AMARAL: campeão paulista pelo Corinthians em 1979

                João Justino Amaral dos Santos nasceu dia 25 de dezembro de 1954, na cidade de Campinas – SP. Começou a carreira no Guarani de Campinas, jogou também no Corinthians, no Santos, no América do México, depois no Universidad de Guadalajara, também no México e encerrou a carreira no Blumenau de Santa Catarina. Foi sem dúvida alguma, um dos maiores zagueiros do futebol brasileiro. Possuía um futebol bonito, um zagueiro clássico, que preferia sair com a bola dominada a dar um bicão para a frente. Vestiu também a camisa da Seleção Brasileira, inclusive foi destaque na Copa de 1978, quando enfrentamos a seleção espanhola. O Brasil corria o risco de não se classificar para a segunda fase caso fosse derrotado. Num ataque espanhol, o goleiro Leão acabou ficando batido. Amaral, com grande visão de jogo, postou-se sobre a linha de gol. A bola foi chutada e Amaral evitou o gol. Mas o rebote foi espanhol e uma nova tentativa foi feita. Mas Amaral estava La novamente para tirar em cima da linha e entregar a bola às mãos do arqueiro Leão, para alivio de toda nação brasileira. 

GUARANI  F. C.

               Jogou no Guarani de 1969 a 1978. O início de sua carreira foi interessante porque ele era bem jovem e naquela oportunidade, para dar chance a um garoto, ele tinha que ter uma qualidade muito boa, principalmente no Guarani que sempre foi um clube revelador de talentos. A responsabilidade era muito grande. Amaral era um zagueiro clássico, raramente dava um chutão, foi sem dúvida, um dos melhores zagueiros que o Guarani já teve. Amaral ganhou no Bugre o apelido de Feijão Maravilha, já que era considerado um dos atletas mais técnicos da posição que o futebol brasileiro produziu. No Bugre, o zagueirão foi destaque principalmente em 1976 quando jogou com Zenon, Flamarion e Renato, entre outros. Ele, entretanto, não fez parte do timão campeão em 1978 porque havia sido negociado com o Corinthians.

               Quando deixou o Guarani a equipe bugrina era assim formada; Neneca, Miranda (Mauro), Gilberto, Amaral e Cuca; Flamarion, Renato e Zenon; André (Brecha), Campos e Valdez. Este foi o time que derrotou o Corinthians por 3 a 0 no dia 27 de março de 1977. Neste dia o estádio Cicero Pompeu de Toledo recebeu um público de 60.034 pagantes, pois o atacante Palhinha fazia sua estréia com a camisa corintiana. O jogo foi pela manhã, ou seja, às 11:00 horas, num domingo de muito sol na capital paulista. Com esta derrota o técnico Duque perdeu o cargo, sendo contratado Osvaldo Brandão para o seu lugar, o que foi uma boa para o alvinegro de Parque São Jorge, pois o mestre Brandão deu início a uma arrancada que levou o time ao titulo daquele ano, um título que a Fiel aguardava durante 22 anos e 8 meses, pois o último havia sido em 1954, quando também era dirigido pelo saudoso Osvaldo Brandão.

CORINTHIANS

               Quando Amaral chegou ao Corinthians, já havia disputado a Copa de 78 na Argentina, onde foi titular absoluto. Nessa época já havia se desligado do Guarani e assinado com o Corinthians. Portanto, já era jogador corintiano, mas sua estréia só aconteceu depois do mundial. E isto foi no dia 1 de julho de 1978. O jogo foi contra o Bahia e válido pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. O jogo foi no Estádio da Fonte Nova e o time baiano venceu por 1 a 0. Neste dia o alvinegro jogou com; Jairo, Cláudio Mineiro, Moisés, Amaral e Wladimir; Ruço, Palhinha e Ademir Vicente; Geraldão, Rui Rey e Romeu. O técnico era Armando Renganeschi. O único gol da partida foi anotado por Douglas, o mesmo que havia defendido o Santos e por muitas vezes fez dupla de ataque com Pelé.

               Um mês depois que Amaral deixou o Guarani, o clube campineiro sagrou-se campeão brasileiro ao derrotar o Palmeiras por 1 a 0 na primeira partida e novamente por 1 a 0 na segunda partida. Mas no ano seguinte era Amaral que soltava o grito de campeão, ao derrotar a Ponte Preta por 2 a 0 no dia 10 de fevereiro de 1980, gols de Sócrates e Palhinha. Neste dia o Corinthians jogou com; Jairo, Zé Maria (Luiz Cláudio), Mauro, Amaral e Wladimir; Caçapava, Biro Biro e Palhinha (Basílio); Piter, Sócrates e Romeu. O técnico era Jorge Vieira.

               Depois de mergulhar numa má fase, da qual não conseguiu sair mais, foi vendido ao Santos. Sua última partida com a camisa corintiana aconteceu dia 12 de março de 1981, quando o Corinthians perdeu para o Santa Cruz por 4 a 1 pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. O jogo foi no Pacaembu e o único gol corintiano foi anotado por Zenon cobrando pênalti, quando a partida já estava quatro a zero para a equipe pernambucana.  Vale lembrar que, assim como este jogo foi a despedida de Amaral, também foi a estréia de Zenon no Corinthians, ou seja, dois jogadores que fizeram muito sucesso no Guarani de Campinas.

              Com a camisa corintiana, Amaral disputou 133 partidas. Venceu 65, empatou 40 e perdeu 28. Marcou um gol somente (de pênalti) e foi no dia 3 de junho de 1979, quando o Corinthians perdeu para o Santo André por 2 a 1, num jogo amistoso realizado no Estádio Bruno José Daniel, na cidade de Santo André – SP. No alvinegro do Parque São Jorge, Amaral formou a chamada “Muralha Negra” ao lado do goleiro Jairo, do lateral-direito Zé Maria, do zagueiro Mauro, do lateral-esquerdo Wladimir e do volante Caçapava, todos jogadores negros e foi campeão Paulista em 1979.

OUTROS CLUBES

               Depois que deixou o Corinthians, Amaral jogou no Santos por pouco tempo. Depois foi para o México, onde jogou no América de 1982 até 1984 onde foi campeão mexicano em 1984. Jogou também no Universidad de Guadalajara de 1984 até 1986. Segundo o próprio Amaral, “Foi interessante e gostoso. O duro é a adaptação da família, mas não tive problemas neste aspecto porque dois dos meus filhos nasceram lá (Sandro e Juliana). Eu morava em uma cidade maravilhosa que era Guadalajara, desfrutava do futebol mexicano e o mais importante é que deixei escola por lá. Em 1987 retornou ao Brasil. Jogou  algum tempo no Blumenau de Santa Catarina e por lá encerrou sua brilhante carreira.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Em 1976, Amaral vestiu a camisa canarinho pela primeira vez e com ela conquistou vários títulos, como por exemplo, o Torneio Bicentenário dos Estados Unidos, a Taça do Atlântico, a Copa Rio Branco e a Copa Roca, todos no ano de 1976. Em 1978 Amaral desligou-se do Guarani e assinou contrato com o Corinthians. Nesse meio tempo foi convocado pelo técnico Cláudio Coutinho para defender nossa seleção no mundial da Argentina daquele ano. Junto com ele, também foram convocados os seguintes zagueiros; Oscar, Edinho, Abel Braga e Polozzi. A seleção brasileira realizou 7 partidas, venceu 4: contra a Áustria por 1×0, contra o Peru por 3×0, contra a Polônia por 3×1 e na decisão do terceiro lugar contra a Itália 2×1, com gols de Nelinho e Dirceu. Empatamos 3: contra a Suécia por 1×1, contra a Espanha por 0x0 e contra a Argentina por 0x0.  Os artilheiros brasileiros nesta Copa foram Roberto Dinamite e Rivelino com 3 gols cada.

             Foi uma Copa em que fatos estranhos aconteceram e que até hoje não foi bem explicado e isto aconteceu na última rodada do dia 21 de junho quando jogariam Brasil x Polônia e Argentina x Peru. O saldo de gols poderia definir o finalista. Por isso, estranhamente, a FIFA marcou os dois jogos para horários diferentes. Primeiro, o jogo em que o Brasil realizou sua melhor exibição e venceu a Polônia por 3×1. Três horas mais tarde, já sabendo de quantos gols precisaria para se classificar, os argentinos enfrentaram os peruanos e venceram por 6×0. Goleada suficiente para levar os donos da casa para a final contra a Holanda. Restou aos brasileiros jogar contra a Itália e lutar pelo terceiro lugar.

             Vencemos por 2×1 e terminamos o campeonato invicto. Neste jogo o time brasileiro foi o seguinte; Leão, Nelinho, Oscar, Amaral e Rodrigues Neto; Batista, Toninho Cerezo (Rivelino) e Dirceu, Gil (Reinaldo), Jorge Mendonça e Roberto Dinamite. A Itália abriu o placar aos 38 minutos do primeiro tempo através de Causio, o Brasil empatou aos 19 da etapa completar com Nelinho cobrando falta e virou o placar aos 25 através de Dirceu. Somado às circunstâncias que cercaram a discutida goleada dos argentinos sobre os peruanos, levaram o treinador brasileiro Cláudio Coutinho a uma declaração que se tornaria quase história: “O Brasil é o campeão moral desta Copa”.

               Pela Seleção Brasileira, Amaral jogou 56 partidas com 39 vitórias, 13 empates e 4 derrotas. Sua última partida pela seleção foi em 29 de junho de 1980 em um empate em 1×1 do Brasil contra a Polônia. Este jogo foi disputado no Estádio do Morumbi e o gol brasileiro foi anotado por Zico. Amaral confessa que se inspirou em quatro zagueiros quando começou no profissional, são eles; Ramos Delgado, Joel Camargo, Djalma Dias e Roberto Dias. Com cada um deles aprendia um pouquinho, pois eram extraordinários jogadores, todos a nível de seleção. Hoje Amaral reside no bairro da Moóca, em São Paulo, onde tem um escritório de representação de atletas de futebol. Leva uma vida tranquilo junto de sua família e sempre que pode bate uma bolinha com amigos e no Masters do Corinthians.

Em pé: Leão, Oscar, Amaral, Falcão, Miranda, Zé Maria e  o treinador Carlos Alberto Silva    –     Sentados: Careca, Zico, Palhinha, Paulo César Carpegiani e Zenon
 Seleção Brasileira na Copa de 1978   –   Em pé: Toninho Baiano,Leão, Oscar, Edinho, Toninho Cerezo, Amaral e o preparador físico Admildo Chirol    –     Agachados: o massagista Nocaute Jack, Tarciso, Zico, Reinaldo, Rivelino e Dirceu
Em pé: Mauro, Amaral, Manguinha (campeão paulista com a Inter de Limeira em 86), Edson, Neneca, Cuca  e o massagista Índio    –     Agachados: Miranda, Renato, Adriano, Zenon e Valdez
Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu   –    Agachados: Vaguinho, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir
Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu   –     Agachados: Piter, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir
Em pé: Jairo, Mauro, Luis Cláudio, Amaral, Caçapava e Romeu   –    Agachados: Píter, Biro-Biro, Palhinha, Sócrates e Wladimir
Em pé: Waldir Peres, Gilberto Sorriso, Amaral, Paranhos, Nelsinho Baptista e Chicão    –     Agachados: Terto, Leivinha, Geraldão, Pedro Rocha e Nei
Postado em A

Deixe uma resposta