AQUILES: campeão da Copa Rio 1951 pelo Palmeiras

                  Aquiles dos Reis nasceu dia 28 de agosto de 1928, na cidade de Miranda, quando ainda era unificado os estados de Mato Grosso. Jogou no Palmeiras de 1949 até 1954 e foi o principal personagem de uma das partidas mais emocionantes da história do clássico entre Palmeiras e São Paulo, o famoso Choque-Rei. Neste dia era decidido o título do Campeonato Paulista de 1950. O Palmeiras jogava por um empate e o Tricolor vencia a partida por 1 a 0, mas aos 15 minutos da etapa final, Aquiles marcou o gol de empate e também o gol do titulo. Outra conquista alviverde e que Aquiles também fez parte desta história, foi na Copa Rio de 1951, uma espécie de Mundial de Clubes e que o Palmeiras sagrou-se campeão.

                Enfim, Aquiles foi um jogador que marcou época com a camisa esmeraldina. Disputou 70 partidas. Venceu 39, empatou 16 e perdeu 15. Marcou nesse período 37 gols. Infelizmente Aquiles nos deixou no dia 9 de janeiro de 2014. Morreu quando dormia em sua residência em Campo Grande-MS. Teve que encerrar a carreira ainda muito jovem, aos 25 anos, devido a duas lesões seguidas que afetaram o calcanhar, tíbia e perônio.

               Aquiles chegou ao Parque Antarctica no final de 1949 e fez sua estreia no início de 1950 no Torneio Rio-São Paulo e logo na segunda rodada o adversário foi o Corinthians. Este jogo aconteceu dia 14 de janeiro de 1950, no Estádio do Pacaembu. Para este jogo o técnico Ventura Camboni do alviverde, mandou a campo os seguintes jogadores; Oberdan, Turcão e Gengo; Mexicano, Tulio e Manduco (Salvador); Harry, Aquiles, Abelardo (Washington), Jair Rosa Pinto e Lima. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3 a 2, sendo que chegou a estar vencendo por 3 a 0, mas o alviverde diminuiu com dois gols de Washington. Vale lembrar que o campeão do Rio-São Paulo daquele ano foi o Corinthians.

CAMPEONATO PAULISTA

              O Campeonato Paulista de 1950 foi disputado somente no segundo semestre devido a Copa do Mundo que aconteceu aqui no Brasil. E foi no dia 20 de agosto que o Palmeiras fez sua estreia diante da Portuguesa Santista e empatou em 1 a 1. O Palmeiras fazia um bom campeonato e mantinha a liderança, porém, seria perdida pouco tempo depois, e a situação ficaria mais grave ainda depois de duas derrotas em dois clássicos, contra a Portuguesa por 3 a 1 e para o Santos por 4 a 2. E a coisa piorou na primeira rodada do novo ano, mais precisamente dia 7 de janeiro de 1951, quando o alviverde perdeu para o Corinthians por 3 a 1, com dois gols de Baltazar e um de Luizinho, enquanto que Aquiles marcou para o Verdão. Com essa derrota o Palmeiras ficou três pontos atrás do São Paulo e faltavam apenas mais três rodadas para terminar o campeonato e isto deixou a torcida esmeraldina muito preocupada.

               Não custa lembrar que naquela época uma vitória valia dois pontos, ou seja, duas vitórias e o São Paulo seria campeão antecipado. E a antepenúltima rodada apontava Palmeiras versus XV de Piracicaba no Parque Antarctica e São Paulo versus Ypiranga. O Palmeiras fez sua parte e venceu por 1 a 0, enquanto que o Tricolor para surpresa de muitos perdeu por 2 a 1. A diferença passou a ser de apenas um ponto. Na penúltima rodada o Palmeiras iria enfrentar a Portuguesa Santista lá na baixada santista, enquanto que o Tricolor tinha um clássico pela frente diante do Santos. O jogo seria no estádio do Canindé, que naquela época pertencia ao São Paulo. Esta rodada aconteceu dia 21 de janeiro de 1951.

               O Palmeiras não tomou conhecimento do adversário e venceu por 3 a 0, enquanto que o São Paulo mais uma vez desapontou sua imensa torcida ao perder por 2 a 1. E assim dessa maneira, o Palmeiras passou a frente do Tricolor por um ponto. E vinha a última rodada do campeonato e advinha qual o jogo que a tabela marcava para este dia. Exatamente, Palmeiras x São Paulo, ou seja, um empate daria o título ao Palmeiras. O jogo foi no dia 28 de janeiro de 1951, um dia de muita chuva na capital paulista. O estádio era o velho Pacaembu que recebeu um grande público naquela tarde de domingo. 

               Para este jogo o técnico Ventura Cambon do Palmeiras mandou a campo os seguintes jogadores; Oberdan, Turcão, Palante, Waldemar Fiúme, Luiz Villa, Sarno, Lima, Canhotinho, Aquiles, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. Do outro lado o técnico do Tricolor, o experiente Vicente Feola, o mesmo que comandou nossa seleção na Copa de 58 na Suécia, onde conquistamos o nosso primeiro título mundial, escalou a seguinte equipe; Mário, Savério, Mauro Ramos de Oliveira, Bauer, Rui, Noronha, Dido, Remo, Friaça, Leopoldo e Teixeirinha.

               Em meio ao aguaceiro, que tornou a partida eternamente conhecida como o “Jogo da Lama”, o São Paulo abriu o placar logo aos 4 minutos de jogo através de Teixeirinha. A pressão são-paulina perdurou por todo o primeiro tempo, em que Oberdan Catani impediu que o placar fosse mais elástico. No intervalo, Jair Rosa Pinto cobrou aos berros mais empenho da equipe. A bronca pode ter lembrado aos demais a grandeza da camisa que vestiam; o fato é que no segundo tempo o Palmeiras foi outro. E a recompensa veio aos 15 minutos. Numa jogada iniciada por ele, Jair, a bola acabou nos pés de Aquiles, que não perdoou: 1 a 1. Os 30 minutos seguintes foram de uma intensa batalha, mas nenhuma meta foi vazada. Com o apito final, o Palmeiras sagrava-se campeão paulista de 1950.

COPA RIO DE 1951

               A Confederação Brasileira de Desportos (atual Confederação Brasileira de Futebol) organizou em 1951 o Torneio Internacional de Clubes Campeões, que depois ficou conhecida como a Copa Rio ou “Taça Rio”. Tinha este nome por ser patrocinada pela prefeitura do Rio de Janeiro. O Campeonato Mundial Interclubes de 1951, como foi batizado pela imprensa e organizadores, contou com a participação de oito times, divididos em duas chaves de quatro: Vasco da Gama – Brasil, Áustria Viena – Áustria, Nacional – Uruguai e Sporting – Portugal, com sede no Rio de Janeiro; Palmeiras – Brasil, Juventus – Itália, Estrela Vermelha – Iugoslávia e Olympique – França, com sede em São Paulo. 

               O Palmeiras fez sua estreia dia 30 de junho diante da equipe francesa Olympique e não teve dificuldades para vencê-la por 3 a 0, com um gol de Aquiles. A segunda partida foi dia 5 de julho diante do Estrela Vermelha da Iugoslávia e também venceu por 2 a 1 com um gol de Aquiles e outro de Liminha. Na última partida pelo seu grupo, uma grande surpresa, uma derrota por 4 a 0 diante da Juventus da Itália no Pacaembu. Na semifinal o Palmeiras iria enfrentar o Vasco da Gama. Mas depois da goleada sofrida diante da Juventus, Aquiles pediu para não jogar a próxima partida, pois alguns torcedores haviam ido à sua casa, na Pompeia, lhe xingar e o chamar de vendido.

               Acabou viajando para o Rio, mas não ia jogar. Nem do jantar e da palestra participou. Mas o treinador, o encontrou, conversou com ele e o animou. Entrou, foi titular e o Palmeiras venceu o Vasco da Gama por 2 a 1 e com este resultado foi decidir o título contra a Juventus da Itália, a mesma que havia goleado o Verdão na primeira fase. A final foi em duas partidas. A primeira dia 18 de julho no Pacaembu e o Palmeiras venceu por 1 a 0, gol de Rodrigues. A segunda partida foi no dia 22 de julho no Maracanã. O Palmeiras jogava por um empate e não deu outra, com gols de Rodrigues e Liminha, o Verdão empatou em 2 a 2 e conquistou a Copa Rio de 1951.

TRISTEZA

              Aquiles não teve vida longa no futebol. Apesar de “correr mais do que notícia ruim” e “não ter medo de cara feia de zagueiro”, o ex-atacante sofreu três fraturas na perna direita, uma inclusive depois de uma entrada violenta do ex-goleiro Barbosa, e teve sua carreira abreviada. Se aposentou dos gramados em 1954, aos 25 anos de idade e com uma promissora carreira pela frente, o atleta sofreu duas lesões seguidas que afetaram o calcanhar, tíbia e perônio. “Comi o pão que o diabo amassou nesse período. Acredito que houve erro médico porque, depois de velho, joguei 20 anos pelo time de veteranos do Palmeiras e nunca senti nada”, contou o palmeirense de coração, que acompanhava todos os jogos do time alviverde. Infelizmente no dia 9 de janeiro de 2014, o nosso craque Aquiles que defendeu o alviverde por 5 anos, veio a falecer.

              Em novembro de 2013, Aquiles encontrou-se com o elenco palmeirense no hotel onde a delegação esteve hospedada, em Campo Grande, antes da partida contra o Ceará pela última rodada da Série B do Brasileirão. Neste dia deu a seguinte declaração: “Sou torcedor do Palmeiras desde criança e me orgulho de ter vestido essa camisa. Fiz também muitos bons amigos no Palmeiras. O Oberdan, o Jair da Rosa Pinto, o Rodrigues são alguns deles, mas o melhor foi o Lima. Ele me ajudou, me deu banho várias vezes quando estava com a perna quebrada. Era uma ótima pessoa. Hoje, tenho dois netos gêmeos que jogam futebol muito bem, mas preferiram lutar judô. É uma pena”, comentou Aquiles na ocasião.

               Aquiles dos Reis morreu aos 85 anos em Campo Grande, onde morava já alguns anos. De acordo com familiares do ex-jogador, ele acordou aparentemente de forma saudável, no entanto, a esposa o encontrou morto horas depois num cômodo da casa. Foi diagnosticado com uma grande obstrução cardíaca, tendo 80% do coração comprometido. Foi enterrado no cemitério Jardim das Palmeiras, em Campo Grande-MS. Devido à enorme contribuição do ex-atleta ao Palmeiras, o clube arcou com todas as despesas. Aquiles era casado com dona Marta, sua segunda esposa, há mais de 30 anos, tem três filhos, oito netos e dois bisnetos. Aquiles era um dos únicos remanescentes da equipe que conquistou o título que o clube alviverde briga para ser reconhecido como o primeiro mundial de clubes, realizado em 1951. Daquela equipe, o último que morreu foi Oberdan Cattani, dia 20 de junho de 2014.

Em pé: Turcão, Osvaldo Palante, Oberdan, Francisco Sarno, Luiz Villa e Waldemar Fiume   –    Agachados: Eduardo Lima, Canhotinho, Aquiles, Jair Rosa Pinto e Rodrigues
Em Pé: Salvador, Savério, Mário Travaglini, Waldemar Fiume, Tremenbé e Oberdan   –   Agachados: Gustavo, Aquiles, Liminha, Jair Rosa Pinto e Lima

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