MÁRIO TITO: campeão carioca pelo Bangu em 1966

                                Mário Tito nasceu dia 6 de novembro de 1940,  na cidade de Bom Jardim (RJ). Filho de Francisco Tito e Etelvina da Conceição Tito,  

                                Mário Tito contou aos leitores que começou trabalhar muito cedo para ajudar nas despesas da casa. Completou o ensino fundamental e não conseguiu mais voltar aos estudos. Aos 13 anos de idade foi encaminhado ao infantil do Bom Jardim Esporte Clube, onde disputou o campeonato amador da Liga Friburguense.

                                 Em 1957, quando já atuava pelo quadro principal do Bom Jardim, seu futebol foi observado mais atentamente pelo dirigente Euzébio Gonçalves de Andrade e Silva, que em seguida o levou ao Bangu Atlético Clube. Depois de uma breve passagem pelo time de Aspirantes, Mário Tito foi aproveitado no elenco principal pelo treinador Elba de Pádua Lima, o Tim.

                                 O primeiro compromisso profissional com o Bangu foi assinado em 1959, com 6.000 cruzeiros mensais. Sempre de cabeça erguida e toques refinados, o zagueiro Mário Tito impressionava pela maturidade e tranquilidade.

                                 Das pequenas tiras nos jornais, seu nome rapidamente ganhou espaço nas revistas esportivas da época, principalmente depois de sua primeira convocação para o selecionado carioca.

                                 Com tamanha visibilidade, o treinador Aymoré Moreira decidiu apostar no futebol de Mário Tito para os compromissos do Campeonato Sul-Americano de 1963, na Bolívia. Abaixo, os registros de sua única participação pela Seleção Brasileira: 

24 de abril de 1963 – Campeonato Sul Americano – Brasil 0x3 Argentina – Estádio Hernan Siles Zuazo – La Paz (Bolívia) – Árbitro: Arturo Yamazaki (Peru).

                                  Nessa derrota para os argentinos, o Brasil foi representado por jovens promessas e entrou em campo com Marcial; Jorge, Mário Tito (William), Procópio e Geraldino; Hílton Vaccari (Ari) e Hílton Chaves; Amauri, Marco Antônio (Amauri Silva), Flávio e Oswaldo.

                                  Em 1964 Mário Tito participou do elenco alvirrubro que conquistou o Torneio Início do Campeonato Carioca. No mesmo ano, o entrosado Bangu chegou ao vice-campeonato carioca, campanha repetida na edição de 1965.

                                  Para a temporada de 1966, o argentino Alfredo Gonzáles foi o técnico escolhido para trabalhar em Moça Bonita. Como substituto do mestre Zizinho, González estava disposto em acabar com o teimoso complexo do segundo lugar.

                                  Calmo e confiante, o treinador argentino afirmava que tinha em mãos o melhor elenco do Rio de Janeiro. Mentor inesquecível do time que finalmente chegou ao título carioca de 1966, Alfredo Gonzáles deixou o clube em 1967, ano em que o Bangu foi comandado por Plácido Monsores e novamente ficou com o “vice”.

CAMPEÃO CARIOCA DE 1966

                                Mais de cem mil eram torcedores do Flamengo. Estádio lotado para saber se o Flamengo de Almir seria bicampeão ou se finalmente o Bangu de Paulo Borges levaria o troféu.

                                O Bangu jogou com; Ubirajara, Fidelis, Mário Tito, Luis Alberto e Ari Clemente; Jaime e Ocimar; Paulo Borges, Ladeira, Cabralzinho e Aladim. Este foi o grande time do Campeonato Carioca de 1966 e muito bem dirigido pelo treinador Alfredo Gonzalez. O Flamengo na decisão era um time cheio de problemas técnicos e psicológicos. O técnico Reganeschi escalou a equipe assim; Valdomiro, Murilo, Jaime, Itamar e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho; Carlos Alberto, Almir, Silva e Osvaldo. .

                                Aos 24 minutos do primeiro tempo, Ocimar cobrou uma falta de fora da área e marcou 1×0. Três minutos depois o Bangu aumenta para 2×0 através de Aladim. No intervalo, Almir avisou a todos que estavam no vestiário do Flamengo. “Eles não vão ter volta olímpica”. Foi com esta disposição que o Flamengo voltou para o segundo tempo.

                                 E logo aos três minutos Paulo Borges marcou o terceiro gol. Ele deu um chapéu no zagueiro Jaime para um lado, para o outro e, com a bola ainda no ar, deu um chute violentíssimo, indefensável para o goleiro Valdomiro. A partir deste gol, o Bangu partiria para uma goleada histórica. O time estava bem, contrastando com um Flamengo que mais lembrava um moribundo.

                                Os torcedores rubros negros estavam calados. O placar de 3×0 para o Bangu era um sinal evidente da derrota, pois, além da diferença nos números, o adversário dominava o jogo. Os caminhos da reação pareciam fechados. Vinte e seis minutos e tudo estava na mesma.

                                De repente, o futebol acaba, cedendo lugar a uma das maiores confusões já registradas no maracanã. O lateral Paulo Henrique do Flamengo se preparava para cobrar um lateral quando Ladeira tentou impedir e o provocou. Paulo Henrique respondeu com palavrões e recebeu uma bofetada do atacante do Bangu. Almir estava ligado na partida e disposto a tudo para não aumentar a humilhação. Era demais para uma tarde só. Primeiro, os frangos de Valdomiro, que mais tarde foi acusado pelo próprio Almir de ter se vendido. Depois, as contusões de Carlos Alberto e Nelsinho. Agora, o tapa de Ladeira. Almir perde inteiramente o controle.

                                Partiu, desesperadamente, na direção do Ladeira, que preferiu correr, mas em direção a zaga do Flamengo. Itamar, um negro forte de 1,85 e chuteira 43, pula com os dois pés no peito do atacante, que cai. Almir que vinha correndo chutou sua cabeça. A esta altura, o gramado do maracanã já era palco de uma verdadeira loucura coletiva.

                                Ari Clemente do Bangu vem por trás de Almir e o agride. Imediatamente é cercado por Silva, Itamar e o próprio Almir. A torcida do Flamengo, até então calada com a derrota, resolve agitar suas bandeiras, como se cada soco, cada pontapé, valessem como um gol que o time não conseguiu fazer. E num desabafo começa a gritar – Almir, Almir, Almir.

                                 Ladeira deixa o campo de maca. O juiz Airton Vieira de Moraes conversa com o treinador Reganeschi, que consegue tirar Almir do campo. Mas, quando Almir vai descendo o túnel ouve alguém gritar “Volta Almir. Acabe de vez com a festa deles”. Foi o suficiente. Ele dá meia volta e parte novamente para o gramado. É ameaçado pelo goleiro Ubirajara e lhe dá um soco. É cercado por Ari Clemente, Mario Tito, Luis Alberto e Fidelis.

                                 Almir começa a distribuir socos prá todo lado. Bate e apanha. Silva e Itamar correm em seu socorro. Com muito custo, os policiais conseguem dominar Almir e levá-lo definitivamente para fora do campo. Sua saída lembra um lutador de box deixando o ringue após um combate. Os espectadores se dividem em vaias e aplausos. No meio do campo, o juiz Airton Vieira de Moraes resolve expulsar cinco jogadores do Flamengo: Valdomiro, Itamar, Paulo Henrique, Almir e Silva. E mais quatro do Bangu: Ubirajara, Luís Alberto, Ari Clemente e Ladeira. Futebol não teve mais. Os banguenses deram a volta olímpica com poucos aplausos. A torcida do Flamengo vaiava e gritava o nome de Almir. E assim, de forma lamentável terminou o Campeonato Carioca de 1966.                               

                                Mário Tito encerrou seu vínculo com o Bangu no findar da temporada de 1968. Seu passe foi negociado com o Cruzeiro Esporte Clube por 80.000 cruzeiros. Campeão mineiro de 1969, Mário Tito continuou na “Toca da Raposa” até 1972, ano em que voltou ao cenário carioca para defender o Olaria Atlético Clube.

                                  Em 1975 passou rapidamente pelo Galícia Esporte Clube (BA). No mesmo ano voltou ao Olaria, onde encerrou a carreira como jogador e recusou um convite para continuar como treinador.

Aos 42 anos de idade, Mário Tito assumiu a administração da “Toquinha do Castor”; uma estrutura voltada ao desenvolvimento das categorias amadoras do Bangu.

                                  Realizado, Mário Tito não se limitava aos afazeres comuns do cargo e caprichava nas palestras que oferecia aos garotos, quando contava os feitos da grande equipe que superou o Flamengo em 1966 ao derrota-lo por 3×0 sagrando-se campeão carioca.  

                                  Em 1983 foi convidado para trabalhar como auxiliar técnico no Bangu, mas não permaneceu por muito tempo e logo voltou ao trabalho na “Toquinha do Castor”. Conforme colaboração da filha Mariane Tito, Mário Tito faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 9 de março de 1994.

BANGU – Campeão Carioca de 1966 = Em pé: Mário Tito, Ubirajara, Murilo, Ari Clemente, Fidelis e Jaime     –    Agachados: Paulo Borges, Cabralzinho, Ladeira, Ocimar e Aladim

Em pé: Darci, Fontana, Pedro Paulo, Piazza, Mário Tito e Raul  –    Agachados: Massagista Nocaute Jack, Natal, Zé Carlos, Tostão, Dirceu Lopes e Rodrigues
Em pé: Mário Tito, Ubirajara, Luís Alberto, Ari Clemente, Fidélis e Jaime. Agachados: Membro da Comissão Técnica, Paulo Borges, Araras, Parada, Roberto Pinto e Rezende
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