VALDÍVIA: um chileno que brilhou no Palmeiras

              Jorge Luis Valdívia Toro nasceu dia 19 de outubro de 1983, na cidade de Maracav, na Venezuela, já que seu pai trabalhava na linhas aéreas LAN Chile. Com três anos de idade, a família retornou para o Chile, onde o garoto se criou, e somente ao completar dezoito anos, de acordo com a legislação deste país, ele fez a opção pela nacionalidade chilena. É casado com Daniela Aranguiz, com quem tem dois filhos: Agustina, e Jorge Ignacio.

              Ele tem um irmão mais velho e um caçula, Luis Enrique de 35 anos e, Cláudio Valdivia de 24 anos. Esse tentou a sorte como jogador, mas acabou não vingando, mesmo tendo passado por: Palmeiras BAudax ItalianoUniversidad de Chile; entre outros.

              Filho de Luis Valdivia Toro e Elizabeth Toro. Sua mãe, disse um pouco sobre a infância de Valdivia: “Ele sempre foi uma criança muito inteligente e atenta. Em casa, só queria assistir aos canais sobre futebol. Desde pequeno assumiu a responsabilidade de jogar e estudar. Sua rotina era tão puxada que o tiramos da escolinha quando fez dez anos. Ele precisava brincar na rua, curtir a infância. Mas em um ano o clube o levou de volta.” 

               Começou no futebol atuando pelas divisões de base do Colo Colo. Teria estreado pela equipe principal em 2002, mas, em dezembro do ano anterior, agrediu um árbitro e acabou suspenso por 16 partidas. Posteriormente, ainda nas categorias de base, envolveu-se em nova briga, desta vez contra os rivais da Universidad Católica e, em um outro jogo, foi até uma câmera posicionada ao lado do gramado e falou que o árbitro iria expulsá-lo, o que acabou acontecendo, por causa de seu ato.

                 Em 2003, o Colo Colo optou por empresta-lo para a Universidad de Concepción, onde acabaria estreando profissionalmente. “Jorge chegou com muita raiva. Pizarro não o quis, e isso o deixou muito nervoso. Explicamos a ele que ele teria que buscar seu espaço, e que para isso teria que mostrar maturidade”, contou Fernando Solís, companheiro na U. de Concepción, que acabava de subir da segunda divisão e iria disputar pela primeira vez a elite do Campeonato Chileno, na temporada de 2003.

                 Não teve bom início naquele ano, mas as coisas começaram a mudar contra a Unión Española, em Concepción. Pela primeira vez, Valdivia foi titular, e sua equipe ganhou. Após aquela partida, continuou na equipe titular, e seu time começou a subir na tabela, classificando-se para a Libertadores e Sul-Americana a despeito de ser apenas um recém-chegado da divisão inferior. Valdivia foi o destaque da equipe e então ganhou o apelido de El Mago, dado por torcedores e a imprensa. Suas atuações em 2003, renderam ainda uma convocação para a Seleção Chilena Sub-23 que disputou o Pré-Olímpico realizado no próprio Chile em 2004.  Foi eleito o quarto melhor jogador deste campeonato, atrás do paraguaio Diego Figueredo, de seu compatriota Diego Barreto, e do brasileiro Diego.

PALMEIRAS

                   Logo após a conquista, foi vendido em definitivo para o Palmeiras, em 5 de agosto de 2006, por US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 8 milhões), valor mais alto que o Palmeiras já havia desembolsado por um jogador estrangeiro, até então. Assinou contrato por três temporadas, ganhando inicialmente cerca de US$ 400 mil por ano. Poucos dias após sua chegada, o então técnico do Palmeiras, Tite, disse a seguinte frase: “Não tenho dúvidas que o Valdivia triunfará no Brasil.

                    Valdivia atuou em uma partida oficial frente ao Botafogo no estádio do Maracanã, a qual foi vencida por 3×1 pelo Palmeiras. Nos três jogos seguintes, Valdivia entrou regularmente, até que sofreu uma contratura na coxa esquerda, que o impediu de jogar contra Santos Futebol Clube, que venceu a partida por 5×1. Após a derrota, na entrevista coletiva Tite disse: “Ele ainda está em um período de adaptação e teve azar, sofreu um problema muscular, que o tirou dos dois últimos jogos, mas deve estar apto para o próximo jogo contra o Cruzeiro.

                     No jogo seguinte o Palmeiras perdeu por 1×0 diante ao Cruzeiro com Valdivia, voltando de lesão, entrando ao longo da partida. Depois disso, Valdivia sentiu novamente sua lesão, tirando-o dos quatro jogos seguintes. Nesse meio tempo, o técnico Tite foi demitido, mas mesmo assim o chileno continuou tendo oportunidades com o treinador interino Marcelo Vilar – que acabou sendo efetivado, após bons resultados.

                      Seu primeiro clássico foi contra o Corinthians ocorrido no dia 25 de outubro de 2006, no estádio do Morumbi, onde o Palmeiras perdeu por 1×0.  Após o clássico, Valdivia, sem lesões, passou a atuar como titular em algumas partidas, sendo ao todo quinze oficiais, mas ainda sem gols marcados. Com a fraca campanha no time paulista, foi cogitada uma possível volta, ao Colo Colo, mas Valdivia preferiu continuar no Brasil.  Como na época o Palmeiras não vivia uma boa fase financeira, o Colo Colo estudou a possibilidade de contratar novamente o meia.

RETORNO AO PALMEIRAS

                      Após aproximadamente 6 meses de negociações, teve sua volta oficializada em 26 de julho, Com a divulgação da contratação, seu retorno foi um dos assuntos mais comentados no mundo,  Em 1 de agosto de 2010, o técnico Luiz Felipe Scolari disse que ele estaria longe de sua forma física ideal, no início, o meia ainda não seria o Mago que os torcedores aprenderam a idolatrar entre 2007 e 2008.  Em entrevista a mãe do chileno Elizabeth, mostrou certa angústia ao rever as faltas recebidas pelo filho no Brasil. “Fico com muita pena quando o pegam no Brasil, sempre digo para saltar nas jogadas. Desde pequeno, possui uma personalidade forte, aliás ele nunca foi um santo.”  No dia 8 de agosto de 2010, Valdivia assinou contrato, junto ao clube paulista, por 5 temporadas.  Após assinar o contrato Valdivia declarou: “Voltei para ser campeão.” Em menos de 3 dias, após sua reapresentação Valdivia teve sua camisa como a mais vendida, na loja oficial do clube.

                           Em 14 de agosto de 2010, Valdivia foi apresentado diante à torcida no Estádio do Pacaembu, momentos antes da partida contra o Atlético Paranaense, emocionado, Valdivia fez um breve discurso e reafirmou o desejo de ser novamente vitorioso com a camisa do clube: “Voltei para ser campeão, mas sozinho não conquistarei nada. Com a ajuda de vocês(torcedores), vamos conseguir os nossos objetivos“, disse. Maior jogador da história do clube e o que mais atuou pelo Verdão, em 901 partidas, Ademir da Guia também conversou com o público presente e agradeceu a presença dos torcedores: “O Valdivia disse que quer ser ídolo como o Marcos e eu, mas acho que ele já é um ídolo. Está no coração dos torcedores por tudo o que representou mesmo distante do clube. Atualmente, o futebol está carente de atletas identificados com um time de futebol. Mesmo com pouco tempo aqui, o Valdivia conseguiu se apaixonar pelo Palmeiras, e os torcedores enxergam isso como uma demonstração de carinho.

                            No dia 22 de agosto de 2010, Valdivia reestreou pelo Palmeiras depois de dois anos longe. A torcida presente no Estádio Brinco de Ouro, gritava das arquibancadas: “Eô, eô, o Valdivia é um terror.

No dia 7 de outubro de 2010, contra o Avaí em partida pelo Campeonato BrasileiroMarcos Assunção ao invés do chute direito, colocou com precisão na cabeça de Valdivia. Gol do Mago, o primeiro desde que retornou. Ainda teve mais, Valdivia armou o pé direito e disparou contra Zé Carlos. Sem chances para o goleiro do Avaí. O Palmeiras ainda iria ampliar o marcador com gols de Kleber e Gabriel Silva.

                            O craque chileno brilhou também na conquista da Série B de 2013 e esteve presente no início da caminhada alviverde rumo ao título da Copa do Brasil de 2015. Infelizmente, conviveu com algumas lesões ao longo de sua trajetória no Verdão. Ainda assim, é o estrangeiro que mais vezes atuou pelo Palmeiras. Com a camisa do Verdão, Valdivia realizou 241 jogos, venceu 142 e marcou 41 gols.

                             Após deixar o Palmeiras, Valdivia ainda jogou por Al Wahda (Emirados Árabes), voltou para o Colo-Colo em duas ocasiões e já em fim de carreira teve passagens rápidas pelo futebol mexicano. O seu último clube  no Chile foi o Union La Calera, em 2021. No ano seguinte encerrou sua carreira.

                             Valdívia  ficou marcado por seu famoso chute no ar (quando apenas ameaça chutar) e pelas provocações que irritavam os adversários. Além disso, conquistou o prêmio de melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2007, concedido pelo programa Mesa Redonda da TV Gazeta.  No mesmo ano recebeu a Bola de Prata da revista Placar. Em 2009, foi considerado pela IFFHS como um dos 20 jogadores mais populares do mundo.

                             Em 2008, Armando Nogueira, cronista esportivo, escreveu um bilhete ao chileno. Um trecho da carta: “[…] Quando um brucutu te dá um pontapé, ele não está agredindo apenas e tão somente o cidadão Valdivia; ele está afrontando toda uma dinastia que foi canonizada pelas canelas de Stanley Matthews, de Garrincha, de Zico, de Júlio Botelho, de Maradona e de tantos outros apóstolos do evangelho do drible. Acontece que o drible não é como o sol que nasceu para todos. O drible acabaria se tornando um privilégio. Só os eleitos merecem o dom que, por sinal, os deuses te concederam.”

                             Valdivia é apontado, ao lado de Alexis SánchezArturo VidalClaudio BravoEduardo VargasHumbrto Suazo e Matías Fernández, como os principais futebolistas chilenos no século XXI. Muito preciso em seus chutes e passes, talentoso dentro de campo, Valdivia ao longo de sua carreira também ficou marcado por criar intrigas fora dos gramados. Após incidentes na Copa América de 2007, passou a ter atritos com meios de comunicação chilenos, indo de acusação de embriaguez durante a concentração da seleção chilena a um atropelamento em um cinegrafista.

                                Em toda sua carreira, Valdivia disputou 587 jogos e marcou 107 gols. Pela seleção chilena foram 7 gols em 79 partidas e participação no titulo da Copa América em 2015.

TÍTULOS

Palmeiras

Campeão Paulista em 2008, Copa do Brasil em 2015 e 2015, Série B em 2013

Colo-Colo

Campeonato Chileno  –  Apertura 2006, Clausura 2017 e Supercopa do Chile em 2017

Al Ain

UAE President Cup em 2008/2009, Etisalat Emirates Cup 2008/2009 e UAE Super Cup em 2009

Al-Wahda

Etisalat Emirates Cup e 2015/2016

Seleção Chilena

Copa América em 2015

SELEÇÃO DO CHILE NA COPA DE 2010 NA ÁFRICA DO SUL
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