PALMEIRAS 4×4 SÃO PAULO – Dia 16 de Março de 1985

                   Apesar da má fase do time e do jejum de títulos (o último havia sido conquistado em 1976), o Palmeiras não se deu por vencido e, mesmo contra um adversário mais qualificado e que tinha nomes como Silas, Pita, Muller e Careca, empatou, após muitas reviravoltas, a partida por 4 a 4 aos 45 minutos do segundo tempo. O jogo, disputado no Pacaembu, foi válido pelo Campeonato Brasileiro de 1985.

                  A campanha do São Paulo no Campeonato Brasileiro daquele ano até o confronto contra o Palmeiras era ruim; quatro vitórias, três empates e cinco derrotas; corria o sério risco de não passar à segunda fase. A situação do Palmeiras era ainda mais dramática; eles acumulavam uma sequência de cinco derrotas seguidas, o elenco era fraco e estavam sem títulos desde 1976. Os números não eram nada animadores, mas o que eles significam diante de um clássico de tal magnitude, de tanta história? Os quase 25 mil pagantes que apostaram nisso e foram ao Pacaembu naquela tarde certamente não se arrependeram.

                   O São Paulo começa o jogo disposto a golear o Palmeiras. Logo aos 5 minutos, após um cruzamento na área, Oscar carimba a trave com uma cabeçada. Aos 11 minutos, o Estádio do Pacaembu assistiu ao mais belo gol de sua história: Pita, seguindo a instrução do técnico Cilinho para buscar a bola no campo defensivo e sair com ela dominada, se livra da marcação de Rocha e recebe passe de Oscar, ainda atrás da linha intermediária; inicia uma arrancada e vai driblando um a um os adversários que surgiam à sua frente: Paulinho, Mendonça, Paulo Roberto, Maxwell… já dentro da área, Leão sai do gol, inutilmente; Pita dá sua última finta e rola para o fundo das redes, uma pintura.

                   A torcida são-paulina delira com o golaço, os palmeirenses, acreditem se quiser, aplaudem a obra de arte desenhada pelo artista tricolor. Um momento histórico na rivalidade dos dois clubes.  Desmoralizado com o gol antológico, o Palmeiras vai atrás do empate: aos 27 minutos, Jorginho sai na cara de Barbirotto, perde a dividida, mas o juiz, pasmem, vê pênalti no lance. Numa prova de que a justiça às vezes triunfa, Reinaldo bate e Barbirotto pratica a defesa.

                   Os alviverdes insistem. Aos 40 minutos, depois de um cruzamento efetuado por Paulo Roberto pela esquerda, Jorginho cabeceia e empata a partida. A resposta tricolor não demora a vir. Já nos descontos do primeiro tempo, Careca lança Muller, que ginga de forma desconcertante, deixando a defesa na saudade, e chuta no ângulo esquerdo do goleiro Leão, 2 a 1.

                   Vem o segundo tempo e o São Paulo continua atacando, quer uma goleada. Aos 3 minutos, Muller é lançado, fica na cara de Leão, dribla o arqueiro e é derrubado. Pênalti. Na cobrança, Careca não dá chances ao guarda-metas palestrino, 3 a 1. Os torcedores alviverdes, pressentindo uma sova histórica, começam a abandonar as arquibancadas; os tricolores, eufóricos, empurram o seu time para que a sova se concretize.

                   O jogo fica aberto, bonito de se ver; o Palmeiras, apesar do time limitado e do placar contrário, não se entrega, tenta se superar na base da força e da correria; o São Paulo, com seus jogadores mais talentosos em tarde de gala, quer uma vitória dilatada sobre o rival para espantar de vez a crise.

                   Aos 17 minutos, depois de brilhante tabela entre Jorginho e Mendonça, este atira contra as redes, 3 a 2. Três minutos adiante, falta na entrada da área para o Palmeiras: Mendonça chuta em cima da barreira, a bola volta para ele, a barreira abre e o meia palmeirense arremata certeiro, 3 a 3.

                   Os simpatizantes palestrinos que haviam desistido do jogo, voltam, esperançosos. Mas os são-paulinos voltam a colocar água no chopp dos rivais aos 28 minutos, quando Pita cobra escanteio e Oscar sobe mais alto que os defensores alviverdes, cabeceando com estilo, fulminante, 4 a 3 São Paulo.

                   Os últimos minutos são ainda mais emocionantes; o Palmeiras, na base da garra, busca o novo empate a qualquer custo; ao São Paulo, basta aproveitar um único contra-ataque para matar de vez o adversário.

                  E a chance vem, aos 42: Pita, de cabeça, lança Careca, que dribla Leão e sofre novo pênalti. A torcida palmeirense, outra vez, começa a deixar as dependências do Pacaembu. Na cobrança, Careca fuzila e a bola, caprichosa, explode no travessão.

                  Os jogadores alviverdes pegam o rebote, vão à frente para o tudo ou nada, tocam a bola de pé em pé, se distribuem em campo, arquitetam a jogada e Vágner cruza na medida para Ditinho empatar novamente, aos 45 minutos do segundo tempo. 4 a 4. Fim do jogo. Uma tarde de sábado inesquecível para os amantes do futebol-espetáculo.

                  Neste dia 16 de março de 1985, o São Paulo jogou com; Barbirotto, Éder Taino, Oscar, Fonseca, Nelsinho, Márcio Araújo, Müller, Pita, Silas (Vizolli), Careca, Sídney. Do outro lado o técnico Mário Travaglini mandou a campo os seguintes jogadores; Leão, Ditinho, Maxwell, Vágner, Paulo Roberto, Rocha, Paulinho (Gilcimar), Mendonça, Barbosa, Reinaldo (Hélio), Jorginho.

                  Analisando friamente, o resultado de empate foi melhor para o Palmeiras, afinal, eles estiveram o tempo todo atrás do marcador, conseguiram um empate milagroso nos descontos e possuíam um time mais limitado. Mas foi a primeira demonstração do que aquele jovem time são-paulino era capaz. Vale lembrar que em 1985, o São Paulo foi o campeão paulista.

Em pé: Oscar, Gilmar, Falcão, Dario Pereira, Nelsinho e Zé Teodoro    –   Agachados: Muller, Silas, Careca e Sidney    –   OBS: O jogador Márcio Araujo estava dando uma entrevista e não chegou a tempo de sair na foto

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