DEQUINHA: tricampeão carioca pelo Flamengo em 1953 / 54 / 55

                   José Mendonça dos Santos nasceu dia 19 de março de 1928, na cidade de Mossoró (RN). Durante muito tempo não faltaram candidatos ao título de “Novo Dequinha”. Mas Dequinha foi único. Sua trajetória permanece lembrada como um notável médio-volante que emergiu após um período dominado por estrangeiros; como o argentino Volante e o paraguaio Modesto Bria.

                  Ainda menino, Dequinha trabalhava como aprendiz na oficina mecânica de um amigo da família, o senhor Tertu Ayres. E foi com os colegas da oficina que Dequinha iniciou sua jornada em times amadores da região. Luíz Gonzaga dos Santos, pai de Dequinha, considerava o futebol como um contratempo, um desperdício de tempo que apenas atrapalhava o futuro do filho!

                   Em 1945 o então ponteiro esquerdo Dequinha foi encaminhado ao Atlético de Mossoró. Em 1948 foi para o Potiguar, época em que já jogava na posição de centro-médio. Com um futebol de boa qualidade técnica, Dequinha logo despertou o interesse dos dirigentes do ABC Futebol Clube de Natal, que em pouco tempo recuperaram o investimento ao negociar seu passe com o América de Recife, no findar de 1949.

                   Durante uma excursão do Flamengo pelo Nordeste, o futebol do rapaz de Mossoró encantou os dirigentes do time da Gávea, que imediatamente formalizaram uma proposta aos dirigentes do América de Recife. No entanto, um grupo considerável de torcedores do América não concordou com a saída do jogador, o que gerou um grande protesto na porta do clube.

                   Diante da inesperada reação popular, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol e presidente do América, Rubens Moreira, logo tratou de serenar os ânimos e intermediou a negociação com o Flamengo no findar de 1950.

                    Dequinha chegou ao Rio de Janeiro com relativo prestígio, longe de imaginar que seria transformado em um dos maiores ídolos da história do clube. Sua primeira participação aconteceu em 17 de setembro de 1950, no empate em 2×2 contra o América pelo campeonato carioca.

                    Campeão do Torneio Início nas edições de 1951 e 1952, Dequinha era suplente do paraguaio Modesto Bria. Aos poucos, o rapaz de Mossoró foi ganhando espaço no time. Jogando como médio-volante ou ainda como lateral, Dequinha era dono de uma ótima resistência física para os padrões daqueles tempos.

                     Bom de bola e sobretudo polivalente, Dequinha formou ao lado de Jadir e Jordan um trio que marcou época no cenário carioca. Além de proteger o sistema defensivo, suas esticadas típicas de um fundista iniciavam os contra-ataques mortais do time treinado por Flávio Costa.

                     Lançador de muita qualidade, Dequinha executava com maestria as ligações para Evaristo e Joel, além de ajudar Rubens na criação das manobras de ataque. Dequinha também aparece no famoso “Samba Rubro-Negro”, uma composição que representa todo o entusiasmo do tricampeonato carioca de 1953, 1954 e 1955.

                     Composto por Wilson Batista em parceria com Jorge de Castro, a música foi lançada em 1954. Na letra encontramos também os nomes de Rubens e do valente zagueiro Pavão:

– “Flamengo joga amanhã. Eu vou pra lá. Vai haver mais um baile no Maracanã. O mais querido tem Rubens, Dequinha e Pavão. Eu já rezei pra São Jorge. Pro mengo ser campeão”.

                    Além do tricampeonato carioca, Dequinha conquistou também vários torneios nacionais e internacionais; como em 1954 e 1955, quando o Flamengo foi bicampeão do Torneio Internacional do Rio de Janeiro.

                    Figura sempre presente também no selecionado carioca, o franzino Dequinha foi convocado pelo técnico Zezé Moreira para disputar o mundial de 1954 na Suíça, como reserva de José Carlos Bauer. Jogando pela Seleção Brasileira Dequinha disputou 8 partidas com 4 vitórias, 2 empates e 2 derrotas.

                    Após o vice-campeonato carioca de 1958, o Flamengo estava em crise e Dequinha, com pouco mais de 30 anos, não apresentava mais o mesmo rendimento que o consagrou. Para piorar, o volante sofreu uma grave lesão que o afastou dos gramados por um tempo considerável. A recuperação já não era tão rápida como na juventude e assim o volante foi perdendo espaço.

                   Dequinha defendeu o Flamengo em 374 compromissos. Foram 234 vitórias, 70 empates, 70 derrotas e 8 gols marcados.  Sem conseguir recuperar a forma, Dequinha perdeu o lugar para o jovem e promissor Carlinhos “Violino”, outro grande valor que também fez muito sucesso na Gávea.

                    Magoado com alguns dirigentes, seu passe foi negociado com o Botafogo de Futebol e Regatas, onde não permaneceu por muito tempo. Em seguida, Dequinha jogou pelo Campo Grande (RJ) até o final de 1962, quando deixou os gramados e iniciou sua trajetória na função treinador.

                     José Mendonça dos Santos, o popular Dequinha, faleceu em 23 de março de 1997, na cidade de Aracaju (SE)

Em pé: Servílio, Chamorro, Pavão, Tomires, Déquinha e Jordan   –    Agachados: Joel, Paulinho, Evaristo de Macedo, Dida e Zagallo
Em pé: Joubert, Pavão, Ari, Milton Copolilo, Dequinha e Jordan   –    Agachados: Luiz Carlos, Evaristo de Macedo, Henrique, Dida e Zagallo
SELEÇÃO CARIOCA – Em pé: Paulinho de Almeida, Castilho, Nilton Santos, Dequinha, Zózimo, Édson Machado   –     Agachados: Joel, Vava, Didi, Índio e Pinga
Em pé: Joubert, o goleiro Fernando, Milton Copolillo, Jadir, Dequinha e Jordan   –    Agachados: Luis Carlos, Moacir, Henrique Frade, Dida e Babá
15 de abril de 1956  –   Em pé: Djalma Santos, De Sordi, Nilton Santos, Gilmar, Dequinha e Zózimo   –     Agachados: Mário Américo, Paulinho Almeida, Evaristo de Macedo, Gino Orlando, Didi e Canhoteiro
1953 – Em pé: Garcia, Servílio, Pavão, Marinho, Dequinha e Jordan  –    Agachados: Joel, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha
Da esquerda para a direita:  Nilton Santos, Gilmar, Gino, Paulinho, De Sordi, Didi. Djalma Santos, Canhoteiro, Evaristo de Macedo, Déquinha, Zózimo e o massagista Mário Américo
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