil do Cruzeiro entre 1967 e 1969, tudo indicava que seu Zé Maria ainda teria muita coisa para falar de Gilberto. Mas em pouco tempo o clima de confiança nos dirigentes virou decepção. O tão esperado futuro salvador não passou de um “contrato de gaveta”, que inclusive foi assinado contra sua vontade.

                            Procurando por um espaço no elenco, Gil disputou algumas partidas em uma espécie de quadro misto do Cruzeiro, época em que ganhou relativo destaque ao lado de Palhinha, Pedro Paulo e Mário Tito. Descrente por uma chance em um time que contava com jogadores de muita qualidade; como Dirceu Lopes, Piazza, Tostão e Zé Carlos, Gil acabou emprestado em 1972 ao Uberlândia Esporte Clube (MG).

                            Permaneceu no Uberlândia em uma única temporada e quando voltou ao Cruzeiro recebeu do técnico Yustrich um comunicado assustador: “Ei Garoto, trate de procurar time. Aqui você não tem lugar”. Sem contrato e enfrentando dificuldades financeiras, Gil ainda teve que lidar com o agravamento da doença do pai. Foram momentos difíceis!

                             E Gil foi suportando tudo graças ao pronto socorro dos companheiros de clube, em especial do zagueiro Fontana, que sempre o ajudou com algum dinheiro quando mais precisava. Com um golpe de pura sorte, Gil aproveitou de um afastamento inesperado do presidente Felício Brandi e recebeu o próprio passe.

                             Ter o próprio passe em mãos era como possuir uma “Carta de Alforria”. Agora, o sofrido rapazola de Nova Lima poderia escolher o próprio destino, sem precisar recorrer ao humor de qualquer dirigente. Rapidamente, Gil firmou compromisso com o Villa Nova Atlético Clube (MG), clube onde também assinou seu primeiro contrato de verdade!

                             Não era uma soma de grande monta, mas vantajoso para quem até aquele momento só vivia de migalhas. Além disso, o Villa Nova bancou os móveis de sua casa e ainda depositou mais 12.000 cruzeiros em sua conta. Em 1973, quando Gil foi emprestado ao Esporte Clube Comercial de Campo Grande (MS), finalmente seu futebol decolou.

                             Orgulhoso, Gil encontrou seu nome em uma matéria especial sobre os novos valores do Campeonato Nacional na revista Placar. Famoso nas ruas, o atacante assistia seus gols pela primeira vez na televisão. Dirigido pelo técnico José Carlos Bauer, o mesmo Bauer vice-campeão mundial de 1950, o atacante Gil marcava gols de todo jeito. Seu desempenho foi determinante na grande campanha realizada no campeonato brasileiro.

                              De volta ao Villa Nova, Gil quase foi transferido para o América (RJ). Todavia, em razão de algumas trapalhadas dos “cartolas”, o acerto financeiro não foi possível junto ao clube carioca. Contudo, Gil levou muita sorte e foi parar no Fluminense (RJ), também por empréstimo. Os primeiros meses na “Cidade Maravilhosa” foram terríveis. Gil não conseguia embalar e temeu pela própria sorte!

                             Quando o prazo do empréstimo já estava quase terminando, o ponteiro-direito estava visivelmente abalado, ao ponto de mandar os familiares de mala e cuia para Minas Gerais. Mas o cenário mudou depois de grandes atuações em 3 partidas consecutivas. A primeira foi contra o Olaria, quando Gil entrou no lugar de Ivair e marcou 2 gols na vitória por 3×1. Foi o fim de um tabu de vários anos sem vencer o time da Rua Bariri.

                             A segunda aconteceu diante do Bangu. O rompedor Gil entrou jogando e marcou mais 2 gols na goleada por 4×0. Finalmente, o jogo que fez com que Gil fosse ovacionado pelos torcedores aconteceu na vitória contra o Vasco da Gama por 5×1, quando o ponteiro-direito marcou mais 3 vezes: 8 de setembro de 1974 – Campeonato Carioca – Taça Guanabara – Fluminense 5×1 Vasco da Gama – Estádio do Maracanã – Árbitro: Luis Carlos Felix – Gols: Gil 7’, Mazinho 9’ e Gil aos 18’ do primeiro tempo; Cléber 2’, Gil de pênalti aos 5’ e Roberto aos 32′ do segundo tempo.

Fluminense: Felix (Roberto); Toninho, Brunel, Assis e Marco Antônio; Gerson e Cléber (Silveira), Cafuringa, Mazinho, Gil e Zé Roberto. Técnico: Parreira. Vasco da Gama: Carlos Henrique; Paulo César, Fidélis, Joel e Alfinete; Alcir e Zanata; Jorginho, Peres, Roberto Dinamite e Luís Carlos. Técnico: Mário Travaglini.

                              Contratado em definitivo pelo Fluminense, Gil assinou seu primeiro contrato realmente compensador. Em grande fase, o papel de um simples coadjuvante era coisa do passado! Gil ficou famoso por uma jogada que os adversários conheciam muito bem, mas raramente conseguiam evitar: “Os lançamentos perfeitos de Roberto Rivelino”.

                              Além da velocidade, Gil era muito forte fisicamente e costumava levar vantagem nas divididas. Apelidado de “Búfalo”, Gil foi bicampeão carioca nas edições de 1975 e 1976. Ainda em 1976, seu nome foi lembrado com justiça na Seleção Brasileira. Disputou o Torneio Bicentenário dos Estados Unidos e a Taça do Atlântico. Em ambos, os canarinhos ficaram com o título da competição.

                               Em 1977, Gil foi negociado com o Botafogo de Futebol e Regatas. Era a realização de um sonho pessoal de infância, quando foi mascote e tirou fotografias ao lado do grande ídolo Didi, o famoso “Folha Seca”. Mas o clima de alegria não durou muito. A má fase bateu na porta e Gil viveu uma crise de confiança: “Como era difícil jogar sem o açúcar das bolas lançadas pelo mágico pé esquerdo de Rivelino”.

                               Pensativo, Gil revelou nas páginas da revista Placar que também sentia falta do positivismo do presidente Francisco Horta. Independente das dificuldades, o atacante mineiro continuou batalhando forte pelo time da “Estrela Solitária”. Convocado para o mundial da Argentina em 1978, Gil permaneceu no Botafogo até 1980.

                               Em seguida jogou pelo Real Murcia da Espanha, Corinthians (SP), Coritiba (PR) e Farense de Portugal, equipe onde encerrou sua brilhante trajetória nos gramados. Algumas fontes registram ainda passagens pelo América (RJ) e pelo São Cristóvão (RJ). Pelo Corinthians jogou apenas sete meses. Ao todo foram 13 jogos. Venceu 7, empatou 5 e perdeu 1. Marcou 2 gols.

                               Também participou do selecionado de Master’s do saudoso jornalista Luciano do Valle. Como treinador, Gil trabalhou em várias equipes do futebol nacional e internacional.

Cruzeiro de 1971 – Em pé: Pedro Paulo, Raul Fernandes, Vanderlei, dois jogadores não identificados e Mário Tito    –    Agachados: Nocaute Jack (massagista), Gil, Eduardo Amorim, João Ribeiro, Spencer e Rodrigues
Em pé: Félix, Toninho, Edinho, Silveira, Zé Mário e Marco Antonio    –    Agachados: Búfalo Gil, Kléber, Manfrini, Rivelino e Zé Roberto
Comercial de Campo Grande-MS, em 1973. O primeiro em pé é o goleiro Careca. O terceiro é Moraes –   Agachados: Copeu (o primeiro atleta, da esquerda para a direita) e Búfalo Gil (o terceiro, com a mão na bola)
Botafogo de 1970 – Em pé: Perivaldo, Zé Carlos, Luizinho, Rodrigues Neto, Renê e Osmar      –   Agachados: Gil, Mendonça, Nílson Dias, Bráulio e Paulo César Caju
Em pé: Getúlio, Leão, Miguel, Fuscão, Givanildo e Marco Antonio. AGACHADOS: Nocaute Jack, Búfalo Gil, Geraldo, Roberto Dinamite, Zico e Flecha
Em pé: Félix, Toninho, Bruñel, Gérson, Assis e Marco Antônio     –   Agachados: Cafuringa, Mazinho, Cléber, Búfalo Gil e Carlos Alberto Pintinho
Botafogo em 1977   –   Em pé: Ubirajara Alcântara, Renê, Osmar Guarnelli, Carbone, Rodrigues Neto e Perivaldo    –      Agachados: Toucinho (massagista), Gil, Paulo Cézar Cajú, Dé, Nílson Dias e Mário Sérgio
1976 – Em pé: Marinho Chagas, Leão,Miguel, Beto Fuscão, Falcão e Orlando  –   Agachados: Gil, Zico, Roberto Dinamite, Rivelino e Lula
1975 – Em pé: Renato, Carlos Alberto Pintinho, Carlos Alberto Torres, Edinho, Rubens Galaxe e Rodrigues Neto    –    Agachados: Búfalo Gil, Kléber, Doval, Rivelino e Dirceu
Seleção Brasileira de Masters.  Em pé: Teodoro, Toninho Baiano, Djalma Dias, Jaime de Almeida, Marco Antônio, Ado e Luciano do Valle    –    Agachados: Gil, Paulo César Carpegiani, Lola, Dicá, Edu e um membro da comissão técnica

 

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