KITA: campeão paulista e artilheiro pela Inter de Limeira em 1986

                     João Leithard Neto nasceu dia 6 de janeiro de 1958, na cidade de Passo Fundo (RS). Durante toda sua carreira jogou em diversos clubes, como por exemplo; Internacional de Porto Alegre, Flamengo, Portuguesa de Desportos, Grêmio, Juventude e Atlético Paranaense. Também defendeu nossa seleção nas Olimpíadas de 1984, que foi disputada em Los Angeles – EUA. Foi um artilheiro que deixou sua marca em todos os clubes que defendeu, assim como aconteceu aqui na Inter de Limeira, quando marcou 24 gols no campeonato paulista de 1986.

COMEÇO DA CARREIRA

                    Kita era um menino grandalhão, de apenas 15 anos, e já fazia seus gols vestindo a camiseta do time adulto do Gaúcho, da cidade de Passo Fundo, distante 300 km da capital gaucha. Depois foi jogar no 14 de Julho – RS onde ficou dois anos. Em 1979 estava no Criciúma – SC. Já em 1980 retornou ao futebol gaúcho e foi jogar no Brasil, de Pelotas. Por lá ficou até 1981. Neste mesmo ano transferiu-se para o Juventude – RS, onde foi artilheiro do campeonato gaúcho de 1983 com 15 gols.

INTERNACIONAL – RS

                   Devido a uma lesão grave no joelho com rompimento dos ligamentos cruzados e interno, Kita foi se tratar no Departamento Médico do Inter de Porto Alegre. Com o tempo foi fazendo amizade com os dirigentes da equipe Colorada e como tinha uma gratidão para com o clube, aceitou o convite para jogar no Internacional. Assim, curado e em grande fase, chegou ao Beira Rio com um entusiasmo de principiante, embora já estivesse com 26 anos.  Ajudou o time a conquistar o campeonato gaúcho, viajou com o clube para o Japão e conquistou a Copa Kirin, e para completar o ano de 1984, foi convocado para defender nossa seleção nas Olimpíadas de Los Angeles – Estados Unidos, de onde voltou com uma medalha de prata no peito.

                   O time brasileiro tinha como base o Inter gaúcho, o qual fez muito sucesso, pois nunca uma seleção brasileira havia chegado tão longe. Nesta seleção estavam também; Dunga e Mauro Galvão, que mais tarde fariam muito sucesso no futebol brasileiro. Foi sem dúvida alguma, um ano maravilhoso para Kita, exceção feita àquele problema no joelho, foi sempre um exemplo de gana e força física. Um folder que o Inter publicou naquele ano, traduzido para o inglês, para mostrar o clube e seus atletas no mercado asiático, se referia a Kita, como o “Homem de Aço”.  O time do Internacional no ano de 1984 era assim formado; Mano, Rubens, Mauro Pastor, Mauro Galvão e André Luiz; Beto, Ademir e Mário Sérgio; Silvinho, Kita e Ruben Paz.

INTERNACIONAL  DE  LIMEIRA

                   Em 1985, o Inter de Porto Alegre perdeu a hegemonia no futebol gaúcho para o Grêmio e houve um desmanche no grupo de jogadores. Vários jogadores se mandaram de Porto Alegre e passaram a atuar em grandes clubes do país. Dunga, por exemplo, foi para o Corinthians. Kita entretanto, acabou vindo para a Internacional de Limeira, o que, para muitos, representava o início de sua decadência. Puro Engano.  A Inter naquele ano formou um grande time e para comandar aquela bela equipe, foi contratado o técnico Pepe. E começou o campeonato paulista de 1986. Já nas primeiras rodadas, dava pra perceber que era um time que iria dar muito trabalho aos chamados grandes do futebol paulista. E isto se confirmou ao classificar-se para o quadrangular final.  O adversário foi o Santos F.C. O primeiro jogo foi realizado na Vila Belmiro, onde a Inter venceu por 2 a 0. O segundo jogo foi em Limeira. Outra vitória da Inter, desta vez por 2 a 1. 

                  Veio então a grande final e o adversário seria o Palmeiras, que naquela altura, já estava há doze anos sem ganhar um título. A torcida do Verdão, já dava como certa aquela conquista. Então veio a primeira partida, que foi realizada no estádio do Morumbi. O placar terminou em branco. Chegou finalmente o grande dia, era uma quarta-feira, dia 3 de setembro de 1986. O estádio era novamente o Morumbi, que recebeu naquela noite, um púbico pagante de 68.564 pessoas e que proporcionou uma renda de Cz$ 2.443.610,00. O árbitro da partida foi Dulcidio Vanderley Boschilla, que faleceu dia 14 de maio de 1998.  Neste dia, o técnico Pepe mandou a campo os seguintes jogadores; Silas, João Luiz, Juarez, Bolívar e Pecos; Gilberto Costa, Manguinha e João Batista; Tato, Kita e Lê (Carlos Silva). O Palmeiras jogou com; Martorelli, Diogo (Ditinho), Márcio, Amarildo e Denis; Lino (Mendonça), Gerson e Jorginho; Mirandinha, Edmar e Éder. O técnico era Carbone.

                   O primeiro tempo terminou em 0 a 0. Mas logo aos 5 minutos do  segundo tempo, Kita que lutava bravamente contra a zaga alviverde, recebeu um passe de João Batista, virou rapidamente e chutou no canto baixo do arqueiro palmeirense, que nada poder fazer. O Morumbi só não ficou num silêncio fúnebre, porque havia no estádio, mesmo que pequena, a torcida do Leão, que vibrou e muito.  E para completar a felicidade da torcida leonina, aos 18 minutos, Tato aumentou o placar, fazendo 2 a 0.  O Palmeiras entrou em desespero. Aos 29 minutos, o zagueiro Amarildo depois de um cruzamento de Eder, marcou de cabeça o gol palmeirense. Depois, foram 16 minutos de muita agonia por parte do torcedor da veterana.  Mas, para alegria da imensa torcida leonina que ouvia atentamente pelo rádio a transmissão de Edmundo Silva por toda a cidade de Limeira, o juiz Dulcidio Vanderley Boschilla apitou o final da partida. Internacional de Limeira era Campeã Paulista de 1986.

                   Foi um acontecimento que jamais será esquecido, não só pelo torcedor do Leão da Paulista, como também pelo povo limeirense.  A campanha da Inter naquele ano, foi tão magnífica, que marcou 59 gols, sofreu apenas 33. Sete jogadores da Inter foram escolhidos para a seleção paulista daquele ano. Kita foi o artilheiro da competição com 24 gols e a Associação Atlética Internacional, recebeu do jornal “A Gazeta Esportiva”, a Taça dos Invictos, por ter ficado 17 partidas consecutivas sem perder. 

OUTROS  CLUBES  BRASILEIROS

                   Em 1987, por muito pouco o Kita não foi jogar no Corinthians. Na época, o presidente do Corinthians era Vicente Matheus, que lhe ofereceu menos do que o Flamengo, sendo assim, trocou o futebol paulista pelo carioca. Jogou no clube da Gávea por duas temporadas, sagrando-se campeão brasileiro em 1987, que na época tinha o seguinte ataque; Bebeto, Renato Gaúcho, Kita, Zico e Marquinhos e na defesa; Cantarelli, Jorginho, Aldair e Mozer.  Em 1988, foi jogar na Portuguesa de Desportos, em 1989, voltou ao futebol gaúcho, agora para defender o Grêmio, onde foi campeão gaúcho e campeão da Copa do Brasil em 1989.  Em suas andanças jogou também no Atlético Paranaense em 1990, onde conquistou mais um título estadual.  Depois jogou no Figueirense em 1991 e 92, no Esportivo de Bento Gonçalves em 1993, no Guarani, de Garibaldi em 1994 e finalmente no Passo Fundo em 1995, sua cidade natal, onde começou sua carreira e foi lá também que decidiu encerra-la.

APOSENTADO

                  Aquele seu último título de sua carreira, conquistado no Atlético Paranaense, lhe deu muita alegria, mas nem tanto. Todo dinheiro que havia ganho no futebol e guardado na Poupança, foi confiscado pelo governo Fernando Collor de Mello. Foi um balde de água fria, e o que mais entristecia Kita, era que ele havia votado no homem. Na sua cidade natal, Passo Fundo, interior do Rio Grande do Sul, teve uma loja de vídeo, a “Kita Vídeo”. Tinha  três filhos; Camila e Guilherme, que fizeram faculdade de Educação Física e o mais velho, Alexandre. Kita se distanciou do futebol e a única coisa que lamenta, é que na época que jogava, o jogador não ganhava tanto dinheiro, pois se computasse tantos gols e tantos títulos, estaria rico.

                 Tentou a sorte como treinador de futebol, mas teve apenas uma passagem curta pelo Passo Fundo. Com um currículo que inclui passagens por mais de uma dezena de clubes e títulos em quatro estados do país, um dos maiores jogadores já surgidos no Rio Grande do Sul, viveu uma vida feliz, pois escreveu com letras douradas sua brilhante carreira. Por isso, hoje a torcida leonina que ainda comemora aquela inesquecível conquista, agradece por tudo que ele fez pela nossa querida Associação Atlética Internacional. Muito obrigado!  Kita faleceu dia 3 de outubro de 2015 no Hospital IOT, em Passo Fundo (RS), aos 57 anos. O ex-jogador lutava contra um câncer e sofria com problemas de saúde desde 2011.

GRÊMIO DE PORTO ALEGRE
SELEÇÃO BRASILEIRA QUE DISPUTOU A OLIMPÍADA DE 1984

Em pé: Silas, João Luiz, Bolívar, Juarez, Manguinha, Pécos e Kita    –    Agachados: Tato, Gilberto Costa, João Batista e Gilson Gênio
Em pé: Moacir, Juarez, Manguinha, Pécos, João Luiz e Bolivar     –     Agachados: Kita, Tato, João Batista, Lê e Carlos Silva
BOLIVAR E KITA – Campeões Paulista de 1986
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