ROMEU CAMBALHOTA: campeão paulista pelo Corinthians em 1977

                 Romeu Evangelista nasceu dia 27 de março de 1950, na cidade de Esmeraldas – MG. No meio futebolístico ficou conhecido por Romeu Cambalhota. Ele ganhou esse apelido por suas cambalhotas nas comemorações de seus gols. Ex-ginasta, Romeu costumava abusar dos mortais quando vibrava no gramado com seus companheiros. Jogou em três clubes brasileiros de grandes torcidas, Atlético Mineiro, Corinthians e Palmeiras. Vestiu também a camisa da Seleção Brasileira em nove oportunidades. Fez parte do time atleticano que conquistou o primeiro título da história do Campeonato Brasileiro em 1971, cujo técnico era Tele Santana. Anos depois conquistaria outro título que também entrou para a história do futebol nacional, quando sagrou-se campeão paulista pelo Corinthians em 1977, ano em que o time de Parque São Jorge saiu de um jejum de 22 anos e oito meses.

ATLÉTICO MINEIRO

               Começou a carreira nas categorias de base do Clube Atlético Mineiro no final da década de 60. Profissionalizou-se em 1970 e ficou no Galo das Alterosas até 1976, ano que teve o passe negociado com o Corinthians. Pelo clube mineiro sagrou-se campeão juvenil em 1969 e 1970. Teve seu futebol muito apreciado por Telê Santana, que o promoveu do quadro juvenil, onde era a grande estrela. Foi campeão mineiro em 1970 e campeão brasileiro em 1971. Na conquista do primeiro título nacional, o time do Atlético Mineiro era muito bom. Não era uma equipe tecnicamente brilhante, mas o treinador Telê Santana , fazia com que seus atletas jogasse sempre com muito amor à camisa. E tinha o Dadá Maravilha que se não era um craque, fazia muitos gols. O jogo foi meio truncado e até, o educado Nilton Santos, Diretor do Botafogo deu um soco no juiz Armando Marques.

               Na hora do jogo, no maracanã, a torcida do Botafogo gritava “O galo vai virar galinha “. E os botafoguenses entraram com tudo em cima dos atleticanos. No primeiro tempo, o Atlético aguentou a pressão do Botafogo. Na frente ficava apenas o Dario, sozinho e sem opção. No intervalo, Telê Santana comentou com seus jogadores que o Botafogo não poderia manter a pressão no segundo tempo porque seus jogadores já estavam começando a demonstrar cansaço. De fato, a pressão foi até os quinze minutos.

               Depois, o Atlético foi tomando conta do jogo. E aos dezoito minutos, Humberto Ramos pegou a bola pela esquerda, driblou Djalma Dias e cruzou pelo alto para dentro da área do Botafogo. O cruzamento foi na medida, com açúcar e com afeto. Foi do jeito que Dario gosta. O Peito de Aço subiu e cabeceou para baixo marcando o único gol da partida. A partir daquele momento o jogo ficou mais fácil para os mineiros. Os jogadores do Botafogo queriam fazer tudo sozinho se atrapalhavam. O Atlético fez a bola rolar e Romeu era toda felicidade. Quando o jogo terminou, tudo era festa que se prolongou pelas avenidas de Belo Horizonte.

               Para Romeu foi um jogo inesquecível. Ele mostrava que era um dos melhores pontas do futebol brasileiro. O time do Atlético naquele ano era o seguinte; Renato. Humberto Monteiro. Grapete. Vantuir. Oldair. Vanderlei. Humberto Ramos. Ronaldo. Dario. Beto (Spencer) e Romeu (Tião). Ainda neste ano de 1971, Romeu sagrou-se campeão da Taça Belo Horizonte. No ano seguinte repetiu a dose e em 1975 foi campeão da Taça Minas Gerais.

CORINTHIANS

               Romeu chegou ao Parque São Jorge em 1976 e sua estréia com a camisa do alvinegro aconteceu dia 4 de março, quando num jogo amistoso realizado no Morumbi o Corinthians perdeu para o Vasco da Gama por 2 a 0, gols de Jair Pereira e Luiz Fumanchu.  Neste dia o Corinthians jogou com; Tobia, Zé Maria, Moises, Cláudio Marques e Wladimir, Helinho, Tião e Lance; Vaguinho, Geraldão e Romeu. O técnico era Milton Buzetto. No Parque São Jorge, Romeu reencontrou o ponta-direita Vaguinho, companheiro dos tempos de Galo. Em 1977, os dois ajudaram o Timão a quebrar o jejum de títulos que durava desde 1954.

               A conquista deste título tão importante na história do Corinthians, começou quando perdeu para o Guarani em pleno Pacaembu por 1 a 0. Houve maior confusão, o Matheus falou “o bicho” para os jogadores, xingou, jogou a bandeira pra cima e saiu nervoso do vestiário. Então os jogadores fizeram uma reunião e viram que teriam três partidas difíceis mas que iriam chegar lá. Começaram a treinar e levar à serio. O próximo jogo foi em Ribeirão Preto contra o Botafogo e venceu a partida por 1 a 0, gol de Romeu aos 17 do segundo tempo. Tinha um jogo no Morumbi, contra a Portuguesa, que nem podiam empatar, senão estariam fora. Geraldão fez o gol aos 22 do segundo tempo, ganhando por 1 a 0. A última partida foi contra o São Paulo.

               Foi um jogo difícil, mas conseguiram ganhar. Chegava então a grande final. Os jogadores corintianos sabiam que a Ponte era um time difícil, pois se fosse um campeonato de pontos corridos, teria sido campeã disparada. Era a melhor de três. No primeiro jogo o Corinthians venceu por 1 a 0, gol de Palhinha. No segundo a Ponte venceu por 2 a 1, gols de Dicá e Rui Rey para a Ponte e Vaguinho para o Corinthians. Chegava então o dia 13 de outubro de 1977, quando Corinthians e Ponte Preta iriam decidir o título paulista daquele ano. O jogo foi no Morumbi e o árbitro foi Wanderley Boschilla.

               O primeiro tempo foi muito movimentado, com os dois ataques dando muito trabalho ao setor defensivo e assim terminou em 0 a 0. No segundo tempo as equipes voltaram menos agressivas, mas mesmo assim o Corinthians controlava o jogo. Então aos 36 minutos, Zé Maria do Corinthians apareceu livre pela direita e tentou cruzar, mas o lateral da Ponte, Ângelo, cortou com a mão. Dulcídio apitou falta e o próprio Zé Maria ficou para a cobrança. No chute, Zé Maria levantou para dentro da área, onde Basílio desviou de leve; a bola sobrou para Vaguinho que, de pé esquerdo, chutou a bola no travessão; seguindo a jogada, a bola voltou para Wladimir, que vindo de frente, cabeceou para o zagueiro Oscar tirar também de cabeça; na sobra, a bola ficou com Basílio que arrematou de pé direito, á meia altura, no lado esquerdo do goleiro Carlos, onde a bola encontrou as redes.

               Era o gol do título, da queda do jejum de conquistas de 22 anos, 8 meses e 7 dias de sofrimento. Mais de 22 anos de bolas chutadas na trave, nas mãos dos goleiros, bolas perdidas pela linha de fundo. Mas naquele segundo da noite de 13 de Outubro de 1977, o pé angelical de Basílio apareceu na grande área. Incontáveis chutes se perderam pelas noites de 22 anos. Mas aquele chute de Basílio não foi perdido. Basílio foi para a galera. A torcida foi para o céu. Um gol sofrido. Chorado. Suado. Raçudo.  Corinthians Campeão!!!.

               Após o apito final de Dúlcilio Wanderley Boschilla, a policia não conseguiu conter os torcedores que invadiram o gramado e comemoravam como podiam. Todos querendo uma lembrança do jogo desde pedaços do gramado até as bandeirinhas. Brandão é carregado no colo, o presidente Vicente Matheus perde os sapatos, os jogadores ficam quase nus. O coro de “é campeão” toma conta da noite paulista e invade a madrugada. A partir daí, surge um novo Corinthians. Acabaram-se os traumas e o time volta a ser o bom e velho vencedor. Pela cidade multidões de torcedores invadiram a Avenida Paulista, onde comerciantes fecharam as portas com medo dos torcedores mais eufóricos.

               A campanha do Corinthians foi a seguinte: 48 jogos, 30 vitórias, 6 empates e 12 derrotas. Marcou 73 gols e sofreu 38. O artilheiro do Corinthians e também do campeonato foi Geraldão com 24 gols. Por tudo isso, o S. C. Corinthians Paulista sagrou-se Campeão Paulista de 1977. O time-base corintiano, comandado por Oswaldo Brandão, era: Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir (Zé Eduardo); Ruço, Basílio e Palhinha (Luciano); Vaguinho, Geraldão e Romeu. O ex-ponta-esquerda também fez parte do time corintiano que venceu o Paulistão de 79 e no ano seguinte trocou o Parque São Jorge pelo Palestra Itália.

               Com a camisa corintiana, Romeu disputou 220 partidas de 1976 até o final de 1980. Venceu 116, empatou 57 e perdeu 47. Marcou  34 gols. No Palmeiras, Romeu não conseguiu reeditar as boas atuações dos tempos de Galo e Timão. Com a camisa do Verdão, disputou 39 partidas. Venceu 15, empatou 14 e perdeu 10. Marcou apenas dois gols. Depois seguiu para o Millionários de Bogotá (Colômbia), onde jogou de 80 a 82. Romeu Cambalhota, que chegou a vestir a camisa da seleção brasileira nove vezes, sendo seis pela Copa América de 1975, encerrou a carreira em 1983 jogando pelo Nacional da Comendador Souza. Hoje mora em Barueri-SP e trabalha como vendedor de consórcio, além de jogar pelo time de veteranos da cidade.

Em pé: Zé Maria, Tobias, Moisés, Russo, Ademir e Wladimir   –   Agachados: Vaguinho, Basílio, Geraldão, Luciano e Romeu
Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu   –    Agachados: Vaguinho, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir
Em pé: Mussula, Grapete, Vanderlei, Vantuir, Zé Maria e Cláudio Mineiro   –    Agachados: Arlem, Campos, Pedrilho, Bibi e Romeu
1978  –   Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu   –    Agachados: Piter, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir
Em pé: Jairo, Luis Cláudio, Amaral, Ademir Gonçalves, Nobre e Wladimir   –    Agachados: Vaguinho, Palhinha, Rui Rei, Sócrates e Romeu
Em pé: Jairo, Mauro, Luis Cláudio, Amaral, Caçapava e Romeu   –    Agachados: Píter, Biro-Biro, Palhinha, Sócrates e Wladimir

Seleção de férias, nos anos 70, jogando com a camisa do Santos. Em pé: Paulinho, Darcy, Gilberto Sorriso, Tião, Rafael e Romeu Cambalhota – Agachados: Helinho, Tecão, Muricy Ramalho, Edu Bala e Adãozinho
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