CLAUDIOMIRO: autor do primeiro gol no estádio Beira Rio

              Claudiomiro Streis Ferreira nasceu dia 3 de abril de 1950, na cidade de Porto Alegre (RS). Gordinho e troncudo, Claudiomiro sabia como tirar proveito do próprio corpo em benefício de sua habilidade na grande área. Em boa parte da carreira, o atacante travou enormes batalhas contra a facilidade para ganhar peso, o que demandava um constante acompanhamento médico nas equipes por onde passou.

               Criado em Canoas (RS), a infância foi cercada de dificuldades. Para ajudar no sustento da casa, os filhos trabalhavam com uma carrocinha fazendo carretos em troca de alguns tostões. Os raros momentos de alegria aconteciam no campo do Frigosul, onde seu futebol foi descoberto pelo seu Ghiloso, o grande responsável por seu encaminhamento aos times amadores do Sport Club Internacional em 1964.

                Fora dos gramados, o jovem Claudiomiro adorava escutar Roberto Carlos e assistir filmes de Faroeste. Em razão das características físicas e da facilidade para suportar os “encontrões” dos zagueiros, Claudiomiro recebeu dos companheiros o curioso apelido de “Bigorna”. Sua primeira participação no time principal aconteceu em março de 1966, na derrota para o Juventude por 2×1. No mesmo ano, ainda pelo time juvenil, Claudiomiro foi o artilheiro do Campeonato Nacional da categoria.

Em 1967, o técnico Sérgio Moacir o efetivou no elenco de profissionais. Com grande aprovação da imprensa e da torcida, Claudiomiro viveu uma grande fase.

                Vice-campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa nas edições de 1967 e 1968, o primeiro título gaúcho foi conquistado em 1969, ano em que finalmente o Internacional quebrou o domínio gremista. Quando começou a ganhar um bom dinheiro com o futebol, Claudiomiro assumia o volante de seu Ford Corcel e rumava para Canoas. Fazia questão de rever os amigos e ajudar os familiares.

                 Claudiomiro entrou para os livros de história do Internacional no dia 6 de abril de 1969, ao marcar o primeiro gol do Estádio Beira Rio na partida de inauguração. O adversário foi o Benfica de Portugal e o Inter venceu pelo placar de 2 x 1.

                 Ainda em 1969, Claudiomiro foi lembrado pelo técnico João Saldanha nas eliminatórias para o mundial de 1970. Pela Seleção Brasileira, o atacante disputou 5 compromissos com 2 vitórias, 3 empates e 1 gol marcado. Claudiomiro também participou de um acontecimento marcante na história da Seleção Brasileira. Como preparação para disputar a Taça Independência em 1972, os tricampeões do mundo enfrentaram um combinado gaúcho no Estádio Beira Rio.

                 Naquela oportunidade, o público local estava indignado pela ausência de jogadores gaúchos no grupo convocado pelo técnico Zagallo, especialmente do lateral esquerdo Everaldo. Assim, o público presente ao Beira Rio torceu em peso contra o time de Zagallo. A partida, muito disputada, terminou com o placar de 3×3.

                  Abaixo, os registros do jogo em que a Seleção Brasileira foi vaiada no Beira Rio:

17 de junho de 1972 –  Brasil 3×3 Seleção Gaúcha – Árbitro: Robert Heliés (França) – Gols: Jairzinho, Paulo Cesar e Rivellino (Seleção Brasileira); Tovar, Carbone e Claudiomiro (Seleção Gaúcha).  Brasil: Leão (Sérgio); Zé Maria, Brito, Vantuir e Marco Antônio; Clodoaldo, Wilson Piazza e Rivellino; Jairzinho, Leivinha e Paulo Cesar Lima. Técnico: Zagallo. Seleção Gaúcha: Schneider; Espinosa, Ancheta, Figueroa e Everaldo; Carbone, Tovar e Torino; Valdomiro, Claudiomiro e Oberti (Mazinho). Técnico: Aparício Vianna e Silva.

                   Em 1973, durante o Campeonato Nacional, Claudiomiro novamente teve seu nome lembrado na preparação do escrete para a Copa do Mundo de 1974 na Alemanha. Apesar do grande empenho do atacante gaúcho, os homens da comissão técnica decidiram não arriscar em uma preparação física específica para Claudiomiro. Além disso, César Lemos do Palmeiras e Mirandinha do São Paulo estavam em grande fase, o que representou o fim do sonho canarinho de Claudiomiro.

                   Em 1975 seu passe foi negociado com o Botafogo de Futebol e Regatas. Com 82 quilos, Claudiomiro recebeu um verdadeiro tratamento de choque de Admildo Chirol. Mesmo com todo o esforço do Departamento Médico do clube carioca, Claudiomiro arrancou gargalhadas dos torcedores paulistas quando entrou no Morumbi para enfrentar o São Paulo.

                    Ao deixar o Botafogo, Claudiomiro ainda tentou permanecer no Rio de Janeiro ao acertar suas bases contratuais com o Clube de Regatas do Flamengo. Contudo, os problemas de ordem física já eram significativos. Assim, o atacante decidiu encerrar seu vínculo na Gávea para voltar para o Sul.

                    Em 1977 firmou compromisso com a Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias do Sul, quando novamente os efeitos provocados pelo excesso de peso não deram trégua. Jogou depois pelo Novo Hamburgo em 1978, até receber um convite do Internacional no início da temporada de 1979. Com muita boa vontade, o técnico Cláudio Duarte apostou na recuperação do jogador. Porém, para o organismo de Claudiomiro, o desafio de perder 15 quilos era algo acima de suas possibilidades.

                    Fora o eterno duelo contra o ponteiro da balança, um problema praticamente crônico em um joelho mal operado foi determinante para o encerramento da carreira. Permanece o respeito e o carinho da torcida Colorada pelas 423 partidas disputadas e pelo hexacampeonato gaúcho entre 1969 e 1974. Homenageado pelo Departamento de Marketing do Internacional, Claudiomiro foi o terceiro jogador da série “Ases Eternos”.

                     O jogador recebeu várias homenagens e uma “camisa retrô” especialmente desenhada, uma iniciativa para lembrar os craques do passado. Claudiomiro Streis Ferreira faleceu no dia 24 de agosto de 2018, aos 68 anos de idade, em Canoas (RS). Os motivos não foram divulgados.

1968 – Em pé: Gainete, Sadi, Scala, Luis Carlos, Tovar e Laurício    –     Agachados: Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro, Dorinho e Canhoto
Em pé: Bibiano Pontes, Schneider, Figueroa, Jorge Andrade, Tovar e Édson Madureira   –    Agachados: Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro, Paulo César Carpegiani e Volmir
1971 – Em pé: Gainete, Bibiano Pontes, Hermínio, Jorge Andrade, Carbone e Édson Madureira     –     Agachados: Valdomiro, Sérgio Galocha, Claudiomiro, Paulo César Carpegiani e Benê
Em pé: Cláudio Mineiro, Beliato, Benitez, Mauro Pastor, João Carlos e Tonho     –     Agachados: Jair, Mário, Claudiomiro, Batista e Adílson
1970 – Em pé: Gainete, Bibiano Pontes, Jorge Andrade, Tovar, Édson Madureira e Valmir Louruz     –     Agachados: Valdomiro, Carpegiani, Claudiomiro, Dorinho e Canhoto
1973 – Em pé: Pontes, Schneider, Cláudio, Figueroa, Tovar e Jorge Andrade      –     Agachados: Valdomiro, Paulo César Carpegiani, Claudiomiro, Djair e Manoel
Em pé: Schneider, Sadi, Pontes, Scala, Elton e Laurício   –   Agachados: Carlitos, Bráulio, Claudiomiro, Tovar e Dorinho

 

 

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