DIOGO: goleiro corintiano na quebra do tabu sobre o Santos F.C.

                  Olinto Lul Diogo nasceu dia 17 de fevereiro de 1939, na cidade de São Borjas – RS. Foi um goleiro arrojado e que deixou seu nome gravado na história do Sport Clube Corinthians Paulista, por fazer parte daquele time que derrotou o Santos no dia 6 de março de 1968, uma vitória que foi muito comemorada pela torcida corintiana, pois faziam 11 anos que o time de Parque São Jorge não vencia o Peixe em Campeonatos Paulista. Começou a carreira no Brasil de Pelotas-RS, passou pelo Almirante Barroso de Itajaí-SC e foi comprado do Internacional de Porto Alegre pelo Corinthians por antigos 15.000 cruzeiros novos – naquela época uma quantia irrisória, mesmo para um goleiro. Hoje ele mora em Vacaria-RS onde é fazendeiro, criador de ovelhas, bois, planta milho e tem uma “coleção” de oito cachorros, sua paixão. Pai de apenas um filho, Cassius Diogo, advogado militante em São Borja-RS.

                  Nos últimos anos da década de 50, o jovem goleiro iniciou sua carreira jogando pelo Internacional de São Borja. Em seguida, foi defender a meta rubro-negra do E.C. 14 de Julho, da cidade de Santana do Livramento (RS), onde profissionalizou-se em 1960, sendo campeão citadino e regional. Arrojado, logo despertou o interesse do Brasil de Pelotas, para onde foi transferido em 1962, permanecendo até 1964, quando o S.C Internacional manifestou o interesse pelo acrobático goleiro, que chegou ao Estádio dos Eucaliptos com ótima reputação. Com a volta do goleiro Gainete, que estava emprestado ao Vasco da Gama, além da supremacia do Grêmio a partir de 1962, Diogo aceitou a proposta do Corinthians no ano de 1967.

CORINTHIANS

                  Assim, Diogo chegou ao Parque São Jorge por 15.000 cruzeiros, uma quantia irrisória na época, mesmo para um goleiro. Naqueles tempos, o alvinegro contava com o goleiro Marcial que subitamente decidiu encerrar sua carreira e depois com Barbosinha, crucificado pela fiel torcida após as falhas em um clássico contra o Palmeiras, quando Tupãzinho acertou dois tiros do meio da rua em cobranças de falta. Este jogo aconteceu dia 19 de novembro de 1967 e depois disso o jovem arqueiro corintiano vestiu a camisa do time de Parque São Jorge mais uma vez somente.

                   Depois desse jogo Marcial assumiu a titularidade da meta corintiana. Diogo fez sua estreia somente dia 4 de fevereiro de 1968, quando o Timão enfrentou o XV de Piracicaba pelo Campeonato Paulista daquele ano. Neste dia  o técnico Luiz Alonso Peres, o popular Lula, mandou a campo os seguintes jogadores; Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Maciel; Edson e Rivelino; Marcos, Tales (Dino Sani), Flávio e Eduardo. O jogo foi realizado no Parque São Jorge e o Corinthians venceu por 2 a 1, gols de Tales e Dino Sani, enquanto que Nicanor anotou o único tento piracicabano.

                  Depois desse jogo Digo não saiu mais da equipe. No jogo seguinte o Corinthians venceu o São Bento de Sorocaba por 3 a 1, o Botafogo de Ribeirão Preto por 2 a 1, empatou com a Ferroviária em 0 a 0, venceu o Juventus por 3 a 0, empatou com o Comercial de Ribeirão Preto em 1 a 1 e finalmente chegava o dia 6 de março de 1968, uma quarta feira a noite, quando a tabela marcava para este dia o clássico mais antigo do futebol paulista, Santos e Corinthians.

                  Era uma quarta feira, dia de trabalho, mas o torcedor corintiano fez de tudo para estar no velho Pacaembu naquela noite, pois renascia a esperança de que aquele seria o grande dia da quebra daquele tabu que se arrastava por quase 11 anos sem uma única vitória contra o Santos pelo Campeonato Paulista. O jogo em si não decidia nada. Não para o campeonato, mas para toda a nação corintiana, valia e muito. O Pacaembu estava lotado, como sempre acontecia nos jogos dos alvinegros. A cidade não tinha outro assunto que não fosse o jogo daquela noite. O Corinthians estava reforçado por Paulo Borges que tinha chegado do Bangu e Buião do Atlético Mineiro. Nas arquibancadas, uma faixa demonstrava o espírito da torcida: “A Fiel não está de luto; só os covardes acreditam na derrota”.

                 E todos gritavam:  “É hoje!”. Para esta partida o técnico Lula do Corinthians, que havia trabalhado no Santos por 11 anos, sendo ele o técnico do Peixe quando iniciou o tabu, mandou a campo os seguintes jogadores; Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Maciel; Edson e Rivelino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo. Do outro lado, o técnico Antoninho escalou, Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Lima e Negreiros; Kaneko, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu.  O árbitro da partida foi o argentino Roberto Goycochea, considerado um dos melhores árbitro da época.

                 O jogo começa tenso e o primeiro tempo termina com o placar em branco. Na segunda etapa a pressão do Corinthians aumenta. Rivelino coloca uma bola de primeira e ela bate na trave. Aos 13 minutos, Paulo Borges desce pela esquerda, tabela com Flávio e recebe na frente. Mesmo desequilibrado, arrisca um tiro longo de esquerda. É gol !!!  Corinthians 1 a 0. A Fiel torcida corintiana vai a loucura. Mas exige-se muita atenção, afinal, Pelé estava em campo e tudo era possível.

                Aos 31 minutos, Rivelino sai driblando, aproxima-se da área e aguarda a infiltração de Flávio. Coloca o centroavante na frente do gol e este não desperdiça a chance e enfia o pé com vontade e faz 2 a 0. A torcida que já estava eufórica, vai ao êxtase, não acredita naquilo que está vendo, parece um pesadelo que está acabando. O tempo foi passando e a torcida naquela aflição, até que o árbitro apita o final de jogo. Corinthians 2 a 0 e o fim do tabu. Pelé chora, os jogadores do Corinthians são carregados pela multidão.

                A festa se estendeu pela madrugada. Carros buzinando, rojões que espocavam nos céus de São Paulo, pessoas gritando, enfim, parecia que o Corinthians havia conquistado um titulo. No dia seguinte, A TV Bandeirantes que havia sido inaugurada um ano antes, passou o vídeo-tape durante o dia inteiro. Uma fila de torcedores contornava o quarteirão da Igreja dos Enforcados, na Liberdade. Os corintianos pagavam aliviados suas promessas, sabendo que a fé tinha ajudado o futebol a vencer o tabu, a derrotar o imbatível Santos de Pelé.

               A última partida do goleiro Diogo com a camisa corintiana, foi dia 28 de maio de 1970, quando do Corinthians enfrentou o Feyenoor, da Holanda, num jogo amistoso realizado em Roterdã. O Corinthians perdeu de 4 a 2, marcaram para os alvinegros, Suingue e Adnan. Neste dia o técnico Dino Sani mandou a campo os seguintes jogadores; Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Mendes e Miranda; Tião e Suingue; Paulo Borges, Ivair, Tales e Adnan. Jogando pelo Corinthians, Diogo realizou 52 jogos. Venceu 26, empatou 13 e perdeu 13. Sofreu 60 gols. Com a saída de Diogo, quem assumia a meta corintiana foi o goleiro Ado, que chegou a fazer parte do grupo da nossa seleção na conquista do mundial do México em 70. Depois do Corinthians, Digo ainda jogou no Almirante Barroso de Itajái, em Santa Catarina, onde encerrou sua carreira.

              Diogo morreu na manhã de 22 de outubro de 2021, aos 82 anos. Ele estava internado no asilo Caso do Idoso Sebastião Peres Filho, em Santana do Livramento, interior do Rio Grande do Sul, após ter ficado internado por alguns dias na Santa Casa de Misericórdia.

1969   –  Em pé: Dirceu Alves, Lidu, Carlos, Clóvis, Edson e Diogo    –    Agachados: Paulo Borges, Adnan, Benê, Rivelino e Eduardo
6 de março de 1968    –   Em pé: Oswaldo Cunha, Edson, Luis Carlos, Diogo, Ditão e Maciel    –    Agachados: Buião, Paulo Borges, Flávio, Rivelino e Eduardo
Em pé: Oswaldo Cunha, Luís Carlos, Ditão, Diogo, Edson e Maciel   –    Agachados: Buião, Paulo Borges, Flávio, Rivelino e Eduardo
1969  –  Em pé: Oswaldo Cunha, Carlos, Luis Américo, Luis Carlos, Lidu e Diogo   –    Agachados: Paulo Borges, Adnan, Flávio, Rivelino e Eduardo
1968   –   Em pé: Oswaldo Cunha, Ditão, Diogo, Edson, Luís Carlos e Maciel    –    Agachados: Marcos, Tales, Flávio, Rivelino e Eduardo
Em pé: o massagista Davidson, Pedrinho, Dirceu Alves, Ditão, Luis Carlos, Diogo e Miranda   –     Agachados: Ivair, Buião, Nelson, Tião e Suingue
1968  –  Em pé: Almeida, Diogo, Oswaldo Cunha, Luís Carlos, Tião e Maciel   –    Agachados: Buião, Tales, Paulo Borges, Rivelino e Eduardo
1968  –  Em pé: Oswaldo Cunha, Ditão, Diogo, Luiz Carlos, Edson e Maciel – Agachados: Buião, Paulo Borges, Flávio, Rivelino e Eduardo
Postado em D

Deixe uma resposta