EURICO: brilhou no Grêmio e no Palmeiras

                   Eurico Pedro de Faria nasceu dia 3 de abril de 1948, na cidade de Uberlândia – MG. Foi o lateral direito da segunda Academia da Sociedade Esportiva Palmeiras na década de 70. Qual o torcedor palmeirense que não lembra daquele time; Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zéca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei. Foi sem dúvida alguma, uma época de ouro do alviverde de Parque Antarctica.  Com esta equipe sagrou-se Campeão Paulista de 1972 e 1974 e Campeão Brasileiro de 1972 e 1973. Depois que deixou o Palmeiras foi jogar no Grêmio de Porto Alegre, onde conquistou o titulo gaúcho de 1977, 79 e 80.

                   Até hoje é considerado o terceiro melhor lateral direito da história do Palmeiras, superado apenas por Djalma Santos e Cafu. Já pelo Grêmio, ele é considerado o melhor lateral de todos os tempos, em votação feita pela revista Placar junto aos torcedores gremistas, em 1994. Também chegou a defender a nossa seleção brasileira. Foi um jogo somente e isto aconteceu dia 31 de julho de 1971, quando empatamos com a Argentina em 2 a 2, gols de Paulo César Caju e Tostão.

PALMEIRAS

                   Saiu das categorias de base do Botafogo de Ribeirão Preto na década de 60. No Pantera, destacou não só pela velocidade mas principalmente pela boa marcação. O time do Botafogo no ano de 1967 era formado por; Élcio, Eurico, Roberto, Veríssimo e Carlucci; Roberto Pinto e Márcio; Jairzinho, Sicupira, Paulo Leão e Totó. Esta foi a equipe que enfrentou o Corinthians no dia 2 de dezembro de 1967 na cidade de Ribeirão Preto. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3 a 0, com dois gols de Flávio e um de Marcos.

                   Devido ao seu bom futebol, os clubes da capital começaram a namorá-lo e o Palmeiras foi mais rápido e o contratou. Chegou ao Parque Antarctica em 1968 e fez sua estréia no dia 21 de julho, quando o Verdão enfrentou o Vasco da Gama pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. O jogo terminou com a vitória do Palmeiras venceu 4 a 3.

                   Chegava então os anos 70, uma década de ouro da Sociedade Esportiva Palmeiras, pois formou um grande time, que chegou a ser chamado de “Segunda Academia”. Já no ano de 1971 foi vice campeão paulista, perdendo na final para o São Paulo por 1 a 0, gol de Toninho Guerreiro. Este jogo o torcedor palmeirense não esquece, pois o árbitro Armando Marques anulou um gol legítimo que Levinha fez de cabeça e o árbitro alegou que foi com a mão.

                   Este jogo aconteceu dia 27 de junho de 1971, no Estádio do Morumbi. Mas no ano seguinte o torcedor palmeirense soltou o grito de campeão. Primeiro foi o título paulista e desta vez a situação foi inversa, o Tricolor foi o vice. Por ironia do destino a tabela marcava o confronto das duas equipes na última rodada, mas o Palmeiras jogava pelo empate. O jogo terminou em zero a zero. Uma curiosidade neste campeonato, tanto o Palmeiras, quanto ao São Paulo, terminaram a competição invictos.

                   Era a volta do técnico Brandão ao comando do alviverde. No segundo semestre mais um título palmeirense, desta vez foi o Campeonato Brasileiro. O time chegou às semifinais diante do Internacional. Passa pelo time gaúcho e vai para a decisão contra o Botafogo carioca, que havia vencido o Corinthians por 2 a 1 no Maracanã.

                   O jogo entre Palmeiras e Botafogo aconteceu dia 23 de dezembro de 1972 e placar final foi de zero a zero e com este empate o Palmeiras sagrou-se campeão. Neste dia o Palmeiras jogou com; Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zéca; Dudu e Ademir da Guia; Edu Leivinha, Madurga e Nei. A campanha do Palmeiras foi a seguinte: Disputou 40 jogos, venceu 25, empatou 12 e perdeu somente 3 vezes. Foi realmente uma campanha de um verdadeiro campeão.  

                   Que diferença daquele campeonato para o atual! Aquela decisão ocorreu no dia 23 de dezembro, quando ainda se respirava futebol na proximidade do Natal. O regulamento da época era generoso com o clube mais bem qualificado. Previa finalíssima em apenas uma partida, com vantagem de mando de campo e direito de jogar pelo empate ao Palmeiras. Isso havia ocorrido na semifinal no empate por 1 a 1 com o Inter (RS), no Estádio do Pacaembu. Em vez de pontos corridos, fases classificatórias.

                   Influência do governo militar na antiga CBD (Confederação Brasileira de Desporto) implicou no aumento de 20 para 26 clubes na competição, com vagas para Remo do Pará, CBR de Alagoas, Nacional do Amazonas, ABC potiguar, Sergipe e outro representante da Bahia, caso do Vitória. Na primeira fase os grupos eram distribuídos de forma desproporcional: dois com seis integrantes e dois com sete.

                  A boa fase do Palmeiras se estendeu à temporada seguinte com o bi do Brasileirão. Na época sobraram elogios para Eurico devido à segurança na marcação e velocidade no apoio, confirmando-se, portanto, a fama que o precedeu de 1966 a 1969 no Botafogo de Ribeirão Preto, seu primeiro clube profissional. O adversário no jogo final do Campeonato Brasileiro de 1973, mais uma vez foi o São Paulo. O empate já bastava ao alviverde, o entanto a equipe entrou atacando desde o início, mas encontrou uma defesa muito dura por parte do adversário, que tinha o uruguaio Forlan e o volante Chicão. Cusparada, pontapés, palavrões, valia tudo. Tanto que o próprio Ademir da Guia acabou revidando uma entrada violenta do lateral Forlan, em que teve até o calção rasgado. O jogo terminou empatado em 0 a 0 e o Palmeiras era Bicampeão Brasileiro.

                  Veio o ano seguinte e mais uma vez o Palmeiras estava numa final, desta vez contra seu maior arqui-rival, o Corinthians. O jogo aconteceu dia 22 de dezembro de 1974, no Morumbi, que dos 120.000 pagantes, no mínimo 100.000 era de corintianos, que estavam na esperança de conquistar um título paulista depois de 20 anos. No entanto, com um gol de Ronaldo aos 24 minutos do segundo tempo, o Palmeiras conquistou mais um título paulista, deixando a torcida corintiana presente ao estádio super frustrada, tendo que esperar mais três anos, pois só em 1977 conseguiu soltar o grito de campeão. Com a camisa do Palmeiras, Eurico disputou 467 partidas. Venceu 265, empatou 131 e perdeu 71 vezes. Marcou 4 gols somente. Despediu-se do Palmeiras dia 3 de dezembro de 1975, num jogo em que o Palmeiras perdeu para o Fluminense por 4 a 2.

GRÊMIO

                   Em 1976 deixou o Palmeiras e foi jogar no sul, mais precisamente no Grêmio de Porto Alegre, onde foi muito importante, pois ao lado de jogadores como Iura, Éder Aleixo, Tarciso, Tadeu Ricci e companhia, o lateral-direito fez parte do time tricolor que colocou fim ao jejum de títulos gaúchos. O Grêmio, comandado por Telê em 77, venceu o fortíssimo Internacional e ficou com o estadual. O Internacional já era octacampeão, pois de 1969 até 1976 conquistou todos os títulos, mas em 1977 o Grêmio interrompeu aquela sequência.

                   O jogo decisivo aconteceu dia 25 de setembro e o Grêmio venceu por 1 a 0, gol de André Catimba. Neste dia Telê Santana mando a campo os seguintes jogadores; Corvo, Eurico, Cassiá, Oberdã e Landinho; Vitor Hugo e Iúra; Tarciso, Tadeu, André Catimba e Éder. O Campeonato Gaúcho de 1977, foi a 57ª edição da competição e este foi o 20º título do Grêmio. Após fazer o gol da vitória, o atacante vai comemorar, mas quando tenta fazer um salto mortal, ele dá errado.

                    Fim da história: André Catimba sai machucado do jogo, mas o Grêmio é o campeão gaucho de 1977, quebrando a hegemonia colorada de oito anos. Curiosidade: a torcida do Inter levou ao jogo várias faixas com a inscrição “ENEA”, em razão do possível 9° título a ser conquistado seguidamente, mas ao final do jogo a torcida gremista souberam realmente o que aquelas faixas significavam: ENEA – “Eles Nunca Esquecerão André!”.

                     Eurico conquistou três títulos estaduais pelo Grêmio, em 1977, 1979 e 1980. Jogou no Grêmio até 1982, ano em que pendurou as chuteiras, mas nunca conseguiu se distanciar da bola. Chegou a fazer parte de times de veteranos. Na metade e final dos anos 80, ele jogou pela seleção de masters. O maior lateral-direito da história do Grêmio foi lapidado, pelo técnico Telê Santana no Grêmio, onde chegou com fama apenas de bom marcador e se transformou num grande apoiador. Agora que completou 64 anos de idade em abril passado, Eurico não quer descanso.

                     Trabalhou em escolinha de futebol para garotos em Ribeirão Preto, e não desperdiçava a chance de contar aos meninos que é o 12º jogador a vestir mais vezes a camisa do Palmeiras: 467 jogos. Ademir da Guia lidera com 901 jogos. E também que no Grêmio é considerado o melhor lateral direito que já vestiu a camisa tricolor gaúcho. Eurico Pedro de Faria, quatro filhos, dois netos, marcante lateral-direito do alviverde, vive em Ribeirão Preto-SP, onde se revelou. Lá, ele foi dono da Academia de Futebol do Jardim Flórida.

                     Prenomes comuns do passado como Eurico, Sebastião e Benedito raramente são registrados nos cartórios do Brasil afora. Hoje os pais gostam de colocar em seus filhos, nomes complicados. O mais famoso dos Euricos brasileiros assumiu a presidência da Republica em 1946, o general Eurico Gaspar Dutra. O mais briguento dos Eurico que se tem conhecimento presidiu o Vasco da Gama, o Eurico Miranda. E o único jogador com esse nome que ficou famoso foi Eurico Pedro de Faria, que passou pelo Palmeiras de 1969 a 1976, e é tido como o terceiro melhor lateral-direito da história do alviverde de Parque Antarctica.

Em pé: Eurico, Leão, Luiz Pereira, Alfredo, Dudu e Zéca  –  Agachados: Edu, Leivinha, César, Ademir da Guia e Nei
Em pé: Eurico, Leão, Dudu, Luiz Pereira, Alfredo e Zéca    –   jSentados: Edu, Leivinha, César, Ademir da Guia e Nei
1973   –   Em pé: Eurico, Leão, Luís Pereira, Alfredo, Dudu e Zeca   –    Agachados: Ronaldo, Leivinha, Madurga, Ademir da Guia e Nei
Em pé: Eurico, João Carlos, Raul Marcel, Luís Pereira, Alfredo e Zeca    –    Agachados: Edu, Leivinha, César, Ademir da Guia e Pio
1975    –   Em pé: Eurico, Leão, Alfredo, Didi, Arouca e Donizetti   –    Agachados: Edu, Erb, Mário, Ademir da Guia e Nei
Em pé: Eurico, Cejas, Jerônimo, Beto Fuscão, Ancheta e Bolívar   –    Agachados: Zequinha, Neca, Alcino, Alexandre Bueno e Ortiz.
Em pé: Chicão, Eurico, Baldocchi, Nelson, Dudu e Ferrari     –   Agachados: César, Tupãzinho, Artime, Ademir da Guia e Serginho
Seleção Paulista de 1969   –   Em pé: Eurico, Leão, Baldocchi, Dé, Dias e Dudu   –    Agachados: Buião, Terto, Leivinha, Paraná e Ademir da Guia
Em pé: Eurico, Neuri, Luís Pereira, Nelson, Dudu e Dé    –    Agachados: Copeu, Jaime, César, Ademir da Guia e Pio
Em pé: Dirceu, Eurico, Zé Carlos, Carlucci, Júlio Amaral e Veríssimo   –    Agachados: Jairzinho, Mosquito, Quarentinha, Márcio e Dirceu

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