VAVÁ: bicampeão mundial com nossa seleção em 1958 e 1962

                   Edvaldo Izídio Neto nasceu na cidade do Recife – PE, dia 12 de novembro de 1934, e faleceu dia 19 de janeiro de 2002, portanto, ontem fez treze anos que perdemos o “Leão da Copa”. Foi um dos centroavantes mais importantes do futebol brasileiro, Vavá era conhecido como o “Peito de Aço” por seu estilo valente e brigador. Defendeu as cores do Palmeiras entre 1961 e 1965. Campeão da Copa do Mundo em 1958, 1962 e Campeão Paulista em 1963 pelo alviverde de Parque Antarctica. Se não pode ser considerado como um dos melhores jogadores da história do futebol brasileiro, no que diz respeito à habilidade com a bola nos pés e à  capacidade de  dar show, certamente Vavá foi um dos mais vitoriosos.

                  Teve uma participação simplesmente espetacular pela nossa seleção, pela qual marcou 15 gols, sendo 5 na Copa de 1958 e 4 na Copa de 1962, sendo que na primeira marcou dois gols na grande final contra a Suécia, dando assim, a grande arrancada para a conquista do título. E na segunda Copa, marcou 4 gols, sendo que um deles também foi no jogo final diante da Checoslováquia, que vencemos por 3 a 1.

INÍCIO DE CARREIRA

                 Quem vê o currículo de Vavá ao lado de Garrincha, de Pelé e jogando pela Seleção Brasileira, jamais imagina onde ele começou jogando futebol. Foi no Ibis Sport Clube, da cidade de Recife, sua terra natal. Para quem não sabe, o Ibis é considerado o “pior time do mundo”. A fama veio com uma brincadeira de uma torcida adversária, mas pegou de fato na década de 80, quando atingiu a marca de 55 partidas sem vencer um jogo sequer, sendo 7 empates e 48 derrotas. O time marcou 25 gols e sofreu 231. Foram três anos e onze meses sem conquistar uma vitória. Jogadores famosos como o meia-direita Bodinho, do Inter de Porto Alegre, o lateral-esquerdo Rildo, que jogou no Botafogo ao lado de Garrincha e no Santos ao lado de Pelé, além do atacante Vavá, que jogou no Palmeiras, todos eles defenderam o Ibis e foram campeões estaduais em várias oportunidades e até campeão mundial, como foi o caso de Vavá nas Copas de 58 e 62.            

                 Em 1949 foi contratado pelo Sport Recife. Suas boas atuações pela equipe pernambucana o levaram a ser convocado para a seleção brasileira que disputou as Olimpíadas de 1952, em Helsinque, na Finlândia.  Sua primeira partida foi um 5 a 1 contra a Holanda, aos olhos de 10 mil pessoas, no Estádio Municipal de Turkku, na Finlândia. Na ocasião Vavá fez o último gol da partida; seu primeiro com a amarelinha.

VASCO DA GAMA

                 Depois da boa campanha no torneio olímpico, Vavá teve a oportunidade de mostrar seu futebol em um grande centro do futebol brasileiro, jogando pelo Vasco da Gama do Rio de Janeiro. Logo quando chegou ao Vasco, ainda um garoto de 17 anos em 1952, Vavá já teve o grande desafio de começar jogando a final do Campeonato Carioca daquele ano contra o Bangu, substituindo, nada mais nada menos, que o grande ídolo cruzmaltino daquele momento: Ademir Menezes. A jovem revelação não só não decepcionou, como marcou o gol que deu a vitória por 2 a 1 e, consequentemente, o título à equipe de São Januário. Um sinal de que este jovem pernambucano tinha estrela e estava destinado a brilhar. Vavá ficou no Vasco até 1958, conquistando mais dois títulos cariocas, em 1956 e 1958, a Taça Oswaldo Cruz de 1958 e o Torneio Rio-São Paulo de 1958, depois de golear a Portuguesa por 5 a 1, com três gols de Almir e dois de Vavá. Neste dia o Vasco jogou com; Barbosa, Dario (Ortunho) e Bellini (Viana); Écio, Orlando (Barbosinha) e Coronel; Sabará, Rubens, Almir, Vavá e Pinga.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                   A estreia de Vavá na seleção brasileira principal foi no dia 13 de novembro de 1955 no estádio Mário Filho, o Maracanã. Noventa e cinco mil pessoas viram o Brasil fazer 3 a 0 no Paraguai, em partida válida pela Taça Oswaldo Cruz. Justamente no ano que se desligou do Vasco, Vavá foi convocado para disputar a Copa do Mundo da Suécia. Chamado pelo técnico Vicente Feola, o jogador parecia que não teria muito espaço perto de atletas de grande gabarito como Dida, Didi, Mazzola, Zagallo e Zito. Contudo, Vavá, mais Garrincha e um jovem que despontava para o futebol naquele momento – Pelé, entraram na equipe no decorrer do torneio e foram fundamentais para a conquista do título mundial.

                  O “Peito de Aço” marcou 5 gols durante a Copa de 58, dois contra a União Soviética, sendo que o segundo lhe causou um profundo corte na perna, um contra a França e dois contra a Suécia, os quais deram início a grande virada contra a Suécia na final do mundial, que terminou com o placar de 5 a 2. Por causa do seu estilo oportunista e de sua força física, Vavá ganhou o apelido de “Leão da Copa” durante o Mundial na Suécia. Reconhecido como campeão mundial, Vavá foi contratado logo após a Copa pelo poderoso Atlético de Madri, da Espanha, onde jogou quatro temporadas. Em seguida, transferiu-se para os EUA, para jogar pelo San Diego. Em 1963 retornou ao Brasil para defender o Palmeiras.

                 Vavá disputou também a Copa de 62 no Chile, onde foi titular desde o início da competição. marcou 4 gols, um contra a Inglaterra, dois contra o Chile e um contra a Checoslováquia. No jogo da final em que o Brasil venceu a Checoslováquia por 3×1, teve a seguinte formação: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito, Didi e Zagalo; Garrincha, Vavá e Amarildo. Vavá foi o primeiro jogador a marcar gols em duas finais de Copa do Mundo (58 e 62). Vestiu a camisa da seleção brasileira 23 vezes, marcando 15 gols, obteve 19 vitórias, 3 empates, 1 derrota.  Por sua participação nos títulos das Copas de 58 na Suécia (marcando 5 gols) e de 62 no Chile (marcando 4 gols) sendo um dos artilheiros daquele mundial.

PALMEIRAS

                   Em 1961, chegou ao Parque Antarctica para se juntar a Valdir, Djalma Santos, Valdemar Carabina, Zequinha, Julinho, Chinesinho e ainda Ademir da Guia que também chegava naquele ano ao alviverde, para formar a primeira “Academia” da história do Palmeiras. Uma de suas primeiras partidas com a camisa esmeraldina foi no dia 13 de setembro de 1961, quando o Palmeiras empatou com o Corinthians em 1 a 1, gols de Djalma Santos cobrando pênalti e Da Silva para o alvinegro. Neste dia o Palmeiras jogou com; Valdir, Djalma Santos, Waldemar Carabina e Jorge; Aldemar e Zequinha; Gildo, Geraldo II (Zeola), Vavá, Chinesinho e Fernando. O técnico foi Armando Renganeschi.

                  Em 1963 foi Campeão Paulista pelo Palmeiras, que estava com a equipe bem mais reforçada, ou seja, entraram na equipe; Ademir da Guia, Julinho, Servilio e Nilo. O título foi praticamente decidido na penúltima rodada, quando o Palmeiras venceu o Corinthians por 5 a 2, gols de Vavá (2), Julinho (2) e Servílio, enquanto Lima marcou os dois gols corintianos. O Peito de Aço vestiu a camisa palmeirense até o ano de 1965, e neste período, Vavá disputou 142 jogos (90 vitórias, 23 empates e 29 derrotas) e marcou 71 gols, média de 0,5 gol por partida.  Vavá deixou o Palmeiras em 1965, quando se transferiu para o América, do México. Quatro anos depois voltou ao Brasil e encerrou sua carreira na Portuguesa Carioca. 

TREINADOR

                  Como treinador, Vavá comandou equipe no Oriente Médio e ainda foi o técnico da seleção brasileira de novos que disputou o Mundial da categoria em 1981. Apesar da curta passagem como técnico da seleção brasileira de juniores (4 jogos; 2 vitórias, 1 empate e 1 derrota) revelou jogadores como o lateral Josimar (ex-Botafogo e Flamengo) e os zagueiros Júlio César (ex-Guarani) e Mauro Galvão (ex-Vasco e Grêmio). No ano seguinte, foi convidado pela CBF para ser o auxiliar técnico de Telê Santana na seleção que disputou o Mundial da Espanha. O grande Vavá “Peito de Aço”, o “Leão da Copa”, nos últimos anos de sua vida se distanciou do futebol. Já abalado por problemas de saúde e com dificuldades para andar por causa de uma artrose no joelho, foi em cadeira de rodas, ao enterro de Didi, seu amigo, seu antigo companheiro de seleção, que morreu em maio de 2001.

                 Dia 13 de janeiro de 2002, Vavá e sua esposa Miriam voltaram de Saquarema, pois no dia seguinte ele iria assinar os papeis de sua aposentadoria, mas ele acordou passando mal. Vavá não queria ir ao hospital, mas foi. Seis dias depois veio a falecer. Esta foi uma das grandes frustrações que Vavá teve em sua vida. Outra frustração foi não ter sido lembrado pela diretoria do Vasco quando do centenário do clube, onde diversos jogadores foram homenageados e seu nome não constava na lista. Vavá faleceu aos 67 anos no dia 19 de janeiro de 2002, no Rio de Janeiro, vítima de infarto agudo do miocárdio e foi sepultado no Cemitério de São Francisco de Paula na cidade do Rio de Janeiro. A morte de Vavá deixou uma enorme lacuna no futebol brasileiro. Artilheiro imbatível, foi exemplo de futebol, garra, paixão e emoção. Descanse em paz, Edvaldo Ezidio Neto, o nosso eterno “Peito de Aço”, o “Leão da Copa”.

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Tarciso, Djalma Dias, Zequinha e Geraldo Scotto      –     Agachados: Gildo, Vavá, Servilio, Ademir da Guia e Becede
Em pé: Waldemar Carabina, Valdir, Ademir da Guia, Aldemar, Tiburcio e Jurandir      –     Agachados: Gildo, Américo, Vavá, Chinesinho e Geraldo José
GILDO, VAVÁ, SERVILIO, ADEMIR DA GUIA E RINALDO
Em pé: De Sordi, Dino Sani, Zózimo, Castilho, Mauro e Cacá      –     Agachados: Canhoteiro, Vavá, Almir, Dida e Zagallo
Em pé: De Sordi, Oreco, Dino Sani, Zózimo, Castilho e Mauro      –     Agachados: Canhoteiro, Moacir, Vavá, Dida e Zagallo
Em pé: De Sordi, Oreco, Zózimo, Dino Santi, Castilho e Mauro      –     Agachados: Garrincha, Moacir, Vavá, Dida e Zagallo
COPA DE 1962 – Em pé: Djalma Santos, Zito, Gilmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro      –     Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo
COPA  de  1958   –   Em pé: Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar      –     Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo

 

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