MURICY RAMALHO: um colecionador de títulos

                    Muricy Ramalho nasceu dia 30 de novembro de 1955, na cidade de São Paulo. Como jogador, Muricy defendeu na década de 1970 as cores do São Paulo, onde jogou 177 partidas, marcando 26 gols. Atuou como meia e ponta-de-lança, jogando ao lado de Pedro Rocha e Chicão. Com longos cabelos e futebol refinado, foi saudado pela imprensa paulista como mais um dos “sucessores de Pelé“. Nesta passagem, foi treinado por nomes como José Poy e Rubens Minelli.

                   Palmeirense quando criança, em 1965 foi levado por Valdemar Carabina, amigo do pai de Muricy, para o São Paulo. Era tão elogiado quando estava no Infantil que, em 1969, só a sua presença no time do São Paulo que decidiria o campeonato dos dentes-de-leite fez 20 mil pessoas lotar o Estádio Nicolau Alayon, campo do Nacional.

                   Em 1971, com o São Paulo sob o comando de Oswaldo Brandão, treinou pela primeira vez entre os profissionais, mas só fez sua estreia dois anos depois, em 22 de agosto de 1973, em um amistoso contra o União Bandeirante (vitória por 1 a 0), logo após voltar, a pedido da diretoria, de alguns meses emprestado ao Pontagrossense. Sua primeira partida oficial pelo Tricolor, foi em 10 de novembro, no empate por 2 a 2 contra o Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro de 1973.

                   Em 1975 Muricy estourou. Ganhou peso, passando de 64 para 68 quilos, e foi um dos principais jogadores da conquista do Campeonato Paulista de 1975, sendo considerado a maior revelação do torneio, apesar de ter marcado apenas quatro gols, menos até que o volante Chicão. Ao longo de todo o campeonato, ficou fora de três jogos por contusão e de um porque o técnico Poy decidira poupar os titulares. Entretanto, na decisão contra a Portuguesa, Muricy foi expulso ainda no primeiro tempo, justamente quando era o melhor jogador em campo, por uma entrada dura em Dicá logo depois do gol da Portuguesa que eventualmente levaria o jogo para a prorrogação.

                  Muricy foi ao vestiário adversário pedir desculpas a Dicá e lá descobriu que não tinha machucado o adversário. Mas como o juiz estava longe, acabou o expulsando. De qualquer maneira, não conseguiu assistir ao resto da partida e chorou muito no vestiário até o fim do jogo, quando foi procurado por seus colegas de time para comemorar. Perdoado também pela torcida, foi carregado e teve seu nome cantado nas comemorações.

                  Nessa época, o cabelo comprido de Muricy chamava a atenção não só por destoar dos demais como também por ser criticado pelo técnico Poy. O jogador chegou a se afastar dos treinos por dez dias depois de brigar para não cortar o cabelo. Na volta, como marcou gols, resolveu não cortar nunca mais. “Eu era cabeludo, não rebelde”.

                  Ainda naquele ano, Valdemar Carabina profetizava que Muricy seria o titular da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978. O problema é que 1976 foi um mau ano tanto para o meia como para o São Paulo. E 1977 foi pior ainda. Na final do primeiro turno do Campeonato Paulista, em 18 de maio, Muricy torceu o joelho direito em uma de suas primeiras jogadas depois de substituir Pedro Rocha no segundo tempo. Ele sentiu uma dor enorme que já indicava o prognóstico pessimista feito pelo médico do clube logo em seguida. No dia seguinte, falava-se em três meses sem treinar, mas a volta de Muricy aos gramados só se daria mais de um ano depois, em 4 de junho de 1978.

                  Por causa dessa contusão, ele ficou de fora de toda a campanha do título do Campeonato Brasileiro de 1977. Retornou ao time como titular absoluto somente em 10 de dezembro, contra o Corinthians, e só na partida seguinte, contra a Ferroviária, é que atuou durante todos os noventa minutos. Sem conseguir se firmar novamente no time titular, chegou a ser cobiçado pelo Santos, mas o São Paulo pediu alto e não liberou seu passe.

                  Seu último jogo pelo São Paulo foi em 25 de julho de 1979, pelo Campeonato Paulista, uma derrota por 2 a 0 para o Guarani no  Pacaembu, em que entrou no segundo tempo. Cinco dias depois foi anunciado que o São Paulo vendera seu passe por cem mil dólares para o Puebla, do México, ao qual ajudou a conquistar o Campeonato Mexicano na temporada de 1982-83. Pelo São Paulo, Muricy atuou em 177 jogos, (90 vitórias, 57 empates e 30 derrotas). Marcou 26gols.

                 Na temporada de 1983-84, Muricy foi o terceiro artilheiro do Campeonato Mexicano, com 21 gols. Durante suas férias após aquela temporada, veio ao Brasil e chegou a treinar por alguns dias no America do Rio Entretanto, teve sua carreira de atleta abreviada devido a uma sequência de contusões e aposentou-se em 1985, aos 30 anos.

                  Como treinador começou trabalhando no México, depois transferiu-se para o São Paulo como auxiliar técnico de Telê Santana. Com a aposentadoria de Telê, Muricy assumiu o cargo. Muricy conquistou muitos títulos importantes, não só dirigindo o São Paulo, mas também comandando o Santa Cruz, o Náutico, o Figueirense, o Internacional e o São Caetano, campeão paulista de 2004. Chegou a ser convidado para dirigir a seleção brasileira, mas não aceitou. Este é Muricy Ramalho, um vencedor tanto como jogador, como treinador.

Craques do passado    –   Em pé: Moacir, Arlindo, Paulo Nani, Virgílio, Chicão e Teodoro   –    Agachados: Terto, Muricy, Nenê, Paraná e Toninho II
Muricy Ramalho, Pelé e Edinho
Da esquerda para a direita, Vitor Hugo, Colonesi, Serginho, Marito e Muricy Ramalho

 

 

MURICY RAMALHO
Seleção de férias, nos anos 70, jogando com a camisa do Santos. Em pé: Paulinho, Darcy, Gilberto Sorriso, Tião, Rafael e Romeu Cambalhota   – Agachados: Helinho, Tecão, Muricy Ramalho, Edu Bala e Adãozinho
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